Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonias Nº 2 e Nº 3 (CDs 2, 3 e 4 de 16) (Bernstein)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Estas duas sinfonias de Mahler, colocadas nesta coleção na ordem inversa — primeiro a terceira e depois e segunda — são o que mais gosto em sua obra, logo após A Canção da Terra. São sinfonias com programas que depois foram rejeitados por Mahler, mas suas audições não enganam: dando razão à Adorno, são músicas que funcionam como romances. E bem longos. A terceira sinfonia abre com o maior movimento de todas as sinfonias. É um portento de 34 minutos e com uma estrutura onde cabe tudo: música de câmara, sinfônica, bandas militares, melodias sublimes e intencionalmente vulgares. É ciclotímica, a cada cinco minutos muda de comportamento. Parece um pot-pourri cuja comunicação é muito tênue. É uma verdadeira revolução que é mantida pelas duas sinfonias, mas que é mais clara aqui. O terceiro movimento da sinfonia nº 2 é aquele mesmo utilizado por inteiro na Sinfonia de Berio, talvez a maior homenagem que um compositor tenha feito a outro em todos os tempos. Como escreveu Marc Vignal no calhamaço “História da Música Ocidental” de Jean e Brigitte Massin, nestas sinfonias Mahler não hesita em momento nenhum de se fazer cúmplice do caos. Não parece haver nenhuma autocensura nestas obras mastodônticas e que provocaram o futuro de forma que ele não pôde nunca mais ser o mesmo.

A seguir, textos retirados da Wikipedia sobre estas sinfonias.

Sinfonia Nº 2

A Sinfonia no 2, em Dó Menor (termina em Mi Bemol Maior) por Gustav Mahler foi escrita entre 1888 e 1894. Ela foi publicada em 1897 (Leipzig, Hofmeistere) e passou por uma revisão em 1910. Ela também é conhecida como Sinfonia da Ressurreição porque faz referências à citada crença cristã.

Histórico

Mahler compôs o primeiro movimento em 10 de setembro de 1888. Em 1893 completou o Andante e o Scherzo.

Em fevereiro de 1894, durante os funerais do pianista e regente Hans von Büllow, Mahler ouviu um coro de meninos cantarem o hino Auferstehen (Ressurreição), da autoria de Friedrich Klopstock. O hino impressionou tanto Mahler que ele resolveu incorporá-lo ao Finale da sinfonia que estava em preparação. Ao mesmo tempo decidiu que a Ressurreição seria o tema principal da obra.

Características

A Segunda Sinfonia é a primeira sinfonia em que Mahler usa a voz humana. Ela aparece na última parte da obra, no clímax, tal qual a Sinfonia no 9 de Beethoven. Além da influência de Beethoven, percebe-se traços de Bruckner e Wagner na composição.

Apesar da origem judia, Mahler sentia fascínio pela liturgia cristã, principalmente pela crença na Ressurreição e Redenção. A Segunda Sinfonia propõe responder à pergunta: “Por que se vive?”. Simbolicamente ela narra a derrota da morte e a redenção final do ser humano, após este ter passado por uma período de incertezas e agrúrias.

A Sinfonia no 2 foi escrita para uma orquestra com as seguintes composição: 4 flautas (todas alternando com 4 piccolos), 4 oboés (2 alternando com corne-inglês), 3 clarinetes (Sib, La, Do – um alternando com clarone), 2 clarinetes em Mib, 3 fagotes, 1 contrafagote, 10 trompas em fá (4 usadas fora do palco, menos no final), 8-10 trompetes em fá e dó (4 a 6 usados fora do palco, menos no final), 4 trombones, 1 tuba contrabaixo, 7 tímpanos (um fora do palco), 2 pares de pratos (um fora do palco), 2 triângulos (um fora do palco), Caixa clara, Glockenspiel, 3 sinos (Glocken, sem afinação), 2 bombos (um fora do palco), 2 tam-tams (alto e baixo), 2 harpas, órgão,quinteto de Cordas (violinos I, II, violas, cellos e baixos com corda Dó grave). Há ainda: Soprano Solo, Contralto Solo e um Coro Misto.

Os movimentos

Na sua forma final a sinfonia, cuja duração aproximada é de 80 minutos, é formada por cinco movimentos distribuídos da seguinte forma:

1. ‘Totenfeier’: Allegro maestoso. Mit durchaus ernstem und feierlichem Ausdruck (~23 minutos)
2. Andante moderato. Sehr gemächlich. Nicht eilen (~10 minutos)
3. In ruhig fliessender Bewegung (~10 minutos)
4. ‘Urlicht’ . Sehr feierlich, aber schlicht (~5 minutos)
5. Im Tempo des Scherzos. Wild herausfahrend (’Aufersteh’n’) (~35 minutos)

A sinfonia narra a queda e morte do herói sinfônico, as suas dúvidas, fé e ressurreição no Dia do Juízo Final.

