Hiroshima, Ano 80 – A Música dos Hibakusha [Dan – Hayashi – Hosokawa – Kawasaki – Kōjiba – Ōki – Takemitsu – Yamamoto]

6.8.1945
8:15
[Foto do autor]

No dia em que lembramos os oitenta anos da estreia da mais avassaladora obra-prima da psicopatia humana, não tentarei evocar a hecatombe daquela manhã de verão em Hiroshima. Minha voz jamais voaria tão alto e, ademais, duvido de que haverá um humano sequer, de qualquer ofício, capaz de pintar com total acurácia o variado buffet servido pela Morte em 6 de agosto de 1945. Dito isso, e enquanto me equilibro entre o dever doloroso de recordar a miséria sem precedentes trazida pelo ataque criminoso e o anseio por que ela nunca mais se repita, chamarei a atenção dos leitores-ouvintes para algumas obras dedicadas a seus sobreviventes por compositores japoneses.


I – FANTASMAS
Era uma procissão de fantasmas.
Roupas queimadas num instante. Mãos, rostos e peitos incharam; bolhas roxas logo estouravam e a pele pendia como trapos.
Uma procissão de fantasmas, com as mãos estendidas à frente. Arrastando a pele dilacerada, caíram exaustos, amontoando-se uns sobre os outros, gemendo e morrendo.
No centro da explosão, a temperatura atingiu 6.000 graus. Uma sombra humana foi gravada em degraus de pedra. O corpo daquela pessoa vaporizou? Foi levado pelo vento? Ninguém nos conta como era perto do hipocentro.
Não havia como distinguir um rosto carbonizado e cheio de bolhas do outro. As vozes ficaram ressecadas e roucas. Amigos diziam seus nomes, mas ainda não se reconheciam.
Um bebê solitário dormia inocentemente, com uma pele linda. Talvez tenha sobrevivido, abrigado pelo seio da mãe. Esperamos que pelo menos esta criança desperte para continuar vivendo.
[1950]

Chamadas em japonês de hibakusha, essas centenas de milhares de pessoas carregariam pelo que lhes restou das vidas não só as escaras físicas do calor e da radiação de Little Boy, como também a culpa dos sobreviventes – o remorso de serem as gotas vivas no meio dum mar de mortos – e um sem-fim de estigmas: aos olhos dos preconceituosos, seriam radioativos e malditos, contagiosos e letais. Isso tudo, somado à rigorosa censura imposta pela potência vitoriosa – antes bombardeante, depois ocupante -, manteve por muitos anos sob mordaça a voz dos hibakusha. As primeiras cerimônias em memória às vítimas eram feitas em silêncio quase total, interrompido brevemente por orações apenas balbuciadas. Com o tempo, e enquanto se recriavam as popularíssimas associações corais que tomaram de assalto o Japão a partir da abertura de seus portos na metade do século XIX, esses eventos passaram também a incluir canto, ainda que simbolicamente amordaçado –  como na letra da “Canção da Paz de Hiroshima”, que parece falar de qualquer coisa, menos duma desgraça infligida pelo homem a humanos:


Onde nuvens brancas flutuam –
Até os confins do céu, de leste a oeste
Ecoa no alto o som do Sino da Paz.
Pois agora nos levantamos bravamente
E aqui construímos nosso futuro próspero.
De onde crescem ondas azuis
Até os confins do mar, de sul a norte,
Ecoamos nossas preces por toda parte
Ao som do Sino da Paz.
Pois agora superamos nossas dificuldades
E daqui olhamos para o futuro
Onde os ventos frescos e brilhantes sopram
Até os confins do Japão e para nossos amigos no exterior
Ecoamos nossa vontade fervorosa
Ao som do Sino da Paz
Pois aqui cantamos em harmonia
E agora estendemos nossas mãos”

[traduzido livremente pelo autor]


