Sim, mais uma gravação do concerto para violino – fazer o quê, se eu o amo tanto quanto aquele quarto concerto? Cresci ouvindo as maravilhosas gravações de Oistrakh, enquanto conhecia outras não menos belas, como as de Ferras, Menuhin e Stern. Quando chegou Heifetz, a concorrência pareceu liquidada, e eu quase perfurei o CD daquela gravação com Munch de tanto que a escutei. Com o tempo, percebi que não havia concorrência, e sim alternativas ao que propôs o maior de todos os violinistas, e me permiti apreciar outras versões: Kremer, Mintz, Mutter. Aí vi que a turma da interpretação historicamente informada tinha feito uma gravação, mas não conhecia o violinista e, por mais que gostasse de Frans Brüggen regendo Bach e tivesse sua “Die Schöpfung” de Haydn sem parar em meu toca-discos laser, tinha dificuldades de imaginá-lo a conduzir aquela peça que aprendera a ouvir nos andamentos frenéticos do ídolo Jascha. Só muito tempo depois, depois de descobrir a maestria de Brüggen como acompanhador e suas estimulantes leituras para as sinfonias de Beethoven, e de escutar os ótimos registros de Thomas Zehetmair nas sonatas e partitas de J. S. Bach, que enfim me permiti experimentar aquele Op. 61 que deixara por tanto tempo de lado, e…
O que lhes posso dizer foi que me senti um completo idiota por não a ter escutado antes. Chamá-la de impecável, apesar de ser verdade, seria apenas parte dela. Há a um só tempo um senso de concisão e uma serenidade que não consigo comparar a qualquer outra, um acompanhamento tão preciso que faz a Orchestra of the 18th Century soar não como um conjunto, mas sim como um colorido órgão, e uma precisão de entonação e de graça rítmica que fazem Zehetmair me ser inconfundível. Há brilho nas cadenze – outra vez adaptadas daquelas, anabólicas e com tímpanos, que Beethoven escreveu para o arranjo pianístico deste concerto – e vários achados, como a transição do Larghetto para o faceiro rondó final. Escutem-na e, depois, venham juntar-se ao coro a me chamar de completo idiota, de idiota completo.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Romance no. 2 para violino e orquestra em Fá maior, Op. 50
Composto em 1798
Publicado em 1805
1 – Adagio cantabile
Romance no. 1 para violino e orquestra em Sol maior, Op. 40
Composto em 1802
Publicado em 1803
2 – Adagio cantabile
Concerto em Ré maior para violino e orquestra, Op. 61
Composto em 1806
Publicado em 1808
Dedicado a Stephan von Breuning
3 – Allegro ma non troppo
4 – Larghett0
5 – Rondo: Allegro
Thomas Zehetmair, violino
Orchestra of the 18th Century
Frans Brüggen, regência
Vassily
O Opus 61 de Beethoven sempre será bem vindo, por anos reprovava a citada interpretação do Heifetz, mas com o tempo acabei acostumando com ela.
Heifetz como sempre, sendo mais veloz que todo mundo… Gosto da interpretação dele na Kreutzer.
Minhas preferidas são:
Szeryng, melhor que tudo que ouvi…
Oistrakh
Ferras
Repin
Milstein
Schneiderhan (também usa a cadência desta gravação do Zehetmair)
Kogan
Tem muita gravação boa deste concerto, vou ouvir o Zehetmair também, não conhecia…