.: interlúdio :. Miroslav Vitous: Universal Syncopations (Vitous, Garbarek, Corea, McLaughlin, DeJohnette)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Algumas obviedades são muito verdadeiras. Quando você Universal Syncopations, entenderá que música é sobre ouvir. Syncopations é um encontro único de grandes músicos que, além de tocarem com verdadeira maestria, parecem ouvir uns aos outros com atenção e respeito. É uma espécie de democracia auditiva: todo mundo tem a chance de dizer o que quer e, ao mesmo tempo, cada um deixa o outro falar. No entanto, Vitous representa a espinha dorsal dessa conversa democrática. Ele está sempre sugerindo o assunto. Ele não impõe, ele propõe. É inútil dizer que Vitous é um mestre orador. Seu discurso não é alto, mas suave e claro e, acima de tudo, imaginativo e habilidoso. Vitous constrói um equilíbrio perfeito entre as virtudes harmônicas e melódicas do baixo. E DeJohnette é um monstro a auxiliá-lo a manter o ritmo. A banda é um bando de veteranos astutos — hoje alguns já morreram — que conversam e colaboram com declarações curtas, mas incisivas e graciosas. A cota de Jan Garbarek talvez seja maior. A incursão inusitada de seu sax é um dos destaques de Universal Syncopations. Já Chick Corea, por sua vez, permanece bastante discreto. Ele diz isso ou aquilo e depois volta ao silêncio. O mesmo acontece com o guitarrista John McLaughin, que parece dizer “olha, eu acho que…” e então se cala. Mas o início de seu pensamento vale a pena ser ouvido com atenção… Por outro lado, o repertório se tece como uma suíte, orgulhosa representante da estética ECM. É mais uma atmosfera audível do que apenas uma sessão de gravação de um grupo de velhos amigos. A foto da capa do disco mostra um misterioso céu noturno adornado com nuvens brancas tracejadas. Se tal imagem pudesse fazer som, as Universal Syncopations de Vitous chegariam direto aos nossos ouvidos, conversando e nos deixando saber porque a música é, apenas, uma questão de ouvir.

Miroslav Vitous: Universal Syncopations (Vitous, Garbarek, Corea, McLaughlin, DeJohnette)

1 Bamboo Forest 4:35
2 Univoyage 10:48
3 Tramp Blues 5:15
4 Faith Run 4:50
5 Sun Flower 7:16
6 Miro Bop 3:59
7 Beethoven 7:13
8 Medium 5:06
9 Brazil Waves 4:26

Double Bass, Written-By – Miroslav Vitous
Drums – Jack DeJohnette
Guitar – John McLaughlin
Piano – Chick Corea
Soprano Saxophone, Tenor Saxophone – Jan Garbarek
Trombone – Isaac Smith (faixas: 2 to 4)
Trumpet – Wayne Bergeron (faixas: 2 to 4)
Trumpet, Flugelhorn – Valerie Ponomarev* (faixas: 2 to 4)
Written-By – Jack DeJohnette (faixas: 8), Jan Garbarek (faixas: 7, 9)

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Miroslav Vitous serrando um contrabaixo

PQP

3 comments / Add your comment below

  1. Na minha adolescência, lá se vão 40 anos, eu ouvia tudo da ECM que chegava no Brasil. Miroslav Vitous, Jan Garbarek, Gary Burton, Ralph Towner, Terje Rypdal, Eberhard Weber, Charlie Haden, John Surman, Par Metheny, George Adams, George Gruntz… Hoje não consigo ouvir quase nada disso. Sobraram Keith Jarrett, uma fase específica de Egberto Gismonti, as Children songs de Chick Corea, dois ou três álbuns de Jack deJohnette e pouca coisa mais. Vitous é um contrabaixista muito competente, mas sua música, como de resto a maior parte do “som ECM”, tem um pé, às vezes os dois, no “new age”.

Deixe um comentário