II – FOGO
“‘Pikah!’ [onomatopeia japonesa para ‘clarão’] Um forte clarão azul-esbranquiçado. A explosão, a pressão, a tempestade de fogo — nunca na Terra ou no Céu a Humanidade havia experimentado tal explosão. Chamas irromperam no instante seguinte e saltaram para o céu. Quebrando o silêncio sobre as ruínas sem limites, o fogo rugiu.
Alguns jaziam inconscientes, presos por vigas caídas. Outros, recuperando os sentidos, tentavam se libertar, apenas para serem envolvidos pelas chamas carmesim.
Cacos de vidro perfuravam barrigas, braços eram torcidos, pernas se dobravam, pessoas caíam e eram queimadas vivas.
Abraçando seu filho, uma mulher lutava para se libertar de debaixo de um poste caído.
‘Depressa! Depressa!’, gritou alguém. ‘É tarde demais.’ ‘Então nos entreguem a criança.’ ‘Não, corra você. Eu vou morrer com minha filha. Ela ficaria vagando só pelas ruas.’
A mulher empurrou as mãos que a ajudavam e foi consumida pelas chamas.”
[1950]

Foi somente com o final da ocupação estrangeira, em 1952, que a mordaça foi afrouxada. As memórias dos hibakusha começaram, por fim, a vir à tona com a dor e a indignação devidas – dentro, por óbvio, das proporções possíveis a uma cultura que promove tanto o estoicismo quando o asco pela derrota. Enquanto as cerimônias em memória às vítimas passavam a lembrar do ataque e seus horrores, alguns hibakusha saíam reticentemente do ostracismo para compartilhar suas experiências com audiências a cada ano maiores, mais jovens e, por isso, mais alijadas de suas memórias do ataque a Hiroshima. Cada vez maiores, também, eram os grupos convidados a cantar nas cerimônias, e esse contexto levou, naturalmente, a que a música coral predominasse entre as primeiras composições dedicadas à memória do 6 de agosto.

A mais célebre entre elas, e merecidamente, é a suíte Genbaku Shokei (“Cenas da Bomba Atômica”), composta pelo toquiota Hikaru Hayashi em três movimentos em 1958 e concluída, com a adição do quarto movimento, apenas em 2001. Pondo em música poemas da coletânea homônima do hibakusha Tamiki Hara (1905-1951), que vagou por dias pela cidade devastada, essas “Cenas” são especialmente tocantes na simplicidade crua de seu primeiro movimento, Mizu o kudasai (“Me dá água”), que evoca as cenas dantescas de moribundos, com a pele esfarrapada, arrastando-se até os sete rios de Hiroshima para tentar saciar sua sede mortal. O texto, escrito em japonês fragmentário e com o silabário katakana, reservado a telegramas e palavras estrangeiras, faz suarem até os mais secos dos olhos:


Me dá água
Ah, me dá água
Me deixa beber
Morrer seria melhor
Morrer seria
Aaah
Ajuda ajuda
Água…
Água
Alguma
Alguém
Oh oh oh oh oh
Oh oh oh oh oh

O céu partiu ao meio
A cidade sumiu
O rio
Está correndo…

[traduzido livremente pelo autor]


III – ÁGUA
“Havia montanhas de cadáveres, com cabeças empilhadas no centro do monte. Estavam empilhados de forma que seus olhos, bocas e narizes pudessem ser vistos o mínimo possível.
Em um monte ainda não cremado, o globo ocular de um homem se movia e observava. Ele ainda estaria vivo? Ou um verme teria mexido em seu olho morto?
Água! Água! Pessoas vagavam por ali, procurando água. Fugindo das chamas, clamando por água para molhar seus lábios moribundos. Uma mãe ferida com seu filho fugiu para a margem do rio. Ela escorregou em águas profundas, se arrastou pelas águas rasas. Correndo enquanto o fogo violento engolfava o rio, parando de vez em quando para molhar o rosto, ela continuou correndo até finalmente chegar a este local. Ela ofereceu um seio ao filho, apenas para descobrir que ele havia dado seu último suspiro.
A imagem do século XX de Nossa Senhora e o Filho: uma mãe ferida embalando seu bebê morto. Não é uma imagem de desespero? Mãe e filho devem ser, devem ser, um símbolo de esperança.”
[1950]

Numa escala muito maior, as composições de Masao Ōki usam vastos recursos corais e orquestrais para responder à inspiração trazida pelos artistas hibakusha. Sua imensa cantata Ningen o kaese (“Devolvam-nos a Humanidade”), em duas partes, faz jus aos indignados versos do poeta Sankichi Tōge (1917-1953), um ativista que nunca mediu palavras para descrever tanto as consequências macabras do ataque quanto seu ódio profundo por seus perpetradores:

