Mozart (1756 – 1791): Sinfonias Nos. 35 & 36 – Haffner & Linz – The Academy of Ancient Music & Christopher Hogwood ֎

Mozart

Sinfonias Nos. 35 & 36

AAM

Christopher Hogwood

 

Esse incrível disco foi gravado em 1979, no formato analógico, e é parte do projeto de gravar todas as sinfonias de Mozart usando instrumentos e práticas de época. Este pioneiro projeto lançado pelo selo L’Oiseau-Lyre, a versão ‘Archive Produktion’ da companhia inglesa Decca, foi completado e a caça pelas caixinhas com os discos nas lojas daqui, naqueles dias, era uma verdadeira caça ao tesouro. O projeto Haydn, bem mais extenso, não teve a mesma sorte, as agruras das gravadoras o atingiram ainda em pleno voo. O disco da postagem terminou como o terceiro do Volume 5, cuja capa ilustra a abertura da postagem.

Era maravilhosamente surpreendente ouvir essa música interpretada nessa forma autêntica. A música de Mozart surgia sob uma nova luz, como as pinturas de Rembrandt após a limpeza da sujeira e das camadas de verniz. Os grandes intérpretes de Mozart naqueles dias eram regentessáuros tais como Bohm, Karajan, Szell, Kubelik, Jochum, Solti… Entre os mais antigos venerados por muitos, mas que já estavam no caminho da fossilização, tínhamos Bruno Walter, Josef Krips, Otto Klemperer.

Detalhe de “A Ronda Noturna”, feita em 1642, por Rembrandt – antes e depois da restauração

Havia os mais moderninhos, que tocavam com bandas menores, como Marriner e a ASMF, Jeffrey Tate e a ECO, Sir Charles Mackerras e a Orquestra de Câmara de Praga, mas o som da L’Oiseau-Lyre era libertador.

Escolhi esse disco para postar por gostar da música e por achá-lo sempre atual e destacando-o assim da coleção com todas as outras sinfonias. Integralidade nem sempre a maneira mais interessante de ouvir a música de Mozart, na minha opinião.

A Sinfonia No. 35 nasceu como mais uma possível Serenata a ser composta por Mozart para o pessoal da família Haffner, de Salzburgo. A encomenda havia chegado a Viena, onde Mozart morava em 1782, enviada pelo seu pai, Leopold Mozart. Wolfgang havia composto uma ‘Serenata Haffner’ enquanto ainda morava em Salzburgo e que fizera muito sucesso, tanto que ganhou o apelido.

Mas Mozart agora estava ocupadíssimo, trabalhando na ópera ‘O Rapto do Serralho’, às voltas com sua noiva e futura esposa, além de aulas muitas. Mesmo assim, foi compondo partes da Serenata e enviando para Salzburgo. O prazo da encomenda venceu e Mozart pediu de volta o que já havia mandado. Gostou tanto do que estava pronto (imagine a pressa com que foi compondo…) que rearranjou o material, acrescentou instrumentos na orquestração e assim surgiu a que agora conhecemos como ‘Sinfonia Haffner’.

A outra sinfonia (pela qual tenho uma especial afeição) é a Sinfonia No. 36, escrita em 1783: A Sinfonia “Linz” foi escrita em três dias! Em 1783, Mozart e sua mulher, Constanza, fazem uma viagem a Salzburgo, para verem o pai e a irmã do compositor. No regresso a Viena, o casal detém-se em Linz, em visita ao velho conde de Thun, grande amigo da família. O conde queria muito que Wolfgang se apresentasse com a orquestra local, mas Mozart não tinha nenhuma de suas partituras à mão. Desejoso de agradecer a boa acolhida, começa uma nova sinfonia e consegue estreá-la no dia programado. [Veja o texto completo aqui]. Essa seria a ‘Sinfonia Linz’.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Symphony No. 35 In D Major “Haffner” K.385

  1. March K. 408 No. 2 [K.385a]
  2. Allegro Con Spirito
  3. Andante
  4. Menuetto & Trio
  5. Presto

Symphony In C Major “Linz” K.425

  1. Adagio – Allegro Spiritoso
  2. Andante
  3. Menuetto & Trio
  4. Presto

The Academy of Ancient Music [on period instruments]

Christopher Hogwood – conductor

Recording locations: St. Jude’s, Hampstead Garden Suburb & St. Paul’s, Arnos Grove,
June & October 1979

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC | 299 MB

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MP3 | 320 KBPS | 154 MB

O disco foi relançado individualmente numa série com preços modestos, como se dizia então…

Nesta gravação eles mantiveram a marcha que havia sido composta para a versão original na forma de uma serenata, mas que foi descartada por Mozart na versão final como Sinfonia. Acho que eles fizeram isso para exibir os tímpanos…

You cannot get any better than this set. It is outstanding. All of the Mozart Symphonies in one package is impressive enough on its own. But this is a very special package. The Academy of Ancient music under Christopher Hogwood have always been a quality act and their work on this set is no exception.

Não posso deixar de concordar…

Aproveite!

René Denon

PS: Não deixe de visitar essa outra postagem com os mesmos artistas…

F. J. Haydn (1732-1809): 4 Sinfonias – The Academy of Ancient Music – Hogwood

3 comments / Add your comment below

  1. Muito obrigado, René Denon, por compartilhar; já eu gosto do que chama de “integralidade” para ouvir um autor, pois passo a acompanhar a visão não somente da obra, mas também do maestro e músicos – e confesso que me deu vontade de ouvir o restante dessa coleção…

    Por fim, parabéns por seus textos, sempre uma aula.

    Abraços e boa noite.

  2. Opa, professores René Denon e PQP! Gostaria de pedir a vossa autorização para usar uma das imagens dessa postagem. Na minha postagem sobre o classicismo, parte II. É aquela que fica ao lado do parágrafo que se segue:

    “A Sinfonia No. 35 nasceu como mais uma possível Serenata a ser composta por Mozart para o pessoal da família Haffner, de Salzburgo. A encomenda havia chegado a Viena…”

    Gracias e abraços fraternos.

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