Paulo Gracindo declama a letra de grandes sucessos da música popular brasileira, acompanhado pelo Maestro Gaya.
Coisa sempre espantosa é o fenômeno que representa a força criadora da palavra, quando falada por Paulo Gracindo. E este disco de Paulo Gracindo pode abrir um caminho inédito para a música popular brasileira: o sentido da percepção e recuperação global da LETRA da canção popular.
Eu penso isso porque a verdade mesmo é que quando uma canção qualquer ganha a boca do povo ela acaba por incorporar-se aos mecanismos de automatização do inconsciente de cada um de nós; e de tal ordem e de tal força, que música e letra se tornam um bloco só, monolítico e coeso. E nisso, nessa integração “música + letra”, ou nessa indissocialibilidade de ambas , a LETRA da música acaba perdendo ao poucos sua força e, em algum casos, até anula-se por completo. Quantas vezes a gente mesmo se surpreende cantarolando uma canção conhecida sem sequer reparar no que ela transmite ou quer dizer?
E este disco prova exatamente isso; ele representa não apenas a valorização da estrutura literária contida na canção popular, senão também uma quase descoberta de alguns de seus valores poéticos até então não percebidos pela grande maioria dos ouvintes.
E ninguém melhor para recuperar todos esses valores tantas vezes perdidos que existem dentro de letras conhecidas da canção popular que esse mago da arte de dizer que é Paulo Gracindo.
Paulo Gracindo, a par de ser um dos melhores e mais rigorosamente completos atores do Brasil, é dono de voz privilegiada e famosíssima; não é a toa que desde as inesquecíveis novelas (ou dos auditórios) da Rádio Nacional nos anos 50, a voz de Paulo Gracindo já se incorporou ao patrimônio cultural deste País.
Neste disco, contudo, Paulo atinge a um momento definitivo na arte de sacralizar a palavra que emite; o artista celebra a palavra, dizendo-a com tal emoção, que cada uma por si só já tem quase sua força própria. E todas elas juntas em frases, em versos, em estrofes, quando ditas por Paulo Gracindo, atingem a níveis inesperados em beleza e em liberação de cargas emocionais diversas.
(Ricardo Cravo Albin, 1975 – parcialmente extraído da contra-capa)
Paulo Gracindo diz
01. Meiga presença (Paulo Valdez/Otávio)
02. Chão de estrelas (Sylvio Caldas/Orestes Barbosa)
03. Com açucar, com afeto (Chico Buarque de Hollanda)
04. Prá você (Silvio Cesar)
05. Por causa desta cabocla (Ary Barroso/Luiz Peixoto)
06. O mais que perfeito (Jards Macalé/Vinicius de Moraes)
07. Viagem (João de Aquino/Paulo Cesar Pinheiro)
08. Estrada branca (Antonio Carlos Jobim/Vinicius de Moraes)
09. Valsinha (Vinicius de Moraes/Chico Buarque de Hollanda)
10. Preciso aprender a ser só (Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle)
11. Maria (Ary Barroso/Luiz Peixoto)
12. Suas mãos (Antonio Maria/Pernambuco)
Paulo Gracindo diz – 1975
LP de 1975, emprestado pelo meu amigo Oscar Iskin (não tem preço!) e digitalizado por Avicenna.
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
MP3 320 kbps – 73,2 MB – 34,0 min
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Boa audição.
Avicenna
Agora vai ter sempre poesia no PQP. Acho mais interessante ler poesias do que ouvi-las, desculpe o comentário. O que acontece é que quando se lê poesias, você mesmo terá de imaginar qual é o tom, como se ler. Por outro lado, ouvir poesias é bom para quem tem uma certa dificuldade em lê-las, e também vemos como o autor leria.
Legal! A próxima série do PQP será da obra completa de Guilherme Arantes. Mal posso esperar!
Belíssima postagem! Só quem não conhece Paulo Gracindo poderia questionar a qualidade dessa gravação, que não é música, mas também é arte sonora de primeira qualidade, sem dúvida. Surpreendente e excelente contribuição. Baixando imediatamente.
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Que joia, só mesmo nosso compadre mestre Avicenna com sua generosidade e conhecimento nos traria um coisa tão rara. Muita saúde e paz, Sr. Avicenna! Grande abraço.
São os seus olhos, os seus olhos, Sr. Wellington …
Avicenna
O que tem qualidade não têm idade. Lindo
Valeu, meu caro Roberto !!
Avicenna