Vocês, meninas,
chorando mesmo sem ter de onde virem as lágrimas;
gritando mesmo sem ter lábios para formar palavras;
lutando mesmo sem ter pele nos dedos para agarrar
qualquer coisa dentro de vocês, meninas.
Seus membros se contraem, escorrendo sangue, suor gorduroso e linfa;
seus olhos, fendas inchadas, rebrilham brancos;
apenas os elásticos de suas calcinhas seguram suas barrigas inchadas;
vocês estão completamente além da vergonha,
mesmo com suas vergonhas expostas:
quem poderia imaginar que há pouco tempo todas vocês eram lindas colegiais?
Emergindo das chamas que tremulavam sombriamente na Hiroshima queimada,
não mais vocês mesmas,
vocês correram para fora,
rastejaram uma após a outra,
lutaram para chegar até este descampado,
em agonia deitaram suas cabeças,
carecas, exceto por alguns fios de cabelo, no chão.
Por que vocês devem sofrer assim?
Por que vocês devem sofrer assim?
Por qual motivo?
Por qual motivo?
Vocês, meninas, não sabem o quão desesperadora é a sua condição,
o quanto vocês se transfiguraram em relação ao humano.
Vocês estão simplesmente pensando,
pensando naqueles que até esta manhã
foram seus pais, mães, irmãos, irmãs
(algum deles as reconheceria agora?)
e nas casas em que vocês dormiram, acordaram, comeram
(naquele instante, as flores da cerca viva foram arrancadas;
agora nem mesmo suas cinzas foram encontradas),
pensando, pensando
enquanto estão deitadas ali entre amigas que,
uma após a outra,
param de se mover,
pensando em quando vocês eram, meninas,
seres humanos.

[traduzido livremente pelo autor]


IV – ARCO-ÍRIS
“Um soldado nu estava de pé, apenas com suas botas e espada. Jovens soldados com braços quebrados e pernas esmagadas. Os feridos corriam sem rumo, com a pele esfarrapada coberta por cobertores.
Não havia som algum, apenas um silêncio mortal. Então, um soldado enlouquecido apontou para o céu e gritou repetidamente: ‘Um avião! Um B-29!’. Não havia sombra de avião à vista. Cavalos feridos, cavalos frenéticos, corriam descontroladamente.
Aviadores americanos, que vieram bombardear o Japão, haviam sido capturados e colocados em um quartel em Hiroshima. A bomba atômica matou amigos e inimigos. Dois soldados jaziam encolhidos na estrada perto do domo, com os pulsos ainda algemados.
A fumaça e a poeira sopradas para o alto formaram uma nuvem, e logo grandes gotas de chuva caíram do céu, que antes estava limpo. Um arco-íris arqueava-se sobre este domo enegrecido. O arco-íris de sete cores brilhava intensamente.”
[1951]

Nascido dez anos depois do ataque, Toshio Hosokawa teve educação musical esmerada em seu país e na Alemanha. Quando retornou ao Japão, no trigésimo aniversário do bombardeio, chocou-se com a teimosa, envergonhada relutância de sua família e de seu país em tocarem no assunto. Em resposta a essa opressão do silêncio, produziu dois réquiens para quebrar o silêncio em seu derredor: o Réquiem de Hiroshima (1989-92) e o oratório Koe Nakigoe (“A Voz dos Sem Voz”, 1989-2001), em homenagem aos hibakusha perpetuamente degredados à mordaça em sua cidade natal.


V – MENINOS E MENINAS
“Elas jaziam mortas em montes ao longo da margem do rio, com as cabeças apontando para a água que procuravam. Ao chegarem ao rio, a água permaneceu fora de alcance, abaixo da margem íngreme, e elas morreram sem saciar a sede. Crianças em idade escolar foram mobilizadas para ajudar a construir aceiros. Muitas turmas foram completamente aniquiladas. Duas irmãs seguravam as figuras transformadas uma da outra. Outras meninas morreram sem um único arranhão no corpo. Quando viu esta pintura, um carpinteiro que havia sido exposto à bomba nos disse: ‘Minha filha é a única sobrevivente de sua turma. Mas seus dedos foram torcidos e queimados, seu rosto se fundiu à garganta e ela não consegue andar. Seu corpo não cresceu desde então, quando ela tinha treze anos.’
[1951]

