Matheus André Reichert
Afinidades Brasileiras
Odette Ernest Dias (flauta)
Elza Kazuko Gushikem (piano)
Considerado o mais notável flautista do Império, o belga Matheus André Reichert (Pays-Pas, 1830-1880) chegou ao Brasil em 1859, contratado pelo Imperador Pedro II. Conhecido e admirado por músicos eruditos como Carlos Gomes, Reichert também desenvolveu suas afinidades com o Brasil, com os seresteiros e boêmios da época. Sua brilhante síntese musical é recuperada aqui pela pesquisa pioneira de Odette Ernest Dias.
Considéré comme le plus remarquable flûtiste de l’Empire du Brésil, le belge Matheus André Reichert (Pays-Pas, 1830-1880) arriva à Rio en 1859, contracté par l’Empereur Pedro Il. Connu et admiré par les compositeurs érudits comme Carlos Gomes, Reichert développa ses affinités avec le Brésil au milieu des musiciens bohêmes des sérénades de l’époque. Sa brillante synthèse musicale est récupérée ici par la recherche pionnière de Odette Ernest Dias.
Matheus André Reichert (Pays-Pas, 1830-1880)
1. Souvenir du Para – Andante elégiaque – Opus 10
“Souvenir”. Saudade. Nostalgia das águas escuras do Amazonas e das paisagens desse Brasil que Reichert palmilhou de Norte a Sul, encantando a todos com a sua “flauta mágica”.
2. Tarantelle – Étude de salon – Opus 3
Aqui Reichert voltou a ser internacional, nesta peça de endiabrado ritmo napolitano. Peça de grande brilho, que faz jus à fama de virtuoso do autor.
3. Rêverie – Opus 17
Novamente a melancolia, o sonho, a saudade, nesta peça dedicada ao seu professor Demeur Charton, outro amante do Brasil.
4. La coquette (A faceira) – Polka de salon – Opus 4
Aqui Reichert declara abertamente seu brasileirismo. O título já vem traduzido. Essa mesma “faceira” aparece copiada à mão nos cadernos dos chorões do início deste século, o que mostra como ela se tornou popular.
5. Martha – Petit morceau de salon – Opus 18
Última obra de Reichert, inspirada num tema da ópera de Flotow, que, curiosamente, na hora da variação, se transforma em um quase … “chorinho”, onde tomamos a liberdade de introduzir o violão brasileiro de Jaime Ernest Dias, … pequena licença musical.
6. Romance sans paroles – Opus 11
No estilo da época, tão expressivo em Mendelssohn, essa “romança” adquire, aqui, uma singeleza toda modinheira.
7. La sensitive – Petite polka de salon – Opus 8
Continuando a tradição dos compositores do séc. XVIII, como Couperin e Rameau, Reichert pinta aqui um retrato musical. “A Sensitiva” mostra bem o que aconteceu à polka européia ao contato com o ritmo brasileiro. Ela aderiu à síncope, ao balanço e à flexibilidade do lundu e do batuque, exemplo maravilhoso de síncope musical.
8. Souvenir de Bahia – Andante pastorale – Opus 12
Aqui parece que Reichert trouxe lembranças mais alegres dessa viagem. A tonalidade do mi Maior nos leva às águas azuis e verdes do mar baiano e ao dengue do seu povo colorido.
Afinidades Brasileiras – 1985
Odette Ernest Dias (flauta) & Elza Kazuko Gushikem (piano)
Faixa 5: Jaime Ernest Dias (violão)
Textos extraídos do LP.
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XLD RIP | FLAC 283,1 MB | HQ Scans 63,5 MB |
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MP3 320 kbps – 130,3 + 63,5 MB – 33,4 min
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Mais outro LP do acervo do musicólogo Prof. Paulo Castagna. Não tem preço !!!
LP de 1985 digitalizado por Avicenna
Boa audição.
