Vivaldi
Concerti con Molti Instrumenti
Estou quase certo, foi o língua de trapo do Stravinsky que afirmou ter Vivaldi escrito o mesmo concerto quinhentas vezes. Mesmo a mais infame afirmação pode conter uma grama de verdade. A afirmação, se é que houve, se foi exatamente assim, se foi feita pelo próprio Stravinsky, tem que ser considerada no contexto em que teria sido feita. Nos anos trinta havia complicados contextos políticos e sociais envolvidos e o ressurgimento da obra de Vivaldi a deixava superexposta.
O fato incontestável é que Vivaldi é muito bom! Seus concertos seguem sempre o formato allegro – adagio – allegro e duram perto de nove minutos, mas afirmar que são iguais uns aos outros é uma simplificação distorcente. Vivaldi tem imaginação e verve fenomenais. E ele teve no Pio Ospedale della Pietà seu laboratório de experimentos e entre suas alunas musicistas maravilhosas. Concertos para todos os tipos de instrumentos, inclusive alguns raros, que vinham do outro lado dos Alpes, devido às ótimas conexões venezianas com os fabricantes de instrumentos alemães. Além do Ospedale, Vivaldi trabalhou com outras orquestras, como a Orquestra de Dresden, dirigida por seu amigo e aluno Johann Georg Pisandel. Esta orquestra continha uma boa variedade de instrumentos de sopro, assim como a Orquestra da Ópera de Mantua. Por volta de 1720, Vivaldi também supriu música para a grande orquestra mantida em Roma pelo Cardeal Pietro Ottoboni, o grande mecenas das artes. Esta orquestra certamente tinha clarinetes entre seus instrumentos.
Exemplos indubitáveis das mil habilidades de Vivaldi são seus concertos com molti instrumenti. Estes concertos aparecem com frequência nos discos dos experts em música barroca, mas aqui temos algo bastante especial. Dois discos produzidos pelo selo francês Pierre Verany, com o Ensemble Matheus regido por Jean-Christophe Spinozi. O primeiro disco é intitulado Chalumeaux & Clarinettes Integral. Neste disco brilha o solista Gilles Thomé, que não só toca chalumeaux e clarintes, ele também as faz. O chalumeau é assim um parente distante do clarinete e caiu em desuso na medida que o clarinete foi sendo aperfeiçoado. O segundo disco traz concertos com misturas de instrumentos mais comuns como flautas transversa e doce, oboés e fagotes, com os tradicionais instrumentos de cordas e tiorbas, alaúdes, cravos e órgão. Entre os concertos deste disco, não deixe de notar o intitulado “Il Proteo o sia il Mondo al rovescio” e o que foi composto para “Sua Altezza Reale di Sassonia”! Nobres concertos. O título do primeiro concerto – O Mundo Virado de Cabeça para Baixo – refere-se ao violino e o violoncelo alternando-se no solo do concerto no mesmo intervalo tonal. Este disco individual foi postado pelo próprio PQP Bach.
Os músicos tocam instrumentos de época, mas isso não deve afastar nossos queridos leitores que preferem os instrumentos tradicionais. Nada aqui é agressivo ou abrasivo. Pelo menos aos meus ouvidos. Na verdade, se você estiver esperando os trompetes e fanfarras, vai se surpreender com a delicadeza e variedade dos sons. Vá em frente e deleite-se nesta superdose de música barroca italiana, produzida pela imaginação fervilhante do Petre Rosso, o Padre Vermelho!