Com a reconstrução de Hiroshima e o restabelecimento de suas casas de concerto e seus conjuntos orquestrais, a música instrumental também passou a prestar tributos aos hibakusha. Masaru Kawasaki tinha 21 anos quando a sorridente tripulação do Enola Gay pulverizou sua cidade. Apesar de estar a menos de dois quilômetros do hipocentro da explosão, ele sobreviveu, com sequelas que trataria até o final da vida. Dedicou-se principalmente ao repertório para banda sinfônica e foi o primeiro compositor hibakusha a ver sua obra popularizada: um triunfo considerável sobre o estigma e o preconceito. Sua série mais conhecida, Inori no kyoku dai (“Música de Oração”), é bastante executada no Japão, e sua primeira peça, “Dirge”, composta em 1975 e estreada no trigésimo aniversário do ataque, tem feito parte de todas as cerimônias de 6 de agosto desde então.


VI – DESERTO ATÔMICO
“Nada para comer, nenhum remédio. Nenhum abrigo contra a chuva. Sem eletricidade, sem jornais, sem rádio, sem médicos. Larvas se reproduziam em cadáveres e feridos, nuvens de moscas zumbiam e enxameavam. O cheiro de cadáveres pairava no vento.
As pessoas não estavam apenas feridas fisicamente, seus espíritos também estavam profundamente feridos.
Uma mulher, sem se importar em cobrir sua pele esfarrapada, procurou seu filho. Ela vagou por dias a fio.
Ainda hoje, ossos humanos são às vezes desenterrados em Hiroshima.”
[1952]

Entre todas as obras que ora lhes apresento, compiladas ao longo de quase três décadas e resgatadas de meios tão diferentes quanto cassetes, rolos, CD-Rs e DVDs, aquelas da hiroshimense Tomiko Kōjiba estão as que mais me agradam. Sua Trilogia de Hiroshima, composta pelo Réquiem de Hiroshima, pela suíte Sete Perfis Intocados (expressão de sua vontade de retratar o caráter dos hibakusha duma maneira que resistisse à erosão do esquecimento) e por O Futuro a 4000 ºC (referência à temperatura sob o hipocentro nos primeiros segundos após a explosão) atestam sua fascinante originalidade, cujos frutos, infelizmente, não nos chegam tão frequentemente aqui nestes rincões tão tristes.


VII – BAMBUZAL
“Muitos se abrigaram em um bambuzal. — Não foi um terremoto, mas o que foi? — Poderia ter sido um conjunto de bombas incendiárias? — Foi uma bomba, não, um raio da morte. — De qualquer forma, houve um clarão — pikah! — e depois um trovão estrondoso — don! — Não. Em Hiroshima, não ouvimos nenhum trovão. Foi tão grande que houve apenas um clarão.
Eles continuaram falando sobre aquele momento. Havia muitos bambuzais nos arredores de Hiroshima, e a bomba atômica queimou o bambu de um lado. Os moradores de rua se abrigaram nos bambuzais. E um por um, deram seu último suspiro.
As pessoas nos chamavam por socorro, mas não tínhamos coragem de ir até elas. Não havia mais espaço para os feridos em nossa casa.
Sob a Ponte Mitaki, havia uma pilha de cadáveres. Uma pessoa agachada ali parecia estar viva, mas não conseguimos determinar sua idade ou sexo. Na manhã de 26 de agosto, a cabeça da pessoa caiu para a frente e ela morreu. A bomba foi lançada em 6 de agosto, então essa pessoa suportou em silêncio por vinte dias. Não havia ninguém para se livrar desses corpos, e eles não foram removidos até que um tufão os arrastou para o mar em setembro.””
[1954]

Muito mais projeção tem a obra de Ikuma Dan, compositor de origem aristocrática, descendente duma longa linhagem de samurais, que viveu uma grande parte de sua vida na China, onde viria a falecer. Dan gravou a integral de suas sinfonias com orquestras europeias, e a sexta delas, intitulada Sinfonia Hiroshima, combina elementos composicionais europeus e japoneses, alguns mesmo em tom de pastiche, e incorpora dois  instrumentos tradicionais – o nōkan e o shinobue, respectivamente um flautim e uma flauta de bambu – a uma grande massa orquestral da qual, sublimemente, emerge também a voz duma soprano.