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Avicenna
Reichert teve um encontro memorável com Antonio Callado, um duelo da flauta de prata com a flauta de ébano. O público delirava a cada intervenção de um flautista, pena que não foi registrado. Reichert morreu pobre, logo após a partida de Callado. Disco belíssimo, doei todo minha coleção de choro e este disco foi no meio do delírio. Vou baixá-lo, valeu!
Esse LP é fantástico!
Um dos melhores da minha discoteca. Há anos que eu o buscava.
Muito obrigado ao Avicenna pela digitalização e ao PQP por disponibilizá-lo.
Um super abraço!
Obrigado pela presença, Ignácio!
Um abraço,
Avicenna
Vou fazer uma correção: no livro “UM FLAUTISTA BELGA na Corte do Rio de Janeiro, de Odette Ernest Dias, fui a pág. 35 e vi que troquei as bolas. Diz a grande musicista: A amizade entre Reichert e Callado terminou com a morte dos dois em 1880 – Rewichert no dia 15 de março e Callado no diA 20. Num trecho anterior, vejam que beleza: “O resultado dessa amizade, em termos musicais, modificou e beneficiou a linguagem de ambos, e podemos dizer que a linhagem brasileira da flauta saiu desse encontro.” Abs e desculpem pela nossa falha.
Obrigado pelo comentário, Ubirajara.
Um abraço,
Avicenna
Olá, Avicenna,
Muito bom post. Este disco é ótimo. Tenho o mesmo em vinil e agora, graças a você, também tenho em MP3.
Tomo a liberdade de fazer uma sugestão: Como você sabe, neste ano foi comemorado o centenário de nascimento de um dos grandes de nossa Música, Guerra Peixe. Acho que seria uma bonita homenagem ao mestre revalidar os posts contendo sua obra sinfônica, publicados pelo PQP Bach, pois os mesmos não se encontram mais disponíveis para download. São posts de discos raros, não lançados em CD, de forma que, se revalidados, estariam à disposição de todos os seguidores do blog, inclusive dos mais recentes, como eu.
Desde já, agradeço a atenção e desejo a todos vocês Boas Festas e um próspero e feliz 2015.
Cordialmente,
Nilton Maia
Valeu, Nilton.
O responsável neste site por música brasileira contemporânea, entre outros, é o mestre Bisnaga.
Vou enviar sua ótima sugestão a ele.
Um baita 2015! Muita Paz, Saúde e Grana.
Avicenna
Avicenna, Avicenna…what can I say?: WOW!!! You keep digging these rarest treasures of “native” music. Again a discovery of note and also VERY beautifully played! THANKS!!
Jan
Your presence and comments here, Jan, are always welcome!
I wish you have a GREAT 2015 !!
Avicenna
Se me permite, caro Avicenna, postei esse pequeno texto sobre este LP em 2006:
http://blogdochoro.zip.net/arch2006-09-17_2006-09-23.html
Na época, Odette Ernest Dias ficou surpresa com tantos elogios que este disco recebeu. Imagine…
Abraço,
Hélio
Assino em baixo do seu texto, Hélio.
Um feliz 2015 e obrigado pela presença.
Avicenna
Fiquei encantado com essa quinta faixa, Martha – Petit morceau de salon – Opus 18. Esse álbum respira uma serenidade e uma beleza que parecem constar naqueles romances urbanos do José de Alencar, naquelas serestas descritas por Aluísio Azevedo, Lima Barreto… ouvi-las me fez recordar imediatamente esse tempo, duma maneira tão próxima quase que como a tivesse vivido. Enfim, gosto e recomendo muito!
É um dos meus preferidos, também, Marcos.
Um abraço,
Avicenna
Já vi essa senhorinha ao vivo, aos 88 anos ela continua tocando (salvo engano). Muita experiência nas costas!
Maravilha!
Boas lembranças, heim, Pleyel!
É o que vale.
Avicenna