Antonio Vivaldi (1678 – 1741)
Concerti con Molti Instrumenti, Volume 1
Chalumeaux & Clarinettes – Integrale
- [1-3] – Concerto em dó maior, RV 558 para duas flautas doces, dois chalumeaux, duas tiorbas, dois bandolins, dois violinos “in tromba marina” e violoncelo
- [4-7] – Concerto em si bemol maior, RV 579 – “Funebre”, para dois oboés “sordini”, chalumeau, três violas “alle inglese” e violino
- [8-10] – Concerto em dó maior, RV 555 para duas flautas doces, oboé, chalumeau, dois trompetes, violino, duas “violette inglesi” e dois cravos
- [11-13] – Concerto em dó maior, RV 560 para dois oboés, dois clarinetes, cordas e baixo contínuo
- [14-16] – Concerto em dó maior, RV 559 para dois oboés, dois clarinetes, cordas e baixo contínuo
- [17-19] – Concerto em dó maior, RV 556 “Per la Solennita di S. Lorenzo”, para duas flautas doces, dois oboés, dois clarinetes, fagote, dois violinos, cordas e baixo contínuo
Ensemble Matheus
Gilles Thomé, chalumeau e clarinete
Jean-Christophe Spinosi, solo de violino e direção
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FLAC | 294 MB
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MP3 | 320 KBPS | 136 MB
Antonio Vivaldi (1678 – 1741)
Concerti Con Molti Instrumenti, Volume 2
- [1-3] – Concerto No. 3 em sol menor, RV 577 – “Per l’Orchestra di Dresda”, para violino, dois oboés, duas flautas doces, dois fagotes e orquestra
- [4-6] – Concerto em fá maior, RV 572 – “Il Proteo o sia il Mondo al rovescio”, para violino, duas flautas transversas, dois oboés, cravos, violoncelo e orquestra
- [7-9] – Concerto em ré menor, RV 566 para dois violinos, dois oboés, duas flautas doces, fagote e orquestra
- [10-12] – Concerto em lá maior, RV 585 – “In Due Cori”, para quatro violinos, quatro flautas doces, dois órgãos e duas orquestras
- [13-15] – Concerto em dó maior, RV 556 [2ª. Versão] – “Per la Per la Solennita di S. Lorenzo”, para dois violinos, duas flautas doces, dois oboés, fagote e orquestra
- [16-18] – Concerto em dó maior, RV 557 para dois violinos, dois oboés, duas flautas doces, fagote e orquestra
- [19-21] – Concerto em sol menor, RV 576 – “Sua Altezza Reale di Sassonia”, para violino, oboé, duas flautas doces, dois oboés, fagote, contrafagote e orquestra
Ensemble Matheus
Jean-Christophe Spinosi, solo de violino e direção
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FLAC | 302 MB
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MP3 | 320 KBPS | 157 MB
Veja o que um crítico (quase) anônimo disso no Amazon sobre o primeiro disco: Consacré aux clarinettes et chalumeaux, le volume 1 fait entendre des instruments en buis fabriqués par Gilles Thomé qui en joue ici avec un art consommé. Ecoutez par exemple son poétique dialogue crépusculaire avec le violon de J.C. Spinosi dans le Largo e cantabile du « per la solennita di S. Lorenzo »
O Volume 1 é consagrado aos clarinetes e chalumeaux, instrumentos de madeira fabricados por Gilles Thomé que os toca com arte consumada. Escute por exemplo seu poético diálogo crepuscular com o violino de J. C. Spinosi no Largo e cantabile do “Per la Solennita di S. Lorenzo”
Ele está se referindo à faixa 18 do Volume 1. Baixe o disco e confira!
René Denon
Curioso, meu caro René, como estamos em sintonia, sem termos muito contato, que não seja através de Whattsap. Recém postei aquele pacote de Teleman, que não acabou, onde o alemão também demonstra toda a sua versatilidade compondo para uma diversidade tremenda de instrumentos. E se procurares minhas postagens agendadas, que entram a partir de amanhã, ou quarta, não tenho certeza, entrarão os concertos de Bach para cravo, onde o mestre demonstra toda a sua genialidade compondo para quatro (4) cravos e orquestra, além de suas variantes, como para violino e cravo, entre outras formações. O Barroco realmente é uma caixinha de surpresas, quando mais vezes a abrimos,mais tesouros descobrimos.
Caríssimo fdpbach!! Verdade! A palavra que me ocorre é consonância! O compadre Telemann, que emprestou um de seus nomes a vosso irmão CPE, sempre marca presença na vitrola aqui de casa! A série da CHANDOS, com a turma do Collegium Musicum 90 e o Simon Standage, é excelente! Outra de nossas consonâncias é Mozart, particularmente os Concertos para Piano. Quanto mais Mozart, melhor. O Concerto para quatro cravos de Bach é uma releitura de um concerto de Vivaldi, coisa típica do barroco! Fico feliz com sua mensagem!!
Grande abraço!
RD