Imagine um amante da música e de suas gravações que tenha ficado por um bom tempo sem acesso às informações e lançamentos musicais. Há vários cenários nos quais tal situação poderia ter ocorrido. O cara poderia ter ficado algumas décadas em uma ilha isolada de tudo e todos, como o Chuck-Tom Hanks em Cast Away (O Náufrago) em companhia apenas de uma bola de basquete e só nos dias de hoje tenha retornado à chamada ‘civilização’. Outra possibilidade é uma situação semelhante à vivida pelo general do ‘Me tira o tubo!’, personagem do Jô Soares, que sai do coma depois de décadas e se depara com o cenário da música gravada atual. Esse nosso fictício amante dos discos ficaria definitivamente confuso ao se deparar com o lançamento dessa postagem.
Como assim? John Eliot Gardiner no selo Deutsche Grammophon, não no Archiv Produktion? E regendo uma baita orquestra com instrumentos modernos? Sem contar que essa orquestra, a tal de Amsterdã, que grava para o selo Philips! E o repertório, Sinfonias de Brahms, não é música antiga ou barroca!
Realmente, o lançamento reúne as quatro sinfonias de Brahms numa ótima gravação, uma excelente maneira de se ouvir as sinfonias do Hannes. A orquestra é um primor e John Eliot, que andou com sua imagem desgastada pelo episódio de pugilismo fora dos ringues, garante andamentos ágeis e ótima articulação de tudo.
Ainda bem que Gardiner se retratou, pediu desculpas ao alvo de suas ‘manitas de piedra’ e agora tenta se enquadrar.
Eu ouvi essa gravação novinha das sinfonias de Brahms comparando com um dos ciclos do ‘inominável’ HvK, o segundo que ele gravou com a Berliner Philharmoniker, no fim da década de 1970. As gravações de Karajan foram muitas e tiveram muitas encarnações nos LPs e nos CDs, mas há um bom mapa que permite entender a cronologia e identificar esse ou aquele particular lançamento. Para isso, faça uma visita à página do blog IONARTS, aqui.
Não posso dizer que gostei mais desse do que daquele, acho os dois ciclos excelentes. Mas, se me torcerem o braço, escolheria a gravação recente.
“Can I protest my innocence?” John Eliot said. “I can be impatient, I get stroppy, I haven’t always been compassionate. I made plenty of mistakes in my early years. But I don’t think I behaved anything like as heinously as you have heard. The way an orchestra is set up is undemocratic. Someone needs to be in charge.”
Johannes Brahms (1833 – 1897)
Symphony No. 1 in C minor, Op. 68
- Un poco sostenuto – Allegro
- Andante sostenuto
- Un poco allegretto e grazioso
- Adagio – Più andante – Allegro non troppo, ma con brio – Più allegro
Symphony No. 2 in D major, Op. 73
- Allegro non troppo
- Adagio non troppo
- Allegretto grazioso (quasi andantino)
- Allegro con spirito
Symphony No. 3 in F major, Op. 90
- Allegro con brio
- Andante
- Poco allegretto
- Allegro
Symphony No. 4 in E minor, Op. 98
- Allegro non troppo
- Andante moderato
- Allegro giocoso
- Allegro energico e passionato
Royal Concertgebouw Orchestra
Sir John Eliot Gardiner
Recorded: 2021-2023
Recording Venue: Concertgebouw, Amsterdam
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
MP3 | 320 KBPS | 364 MB
Caso você tenha acesso às plataformas de distribuição de músicas, aqui está uma possibilidade para a audição:
Tidal
In these performances, Gardiner manages to have his period-instrument cake and enjoy his modern-instrument refinement in a way that is totally convincing The Guardian
Johannes Brahms (1833 – 1897)
Symphony No. 1 in C minor, Op. 68
- Un poco sostenuto – Allegro
- Andante sostenuto
- Un poco allegretto e grazioso
- Adagio – Più andante – Allegro non troppo, ma con brio – Più allegro
Symphony No. 3 in F major, Op. 90
- Allegro con brio
- Andante
- Poco allegretto
- Allegro
Symphony No. 2 in D major, Op. 73
- Allegro non troppo
- Adagio non troppo
- Allegretto grazioso (quasi andantino)
- Allegro con spirito
Symphony No. 4 in E minor, Op. 98
- Allegro non troppo
- Andante moderato
- Allegro giocoso
- Allegro energico e passionato
Berliner Philharmoniker
Herbert von Karajan
Recorded: 1978
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
MP3 | 320 KBPS | 356 MB
Caso você tenha acesso às plataformas de distribuição de músicas, aqui está uma possibilidade para a audição:
Tidal
The playing of the Berlin Philharmonic remains uniquely cultivated, the ensemble is finely polished, and yet there is no lack of warmth or impetus throughout the set. — Penguin Guide, 2011 edition
Aqui outra ótima opção para as sinfonias do Hannes:
Brahms (1833 – 1897): As Quatro Sinfonias – Wiener Philharmoniker – James Levine ֎
Aproveite!
René Denon







Que bom que não tiraram o tubo the John Eliot “The Jawbreaker” Gardiner. Exilado dos conjuntos que fundou e regeu a maior parte da vida, não desistiu de transpor novas fronteiras. Essas leituras de Brahms me eletrizaram – e a da Terceira, em especial. O pugilista, no entanto, não parece arrependido, pois, em suas considerações de defesa, só faltou culpar quem levou a biaba. Obrigado por mais essa, Don René!
Obrigado, René, boa a postagem, e achei a leitura das sinfonias bem refrescante, tendo a preferir àquele ciclo anterior dele.
Sobre o episódio, essa história de que orquestra não é democrática, ou mesmo o tal do “democrata na política, aristocrata na arte”, não é senão conversa fiada, se não fosse não passaria, a arte, de um mero ofício descolado da aplicação de virtude cotidiana. Mas, quem somos nós para julgar?…….
Muito obrigado, René! Baixei sem querer a do HvK. Merda! Vou baixar agora o que interessa!
A ‘M… !’ valeu a postagem da gravação do inominável…
kkkkkk!
Aproveite o JEG!
Abraços do
René
Ouvi o ciclo inteiro com o Gardiner agora pela manhã e gostei muito da leitura dele + RCO. A sonoridade da gravação é excelente! O ciclo com o Levine também é excelente… com o HvK ouvirei depois!