Com um sorriso de compreensão ao nada descortês Revoltado dos comentários do último post de Sonatas de Mozart, passo a fazer algumas postagens de Haydn. Este CD é uma curiosidade: trata-se de uma gravação antiga, era de meu pai e teoricamente deveria ser ruim, por ser da brasileira Movie Play… Vocês sabem que os maestros Duvier e Pitamic talvez nem tenham existido! Só que amo as sinfonias deste CD, a qualidade de som é muito boa (no Filósofo, depois piora), acho as interpretações excelentes e é esta a versão que prefiro (do Filósofo). Tentei várias outras: a de Bernstein, a do Orpheus Chamber Orchestra e as de outras orquestras e regentes. Nada feito. O cedezinho da Movie Play é imbatível em meu coração avesso à grifes. Segundo o opúsculo de Peter Gammond – com o qual concordo – Haydn teria sido tão grande quanto Mozart se tivesse sido mais infeliz. Só quando teve um contrato a cumprir é que ganhou aquela pitada de drama que o fez criar suas monumentais últimas sinfonias. O estresse fez-lhe um bem imenso. Só um homem com um coração duro como pedra é capaz de compor coisas tão incondicionalmente sorridentes e luminosas quanto algumas de suas obras. Adoro Haydn. Ouço demais suas Missas. O apelido “O Filósofo” para a Sinfonia No. 22 é um dos mais intrigantes e discutidos da história da música. A resposta não é simples, pois Haydn não deu esse título à obra. Ele surgiu posteriormente e é amplamente aceito que se deve a uma combinação de fatores estruturais e atmosféricos. A sinfonia começa com um movimento lento (Adagio), o que era extremamente incomum para uma abertura de sinfonia no período clássico inicial. As sinfonias normalmente abriam com um movimento rápido e energético. Este Adagio solene e contemplativo imediatamente estabelece um caráter sério, pensativo e “filosófico”. É uma sinfonia tão boa que até o minueto é legal! Já “A Galinha” e “O Urso” têm seus apelidos justificados pela própria música e não precisamos explicar nada.
F. J. Haydn (1732-1809): Sinfonias Nros. 22, “O Filósofo”, 82, “O Urso”, e 83, “A Galinha” (Duvier, Pitamic)
Symphony No.22 In E Flat ‘The Philosopher’
1 Adagio 6:41
2 Presto 3:11
3 Menuetto 3:10
4 Finale: Presto 3:24
Symphony No.82 In C Major ‘L’Ours’
5 Vivace Assai 8:09
6 Allegretto 7:13
7 Menuetto 4:47
8 Finale: Vivace Assai 4:08
Camerata Romana
Eugen Duvier
Symphony No.83 In G Minor ‘La Poule’
9 Allegro 7:22
10 Andante 8:50
11 Menuetto 4:17
12 Finale: Vivace 3:47
Süddeutsche Philharmonie
Alexander von Pitamic

PQP
“Haydn teria sido tão grande quanto Mozart se tivesse sido mais infeliz.”Caríssimo, seria por este ângulo Falstaff inferior a Otello? A comédia estará realmente um passo atrás da tragédia? Dizem alguns, aqueles que se encontram no extremo oposto ao seu, que Haydn foi superior a Mozart por não só dizer coisas que tocam o sentimento humano, mas sim o de toda a Natureza. Porém eu estou naquele grupo que não sabe bem a altura dos gênios; além das nuvens, não enxergo nada.
Uma frase de efeito vale pelo escândalo que produz…PQP Bach.
Põe o Concerto para Violino do Barber!
“(…)Só um homem com um coração duro como pedra é capaz de compor coisas tão incondicionalmente sorridentes e luminosas(…).Geralmente quem tem “coração duro como pedra” não é receptivo nem criativo. Creio que isso não se aplica a Haydn.
A propósito, teria como disponibilizar os quartetos Op.18 de Beethoven?
“(…)Haydn teria sido tão grande quanto Mozart se tivesse sido mais infeliz.”Sem dúvida, frustrações e desgostos serviram a muitos compositores como “motor” para criarem. Mas esse “entendido em Haydn” ignora os estados de felicidade, alegria e amor a vida e ao trabalho.”(…) Só quando teve um contrato a cumprir é que ganhou aquela pitada de drama que o fez criar suas monumentais últimas sinfonias.”E as anteriores? Por não serem dramáticas são menos valiosas? O mesmo para o restante da obra? “O estresse fez-lhe um bem imenso”Como se Haydn fosse um boa-vida que fazia tudo quando bem entendia. Esqueceu-se de que ele era servo de nobres e,além de compor e reger peças para a nobreza, tinha de se preocupar com preparo dos músicos, administração dos assuntos relativos à música na corte, aguentar calado os caprichos e mau-humores de seus senhores (ao contrário de Mozart, que mandava tudo e todos às favas), e até com a aparência dos membros da orquestra cabia a ele (se estavam sóbrios, bem barbeados, vestidos de acordo com a circunstância etc.)Claro que devia ter camareiros e ajudantes, mas ainda assim, quem respondia era ele. Em miúdos, estresse é o que não faltava. Dúvidas? Leiam “Uma Nova História da Música” de Otto Maria Carpeaux (recentemente publicada pela Ediouro com o título “O livro de ouro da Música”).
Imagina se não!? Tenho planejada uma estranha integral dos Quartetos de Beethoven. Começa com um quarteto e termina com outro. Sander, talvez devesse dizer “Só um homem verdadeiramente esquizofrênico…”. Seria ainda mais surpreendente e mentiroso…Abraços.PQP Bach.
Barber fica para um pouquinho depois. Já tenho empacotados um monte de CDs de Mahler, Shosta, Brahms, Bux, Schubert e ainda tem os quartetões do Sander.A coisa aqui é lenta, a não ser que o FDP ou a Clara resolvam o caso antes.Abraço.
O Gammond conhece as sinfonias Sturm und Drang do mestre de Rohrau? Em caso negativo, mande-o baixar imediatamente, aqui mesmo, a monumental série produzida por Pinnock!