Domenico Scarlatti
Sonatas
Wolfram Schmitt-Leonardy
Como uma personagem de Virginia Wolf, Domenico Scarlatii viveu duas vidas em uma. Até seus quase quarenta anos seguiu o modelo e imposições de seu pai, Alessandro Scarlatti, compositor de óperas napolitano. A música que produziu nesta vida – essencialmente óperas e música litúrgica sacra, não é má (há um disco de John Eliot Gardiner regendo o famoso Monteverdi Choir no qual você pode ouvir um Stabat Mater), mas não chega levantar a plateia. A morte de um Scarlatti permitiu o nascimento (ou o renascimento) do outro. Domenico, ou Domingo, como viria a ser conhecido em sua nova vida, deixou seu cargo como Diretor Musical da Basílica de São Pedro, onde trabalhava para o Cardeal Ottoboni e também servia a Rainha da Suécia, e rumou para o Oeste!
Podemos mudar de vida, mas certos hábitos são do tipo ‘die hard’. Domingo Scarlatti foi servir a Casa Real de Portugal e ficou encarregado de dar lições de cravo para a Princesa Maria Bárbara de Bragança. A garota era longe de ser bonita e seria feia caso não fosse princesa, mas era ótima aluna e se tornou Rainha da Espanha. Tudo isso para nossa (e de Domenico) sorte. Pois que o marido dela, Fernando, também apreciava a música.
Como parte da entourage do casal real, Scarlatti teve sua subsistência para lá de garantida – morou em linda casa em Madri e a rainha também lhe socorria quando havia problemas devido aos pecadilhos dos jogos. Ele chegou mesmo a ser Cavaleiro da Ordem de Santiago, que lhe garantia o direito de usar roupas de veludo e seda, assim como anéis, colares e até mesmo um chapéu também de veludo.
Este luxo todo foi recompensa pela criatividade que desabrochou neste novo Scarlatti e o fez produzir mais de 500 sonatas – uma novidade após a outra. Incrementadas por sabores e sons de Espanha, elas deram ar da graça em 1738, quando trinta delas foram publicadas e depois republicadas em Londres, com mais doze acrescentadas ao lote.
Toda essa obra foi preservada em cópias lindamente manuscritas e encadernadas com capas de couro, a mando da Rainha. Essa verdadeira música de Scarlatti nunca deixou de encantar os apaixonados pela música de teclado, Frederico Chopin sendo um deles, e eu adoro ouvi-las interpretadas ao piano, como é o caso neste álbum mesmo espetacular. Ouça as três primeiras sonatas do disco e terás uma perspectiva do que está pela frente… Uma faixa melhor do que a outra. Se fores ouvir uma só, para alegrar seu dia, ouça a faixa No. 7, que aqui chamamos ‘A Espivetada’. E se estiver sobrando mais um tempinho, e precisares de um bom momento de reflexão, vá para a faixa No. 12, a Sonata Reflexiva!
O pianista Wolfram Schmitt-Leonardy gravou álbuns para o selo Brillant com música de Chopin e Schumann e Brahms, entre outros. Este disco com música de Scarlatti é o primeiro que eu ouço, mas fiquei animado para conhecer mais suas interpretações. Os Prelúdios de Chopin estão já na minha lista de futuras audições…
Domenico Scarlatti (1685 – 1757)
- Sonata K. 1 em ré menor
- Sonata K. 32 em ré menor
- Sonata K. 33 em ré maior
- Sonata K. 87 em si menor
- Sonata K. 29 em ré maior
- Sonata K. 27 em si menor
- Sonata K. 427 em sol maior
- Sonata K. 132 em dó maior
- Sonata K. 98 em mi menor
- Sonata K. 135 em mi maior
- Sonata K. 162 em mi maior
- Sonata K. 208 em lá maior
- Sonata K. 39 em lá maior
- Sonata K. 322 em lá maior
- Sonata K. 455 em sol maior
- Sonata K. 95 em dó maior
- Sonata K. 466 em fá menor
Wolfram Schmitt-Leonardy, piano
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FLAC | 213 MB
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MP3 | 320 KBPS | 180 MB
Wolfram Schmitt-Leonardy was born in Saarlouis, Germany, in 1967, and his first important teacher was a student of Walter Gieseking and Edwin Fischer. His quintessentially pianistic approach to Scarlatti exploits all the colouristic possibilities of a modern grand, while articulating the quick sonatas with sparkling deftness of touch.
Sparkling and touching!
Aproveite!
René Denon