VIII – RESGATE
“Os incêndios queimavam sem parar.
Pessoas do campo vieram em busca de parentes e os levaram para fora da cidade. Muitos morreram no caminho.
Longas filas se formaram para receber rações. Uma menina morreu perto, ainda segurando sua porção de biscoito.
Cacos de vidro estavam incrustados nos corpos dos pais do marido da nossa irmã. Seus tornozelos incharam tanto quanto suas coxas. Eles haviam se refugiado em nossa casa, e decidimos levá-los para o filho mais velho. Colocamos os dois em uma carroça e a puxamos até Kaita, passando pelo centro da explosão. Uma chuva fina caía.
Depois da bomba, choveu com frequência em Hiroshima. Mesmo sendo agosto, um dia frio se seguiu ao outro.
Alguém nos disse em meio a soluços: ‘Abandonei minha mãe. Gritei: ‘Perdoem-me!” No esforço frenético para escapar, esposas e maridos tiveram que se abandonar, pais tiveram que abandonar seus filhos.
Muitos dias se passaram antes que a ajuda humanitária fosse organizada.”
[1954]

Concluo meu tributo aos hibakusha com outra obra de Masao Ōki: sua Quinta Sinfonia, intitulada Genbaku (“Bomba Atômica”) e conhecida mais simples e amplamente como Hiroshima, foi inspirada nos oito primeiros Painéis de Hiroshima – exatamente as pinturas que ilustram essa publicação. Ōki também foi um prolífico compositor de trilhas sonoras para filmes, atendendo tanto à demanda por romances escapistas quanto a épicos sobre samurais, passando ao largo de temas nucleares. A censura das forças de ocupação e a complicada relação da sociedade japonesa com o legado da guerra explica o pequeno número de produções do país dedicadas aos hibakusha. A mais importante delas, surgida quarenta e cinco anos depois do ataque, foi sem dúvidas Kuroi Ame (“Chuva Negra“, 1989), de Shōhei Imamura (não confundir com a tolice homônima lançada no mesmo ano, estrelada por Michael Douglas), para cuja trilha sonora o mestre Tōru Takemitsu forneceu duas peças baseadas em seu Réquiem para Cordas (1957), e que acabou por lhe inspirar uma peça original, que recebeu o nome do filme e encerra esta nossa homenagem.


HIROSHIMA, ANO 80

Minoru YAMAMOTO (1912-1996)
Poema de Yoshio Shigezono

1 – Canção da Paz de Hiroshima

Coral e Banda Sinfônica da Cidade de Hiroshima


Hikaru HAYASHI (1931-2012)
Poemas de Tamiki Hara (1905-1951)

Cenas da Bomba Atômica
(1958-2001), para coro
2 – Me dá água
3 – Crepúsculo
4 – Noite
5 – Verde perene

Ensemble PVD
Hiroki Fujii, regência


Masao ŌKI (1901-1971)
Poemas de Sankichi Tōge (1917-1953)

“Devolvam-nos a Humanidade”, cantata para solistas, coro e orquestra

6 – Parte I (1961) – Prólogo: “Devolva-nos a nossa humanidade” – Capítulo 1: 6 de agosto; Morte – Capítulo 2: Na estação de curativos – Capítulo 3: Olhos – Capítulo 4: A criança pequena – Capítulo 5: Uma chamada  –  Final: “Devolva-nos a nossa humanidade”

Mieko Takizawa, soprano
Echiko Narita, contralto
Akio Amano, tenor
Koichi Tajima, baixo
Coro da Associação Musical Ro-on de Tokyo
Orquestra Sinfônica de Tóquio
Kikuo Sato, regência

7 – Parte II (1963): “Declaração” – “Lápide” – “Manhã” – “Passos”

Kiyoshi Oda, barítono
Coral Infantil da Associação de Música dos Trabalhadores de Tóquio
Orquestra Sinfônica de Tóquio
Hitoshi Ueda, regência


Toshio HOSOKAWA (1955)

