Mahler (1860 – 1911): Sinfonia No. 7 – Runfunk Sinfonieorchester Saarbrücken & Hans Zender / NDR Elbphilharmonie & Alan Gilbert ֎

MAHLER

Sinfonia No. 7

Runfunk Sinfonieorchester Saarbrücken & Hans Zender

NDR Elbphilharmonie & Alan Gilbert

De onde vem a inspiração para resolver um problema ou para vislumbrar o início de uma obra de arte? O processo criativo é misterioso, mas há que ter dedicação, imersão no tema ou assunto, até que a mente se disponha a prover os resultados, devido a um toque do destino ou da inspiração de alguma musa…

Tim curtindo o azul do mar…

Quem não conhece a história da gravura na parede do quarto emprestado ao Tim Maia de onde saiu o Azul da Cor do Mar? Uma outra boa história de iluminação envolve Henri Poincaré, um importante matemático do final do século 19 e início do século 20. Suas contribuições para a Matemática e outras ciências são enormes e tem influência até os dias de hoje. Além disso, Poincaré se distinguia de outros cientistas por contribuir de maneira significativa para a divulgação da ciência, escrevendo livros que eram acessíveis às pessoas comuns tratando de temas complexos de forma compreensível. Poincaré havia lidado com um problema à exaustão, mas não havia feito qualquer progresso. Decidiu então fazer uma expedição geológica, para espairecer. Pois ao entrar no ônibus foi tocada pela inspiração (alguma musa matemática, decerto, passava por ali…) e teve um surto de criatividade. “No momento em que coloquei o pé no degrau, uma ideia me ocorreu, sem que nenhum de meus pensamentos anteriores tivessem me preparado para ela…”

Poincaré, suas esferas e outras cositas…

Lembrei-me dessas anedotas lendo o livreto de uma das gravações da postagem, que conta um pouco o processo criativo de Mahler, que levava uma vida dupla – parte do ano era o famoso regente em Viena, parte do ano era um compositor de obras inovadoras e impressionantes, mas que ainda aguardavam deu devido ‘tempo’. A composição das Sinfonias No. 6 e No. 7 foram, de certa forma simultâneas. Dois movimentos da Sétima, chamados por Mahler de Nachtmusik, foram compostos antes da Sexta. Quando chegou a hora da Sétima, como se diz por aí, deu branco. Ele escreveu para sua Alma assim: No verão anterior esperava terminar a Sétima, para a qual já tinha dois movimentos. Estava morrendo de tédio, como você se lembra, e resolvi dar uma escapada para os Dolomitas. Lá não encontrei qualquer inspiração e desisti de compor, acreditando que o verão não renderia qualquer coisa. Quando entrei no barco para a travessia de volta, sobre o lago, e nas primeiras batidas dos remos na água um tema me ocorreu (ou mesmo o ritmo…) para a introdução do primeiro movimento. Quatro semanas depois os outros movimentos estavam fechados, selados, assinados e enviados. A inspiração é um mistério…

Eu tenho ouvido bastante esses discos da postagem. Eles têm em comum o fato de terem sido gravados por orquestras de rádios alemãs regidas pelos seus respectivos diretores. A gravação regida por Zender é de 1982, um registro que estava nos arquivos da rádio e foi lançada em 1997 numa edição comemorativa na ocasião do aniversário de sessenta anos do maestro. A outra gravação é um lançamento recente e mostra a maravilhosa acústica da casa nova da orquestra. Eu espero que você encontre nos discos o mesmo prazer que eles me deram…

Gustav Mahler (1860 – 1911)

Sinfonia No 7 em mi menor »Lied Der Nacht«
  1. Langsam (Adagio) – Allegro con fuoco
  2. Nachtmusik I. Allegro moderato
  3. Schattenhaft
  4. Nachtmusik II. Andante amoroso
  5. Finale

Runfunk Sinfonieorchester Saarbrücken

Hans Zender

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MP3 | 320 KBPS | 195 MB

Hans curtindo o som do naipe de violinos da PQP Bach Orchester

NDR Elbphilharmonie

Alan Gilbert

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MP3 | 320 KBPS | 197 MB

Alan testando um violino da PQP Bach Collection
Elbphilharmonie

Sobre a Sétima Sinfonia de Mahler: Comparada com outras sinfonias de Mahler, a Sétima tem uma existência mais apagada na cena internacional de concertos. Pode ser devido ao seu final muito positivo, que se apega resolutamente à tonalidade radiante de dó maior, o que pode incomodar alguns fãs da música do compositor. Pode-se permitir a Mahler essa explosão de êxtase, na melhor das hipóteses, como tendo um significado subjacente. “É o meu melhor trabalho, com um caráter ensolarado em sua maior parte”, disse o compositor uma vez sobre sua sétima.

Mas, por outro lado, a Sétima parece ter sido composta de dentro para fora, com o terceiro dos cinco movimentos desempenhando um papel central. E este scherzo traz a instrução de desempenho significativa »Schattenhaft« (Sombrio). Da mesma forma, as duas peças de »Nachtmusik«, como Mahler chamou o segundo e o quarto movimentos, revelam inegavelmente o conflito interno tão típico da obra do compositor. Portanto, nem tudo que reluz é ouro. [Tradução feita pelo Chat PQP Bach de um texto da página da NDR Elbphilharmonie]

Sobre a gravação de Zender: De alguma forma, você sabe quando um maestro tem a medida de uma obra de Mahler. Há um sentimento de confiança em seu desempenho, um sentimento que ele e seus músicos penetraram no cerne da obra, que é profundamente satisfatório. Você pode discordar de certas conclusões a que o maestro chegou, ou não, mas sente que ele cobriu tudo o que pretendia e o efeito disso é palpável. Você não teve que se preocupar com nada. Não houve passagens em que o maestro esteja apenas marcando o tempo, algo que acontece com mais frequência do que você imagina. Este é o sentimento que tenho com esta excelente performance da Sétima Sinfonia de Mahler, com a qual muitos ouvintes e intérpretes têm problemas, e que a torna uma versão notável. Vem de 1982 e dos arquivos da Saarbrücken Radio do pouco conhecido compositor e maestro alemão Hans Zender. […] Uma performance soberba cheia de coisas fascinantes. Uma performance que é excelentemente tocada e gravada e merece ser considerada ao lado das melhores versões, como as de Bernstein, Horenstein, Gielen, Scherchen e Abbado. A Sétima de Mahler por Zender é muito boa e eu a recomendo com entusiasmo.    [Tony Duggan]

Aproveite!

René Denon

Alan Gilbert

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