O primeiro movimento é sobre a morte, no segundo a vida é relembrada e o terceiro apresenta as dúvidas quanto à existência e ao destino. No quarto movimento o herói readquire a sua fé e a esperança. No quinto e último movimento ocorre a Ressurreição, na forma imaginada por Mahler.

FDP Bach escreveu acerca da Sinfonia Nº 2:

“The earth quakes, the graves burst open, the dead arise and stream on in endless procession….. The trumpets of the apocalypse ring out… And behold, it is no judgement…. There is no punishment and no reward. An overwhelming love illuminates our being. We know and are.” (From Mahler’s 1894 description of the symphony.)”

Era assim que o próprio Mahler definia sua Sinfonia nº 2. Gosto muito dela, principalmente de seus dois primeiros movimentos. É uma obra de fôlego, pesada, que realmente nos esgota. Não recomendaria como uma primeira audição mahleriana. Mas, uma vez passado o temor, nunca cansamos de ouví-la.

Li alguns comentários muito interessantes na postagem da “Titã”, com os quais me identifiquei. Principalmente aqueles que falavam da dificuldade de se assimilar uma obra tão complexa. Confesso que demorei a ouvir Mahler, e ainda o temo, mesmo passados alguns anos do primeiro contato com a sua obra. E o meu primeiro contato foi, como para muitos, com a Sinfonia nº5, o a do famoso adagieto, utilizado com maestria no filme do Visconti. Mas trata-se de uma questão de educação dos ouvidos. Uma vez assimilada a forma com que a sinfonia se estrutura fica mais fácil sua compreensão. E isso vale para qualquer música. Será um pouco difícil gostar em uma primeira audição, mas com o tempo, se acostuma. Se não se acostumar, bem, que podemos fazer?

Bernstein, como sempre, está a vontade regendo Mahler. E se os senhores tiverem oportunidade, sugiro a aquisição da série de DVDs que o trazem regendo estas sinfonias. Ver Bernstein regendo é um espetáculo à parte. Ele se joga com tal ímpeto na condução da obra que, no final, está totalmente esgotado. Os DVDs foram lançados pela Deutsche Grammophon, e são dirigidos pelo grande Humphrey Burton, que faz uma edição primorosa da apresentação.

E como sempre, a gravação é recheada de estrelas de primeira grandeza: a maravilhosa contralto wagneriana Christa Ludwig, e a então jovem soprano americana, Barbara Hendricks.

Creio que será uma bela forma de se passar a tarde de sábado, pois a obra tem mais de 80 minutos de duração.

Jorge de Sena, em 1967, escreveu o seguinte poema sobre esta música:

MAHLER: SINFONIA DA RESSURREIÇÃO

Ante este ímpeto de sons e silêncio,
ante tais gritos de furiosa paz,
ante o furor tamanho de existir-se eterno,
há Portas no Infinito que resistam?

Há infinito que resista a não ter portas
para serem forçadas? Há um paraíso
que não deseje ser verdade? E que Paraíso
pode sonhar-se a si mesmo mais real que este?

Sinfonia Nº 3, copiado da Wikipedia

A sinfonia Nº3 em ré menor, de Gustav Mahler foi composta entre 1893 e 1896. É uma obra bastante longa (a maior sinfonia de Mahler), a mais longa do reportório romântico, aproximadamente cem minutos de música.

Estrutura

A sinfonia está dividida em seis andamentos:

1. Kräftig entschieden (forte e decisivo) (36 minutos)
2. Tempo di Menuetto (Tempo de minueto) (10 minutos)
3. Comodo (Scherzando) (confortável, como um scherzo) (18 minutos)
4. Sehr langsam–Misterioso (muito lento, misteriosamente) (10 minutos)
5. Lustig im Tempo und keck im Ausdruck (Alegre em tempo e atrevido em expressão) (4 minutos)
6. Langsam–Ruhevoll–Empfunden (lento, tranquilo, profundo) (26 minutos)

Em cada uma das primeiras quatro sinfonias de Gustav Mahler, o próprio criou uma explicação da narrativa destas sinfonias. Na terceira, a explicação de cada andamento, é a seguinte:

1. “Chega o Verão”
2. “O que me dizem as flores do campo”
3. “O que me dizem os animais da floresta”
4. “O que me dizem os homens”
5. “O que me dizem os homens”
6. “O que me diz o amor”

Todos estes títulos foram publicados em 1898.

Originalmente a Sinfonia possuía um sétimo andamento, “O que me dizem as crianças”, porém este foi colocado na Sinfonia No.4, no último andamento.

Análise

Esta obra está composta em seis andamentos, divididos em duas partes: A primeira compreende o primeiro andamento, muito longo. A segunda agrupa os restantes andamentos. No quarto andamento a parte do contralto é um texto de “Assim falou Zaratustra” do Friedrich Nietzsche. No andamento seguinte, o coro das crianças canta um tema de “Das Knaben Wunderhorn” (A trompa mágica do rapaz). O andamento final é um hino ao amor, que conclui a sinfonia com um adagio que faz meditar.