8 – Réquiem de Hiroshima, para vozes, coro infantil e adulto, orquestra e fita pré-gravada (1989)

Ryo Akiyama, Miyuki Katayama e Jon Brokering, vozes
The Tokyo Little Singers
Coros da OMP e da NHK
Orquestra Sinfônica Japonesa
Kazuyoshi Akiyama, regência

De “A Voz dos Sem Voz”, oratório para solistas, coro e orquestra (1989-2000):

9 – Finale: A Voz dos Sinos do Templo

Chor- und Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks
Sylvain Cambreling,
regência


 

Masaru KAWASAKI (1924-2018)

Da série “Música de Oração”:

10 – No. 1, “Dirge“, para banda sinfônica

Orquestra de Sopros de Hiroshima
Yoshihiro Kimura, regência

11 – No. 2, “Elegia”, para banda sinfônica

Orquestra de Sopros Tokyo Kosei
Kazuyoshi Akiyama, regência

12 – No. 3, “Canção de Hiroshima”, para banda sinfônica

Clube de Música Instrumental da Escola  Motomachi de Hiroshima
Akira Doi, regência

13 – No. 4, “Prece”, para viola solo

Margareth Miller, viola

14 – No. 5, “Matinas”, para flauta e piano

Nancy Brown, flauta
Yumiko Womack, piano


Tomiko KŌJIBA (1952)

15 – Réquiem de Hiroshima, para orquestra de cordas (1979)

Orquestra Sinfônica de Hiroshima
Kazuyoshi Akiyama, regência

16 – Sete Perfis Intocados, para piano (2005)

Kōhei Fujimoto, piano

17 – “Futuro a 4000 °C”, para orquestra (2005)

Orquestra Sinfônica de Hiroshima
Kazuyoshi Akiyama, regência


Ikuma DAN (1924-2001)

Sinfonia no. 6, para soprano e orquestra, “Hiroshima” (1985)

18 – Andante ma non troppo. Quasi andante sostenuto
19 – Allegro ritmico
20 – Andante sostenuto e funebre

Anna Pusar, soprano
Michiko Akao, nōkan e shinobue
Wiener Symphoniker
Ikuma Dan, regência


Masao ŌKI

Sinfonia no. 5, “Hiroshima” (1953)

21 – Prelúdio
22 – Fantasmas
23 – Fogo
24 – Água
25 – Arco-íris
26 – Meninos e meninas
27 – Deserto Atômico
28 – Elegia

Nova Orquestra Filarmônica do Japão
Takuo Yuasa,
regência


Tōru TAKEMITSU (1930-1996)

Da Trilha sonora para o filmeChuva Negra“, de Shōhei Imamura (1989):
29 – Morte e Ressurreição
30 – Música Fúnebre

I Fiamminghi
Rudolf Werthen, regência

31 – Chuva Negra, para orquestra de cordas (1989)

Orquestra Metropolitana de Tokyo
Tōru Takemitsu, regência

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE 


As pinturas e legendas que ilustram esta postagem são parte da série de quinze Painéis de Hiroshima, realizada entre 1950 e 1982 pelo casal  Iri e Toshi Maruki, e que se encontra em exibição permanente na Galeria Maruki, em Saitama, Japão. Convido os leitores-ouvintes a me acompanharem numa doação em prol da preservação dessas inestimáveis obras de arte, bem como em outra para apoiar a ICAN (Campanha Internacional para Abolição das Armas Nucleares), recipiente do Prêmio Nobel da Paz de 2017, e ajudar a manter, entre outras iniciativas, seu Memorial às 38 mil crianças mortas nos ataques.


Publicado no 80° aniversário do ataque criminoso a Hiroshima e dedicado à memória de suas dezenas de milhares de vítimas inocentes.

Vassily

 


 

3 comments / Add your comment below

  1. Que dizer aqui?
    Tenho lá certa dúvida se o tempo, ou seja a dimensão que for, digere afinal o indigerível. O que sei é que, não bastasse a atrocidade máxima, ainda perduram o cinismo e a vanglória a respeito. Alguns filmes abastados, por exemplo, são uma atrocidade. Assim, não tem como não se acercar, grave e sentido, dessas tantas camadas cravadas no tributo.

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