Assim como Ravel, Bartók tem uma notável obra sinfônica, mas não compôs “Sinfonias”. O mais próximo que chegou disso foi no belíssimo Concerto para Orquestra e, antes, nas 4 Peças Orquestrais. Os cinco movimentos do Concerto para Orquestra formam uma obra-prima da literatura musical do século XX. Escrito no exílio norte-americano em 1943, foi revisado em 1945 com Bartók já tomado pela leucemia. Mas não pensem numa música triste ou “de morte”. É antes uma composição de fé na humanidade ao final da Segunda Guerra que devastou sua Hungria. Sua estrutura lembra a dos Concerti Grossi barrocos, concertos onde não apareciam ainda um único e grande solista, mas sim vários deles dialogando. A linguagem é moderna e o resultado sensacional.
Bartók escreveu: “O título deste trabalho tem por objetivo de tratar os instrumentos individuais ou grupos de instrumentos de uma forma concertante ou solista. O tratamento “virtuose” aparece, por exemplo, nas seções em fugato do desenvolvimento do primeiro movimento (instrumentos de sopro) ou nas passagens do “perpetuum–móbile” que aparece como o principal tema no último movimento (cordas), e, principalmente, no segundo movimento. Quanto à estrutura, o primeiro e o quinto movimentos são escritos na “forma sonata” de uma maneira mais ou menos regular e o desenvolvimento do primeiro movimento contém seções em fugato para os metais, a exposição no final é um pouco prolongada, e seu desenvolvimento é uma fuga construída no último tema da exposição. Formas menos tradicionais são encontradas no segundo e terceiro movimentos. A parte principal do segundo movimento consiste em um encadeamento de pequenas seções independentes, tocados por instrumentos de sopro introduzido em pares (fagotes, oboés, clarinetes, flautas, trompetes com sordina) . Tematicamente, as cinco seções não têm nada em comum e pode ser simbolizado pelas letras A, B, C, D, E. O trio é um pequeno coral para metais e tambor seguindo as cinco seções, retomadas em uma instrumentação mais elaborada. A estrutura encadeia o segundo e o terceiro movimentos. Três temas são ouvidos sucessivamente, o que constitui o núcleo do movimento que é enquadrado por uma textura nebulosa de motivos mais rudimentares. O material temático deste movimento é derivado da “Introdução” do primeiro movimento. A forma do quarto movimento Intermezzo interrotto pode ser pensado baseado nas letras A, B, A – interrupção – B, A”.
Béla Bartók (1881-1945): Concerto for Orchestra / Orchestral Pieces, Op. 12
1. Bartók: Four Orchestral Pieces Op.12 (Sz 51) – 1. Preludio 6:34
2. Bartók: Four Orchestral Pieces Op.12 (Sz 51) – 2. Scherzo: Allegro 6:12
3. Bartók: Four Orchestral Pieces Op.12 (Sz 51) – 3. Intermezzo: Moderato 5:03
4. Bartók: Four Orchestral Pieces Op.12 (Sz 51) – 4. Marcia funebre: Maestoso 4:57
5. Bartók: Concerto For Orchestra, Sz. 116 – 1. Introduzione (Andante non troppo – Allegro vivace) 9:38
6. Bartók: Concerto For Orchestra, Sz. 116 – 2. Giuoco della coppie (Allegretto scherzando) 6:26
7. Bartók: Concerto For Orchestra, Sz. 116 – 3. Elegia (Andante, non troppo) 7:42
8. Bartók: Concerto For Orchestra, Sz. 116 – 4. Intermezzo interrotto (Allegretto) 4:02
9. Bartók: Concerto For Orchestra, Sz. 116 – 5. Finale (Pesante – Presto) 9:24
Chicago Symphony Orchestra
Pierre Boulez
PQP