Kräftig entschieden

O monumental primeiro andamento da terceira sinfonia, um dos mais longos escritos por Mahler (entre 30 a 35 minutos de música), importa-nos imediatamente para um universo mineral, uma ruptura completa com o quotidiano da vida. O andamento, todo ele muito bem estruturado quase parece uma sinfonia de Mozart, tendo um carácter monumental. O desenvolvimento temático, descritivo e filosófico, dá uma grande possibilidade de interpretação ao ouvinte, possibilidade essa com que Mahler descreve na explicação do andamento: “Chega o Verão”.

FDP Bach escreveu acerca da Sinfonia Nº 3:

Chegamos à Sinfonia nº 3. E que sinfonia… e que orquestra (FIlarmônica de Nova York)… e que coral… e que solista…(novamente A divina Christa Ludwig), e Bernstein em seu domínio…
A seguir, uma análise mais apurada, tirada da Wikipedia.

“The symphony, though atypical due to the extensive number of movements and their marked differences in character and construction, is a unique work. The opening movement, grotesque in its conception (much like the symphony itself), roughly takes the shape of sonata form, insofar as there is an alternating presentation of two theme groups; however, the themes are varied and developed with each presentation, and the typical harmonic logic of the sonata form movement–particularly the tonic statement of second theme group material in the recapitulation–is replaced here by something new. The slow opening can seem to evoke the primordial sleep of nature, slowly gathering itself into a rousing orchestral march. A solo tenor trombone passage states a bold melody that is developed and transformed in its recurrences. Innovation is present everywhere in this movement, including its apparent length. At the apparent conclusion of the development, several solo snare drums “in a high gallery” play a rhythmic passage lasting about thirty seconds and the opening passage by eight horns is repeated almost exactly.

The third movement quotes extensively from Mahler’s early song “Ablösung im Sommer”(Relief in Summer). The fourth is a setting of Friedrich Nietzsche’s “Midnight Song” from Also sprach Zarathustra, while the fifth, “Es sungen drei Engel”, is one of Mahler’s Des Knaben Wunderhorn songs.

It is in the finale, however, that Mahler reveals his true genius for stirring the soul. The construction of it is masterful, and the interplay of a developing chromatic harmony and sonorous string melody, developed and re-orchestrated with perfect grace and poise builds to a conclusion that, though seemingly overblown when heard in isolation, is, in the wider context of the symphony, both musically justified and emotionally overwhelming. The symphony ends with repeated D major chords and timpani statements before one final long chord.”

Mahler – Sinfonias Nº 2 e Nº 3

CD2
Gustav Mahler – Leonard Bernstein – Symphonie no. 3

Sinfonia Nº 3
01. Symphony #3 – Kraftig. Entschieden
02. Symphony #3 – Tempo di Menuetto. Sehr massig
03. Symphony #3 – Comodo. Scherzando. Ohne Hast

New York Philarmonic
Leonard Bernstein

CD3
Gustav Mahler – Leonard Bernstein – Symphonie no. 3 & 2

01. Symphony #3 – Sehr langsam. Misterioso. Durchaus ppp
02. Symphony #3 – Lustig im Tempo und keck im Ausdruck
03. Symphony #3 – Langsam. Ruhevoll. Empfunden

Christa Ludwig : mezzo-soprano
New York Choral Artists
Brooklyn Boys Chorus
New York Philarmonic
Leonard Bernstein

Sinfonia Nº 2

04. Symphony #2 – 1. Allegro maestoso (Totenfeier)

New York Philarmonic
Leonard Bernstein

CD4
Gustav Mahler – Mahler The Complete Symphonies & Orchestral Songs

01. Symphony No.2 in C minor Resurrection – 2. Andante moderato
02. Symphony No.2 in C minor Resurrection – 3. [Scherzo], In ruhig fliessenttaca
03. Symphony No.2 in C minor Resurrection – 4. Ulrich, Sehr feierlich, aber
04. Symphony No.2 in C minor Resurrection – 5. Im Tempo Des Scherzo, Wild H

Barbara Hendricks : soprano
Christa Ludwig : mezzo-soprano
Westminster Choir
New York Philarmonic
Leonard Bernstein

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Em chamas -- Leonard Bernstein dirigiendo 'Resurrección', de Mahler, interpretada por la Boston Symphony en Tanglewood (Massachusetts) en 1970. / FOTO: BETTMANN / CORBIS
Em chamas — Leonard Bernstein dirigiendo ‘Resurrección’, de Mahler, interpretada por la Boston Symphony en Tanglewood (Massachusetts) en 1970. / FOTO: BETTMANN / CORBIS

PQP