A. Ginastera (1916-1983): Quartetos de cordas nº 1, 2 e 3 (Cuarteto Latinoamericano)

“Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, na noite de sexta para sábado, especialmente daquele lugar onde estávamos”, disse recentemente um medíocre e feio Primeiro-Ministro alemão logo após deixar o Brasil, onde passara alguns dias. O político de direita, que aliás é um ardente defensor da guerra em que o seu colega israelense Netanyahou bombardeia crianças aos montes, esse grande representante da civilização alemã também propôs retirar a cidadania alemã de pessoas que protestavam contra Israel.

Apenas uma breve recordação do tipo “assim caminha a humanidade”, momento no qual recordamos o horror que é a Europa, embora esse continente também tenha inventado coisas como o Quarteto de Cordas. Então voltemos nossos olhares para a música do latino-americano Alberto Ginastera. Nascido em Buenos Aires e tendo vivido os últimos anos em exílio quando a Argentina passava por ditaduras, Ginastera teve uma primeira fase mais nacionalista, com melodias folclóricas e ritmos de seu país, seguida por momentos mais experimentais e atonais que ele qualificou de “neo-expressionista” e, nos últimos anos de vida, uma espécie de síntese dessas fases. A trajetória recorda um pouco a de seu contemporâneo Francisco Mignone (1897-1986).

O primeiro quarteto é da fase mais claramente nacionalista e as influências de Bartók também aparecem, só que o sotaque, ao invés de húngaro, é latino-americano. Em todo caso, não há citações diretas de música popular nesse concerto, embora as influências do caldeirão cultural argentino – às vezes recalcadas por gente que olha apenas para o lado europeu das origens, como aliás muita gente no sul do Brasil – estejam sempre lá, com frenéticos momentos que recebem indicações como “Allegro violento ed agitato” e “Allegramente rustico”.

Esse quarteto foi tocado na Alemanha – novamente esse país com tanta gente detestável mas um ou outro que prestam – em 1951, marcando o primeiro sucesso de Ginastera na Europa. Sua reputação mundial cresceu a partir dos anos 1960 com as óperas Don Rodrigo e Bomarzo, além dos concertos para piano (1961 e 1972) e os dois para violoncelo (1968 e 1981).

O segundo quarteto, ainda que com momentos de intensidade rapsódica, passeia por aventuras politonais e microtonais mais intensas. E no terceiro quarteto, na verdade um quinteto com a presença de uma voz de soprano, o compositor musicou poemas de três poetas espanhóis do século XX: Juan Ramón Jiménez, Federico García Lorca e Rafael Alberti.

A. Ginastera (1916-1983): Integral dos Quartetos de Cordas
String Quartet No. 1, Op. 20

I. Allegro Violento ed Agitato
II. Vivacissimo
III. Calmo e Poetico
IV. Allegramente Rustico
String Quartet No. 2, Op. 26 (Revised Version)
I. Allegro Rustico
II. Adagio Angoscioso
III. Presto Magico
IV. Libero e Rapsodico
V. Furioso
String Quartet No. 3, Op. 40
I. Contemplativo
II. Fantástico
III. Amoroso
IV. Drammatico
V. Di Nuovo Contemplativo

Cuarteto Latinoamericano
Recording: 1988, 1990, 1996

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Alberto Ginastera e Leonard Bernstein (1962)

Pleyel

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