Olivier Messiaen (1908-1992): Poèmes pour Mi, Chants de terre et de ciel, La mort du nombre (Barbara Hannigan, Bertrand Chamayou)

Barbara Hannigan é uma das poucas grandes cantoras hoje em atividade que se arriscam nesse tipo de repertório: Messiaen, Schoenberg, Hindemith, Berio…
Uma influência para que ela se aventurasse por esses compositores foi a sua longa parceria musical com o maestro , pianista e compositor holandês Reinbert de Leeuw (1938 – 2020). Neste disco lançado em 2024, Hannigan escolheu o repertório de um compositor bastante associado ao seu antigo parceiro holandês, mas com um novo parceiro, agora um francês… mas deixemos que ela conte a história:

Eu ouvi Bertrand Chamayou pela 1ª vez em um concerto na Maison de Radio France, em Paris. Era 2015 e, esperando minha vez de cantar, pois eu também estava no programa, em esperava na cochia. Bertrand tocava Ravel e eu escutei um legato de um tipo que eu nunca tinha escutado antes. Era líquido e hipnótico. Eu me perguntava como deviam ser os movimentos das suas mãos que eu não via. Como ele fazia para dar ao fraseado uma tal fluidez? Mais tarde naquela noite, nós fomos apresentados e ficamos um tempo conversando, principalmente de cozinha.

Didier Martin, diretor da Alpha Classics, passou por Bertrand por acaso um pouco após aquele concerto, em um café de Paris. Segundo as palavras de Bertrand: “Didier me perguntou o que eu gostaria de tocar com você, e eu respondi espontaneamente: Messiaen”

Didier me repassou essa informação. Ele tinha a sensação de que Bertrand e eu adoraríamos trabalhar juntos e eu segui seu conselho. Na época, meu querido amigo e mentor, Reinbert de Leeuw, acompanhava ainda todos os meus recitais, embora sua saúde já declinasse e nós percebêssemoe que os dias de música juntos não seriam ilimitados. Em 2017, Reinbert e eu fizemos nossa última gravação (Vienna: Fin de Siècle) e nossa última grande turnê de recitais. Era difícil pensar em perdê-lo como amigo e companheiro musical.

Bertrand e eu nos encontramos novamente em Londres em 2019 e, dessa vez, não falamos só de cozinha. Respirei fundo e propus que nós fizéssemos um programa Messiaen. E mãos à obra: animados e nervosos frente ao desafio que nos esperava, nós devíamos primeiro aprender a linguagem dessa música tão particular: o diálogo e o desenvolvimento das tonalidades, a superposição complexa de motivos rítmicos e os diferentes sentidos das palavras. Esses primeiros dias marcaram o início da nossa amizade musical. Nós fomos bastante longe naquelas primeiras 72 horas, encontrando juntos nosso caminho na música. Reinbert de Leeuw disse uma vez; “Messiaen tem uma clareza, o caráter é extremamente pessoal e claro, e se torna natural. Isso se torna logo natural…”
(traduzido do libreto do CD)

Olivier Messiaen (1908-1992):
Chants de terre et de ciel, para soprano e piano
Poèmes pour Mi, para soprano e piano
La mort du nombre, para soprano, tenor, violino e piano*
Barbara Hannigan, soprano
Bertrand Chamayou, piano
Charles Sy, tenor*
Vilde Frang, violino*

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Continuando o estilo “pague um, leve um monte” da postagem de Messiaen da semana passada, aqui estão outras postagens reativadas de obras do francês para piano solo e para órgão:

As 20 olhadelas para o menino Jesus, por Håkon Austbø aqui

As obras completas para órgão por Jennifer Bate, gravadas sob supervisão do compositor – os 6 CDs aqui

O órgão de Olivier Messiaen (1908-1992) ao vivo em Amsterdam – aqui

Olivier Messiaen quando as entradas na testa ainda eram pequenas

Pleyel

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