IM-PER-DÍ-VEL !!!
Não preciso falar da paixão que nutrem os irmãos PQP e FDP pela obra desse gênio alemão. Temos postado muita coisa dele. Mas não resistimos a compartilhar nossas emoções com os caros leitores/ouvintes do blog.
Pois bem, a obra escolhida de Brahms foi simplesmente “Ein Deutsches Requiem”. Escolhi esta peça pois o final de semana se aproxima, e todos terão tempo de aprecia-la com atenção. Não é uma obra fácil, ao contrário, é extremamente complexa, e considerada sua maior e mais ousada obra. Composta para grande orquestra, coro misto e dois solistas, barítono e soprano, mostra uma faceta um tanto quanto diferente de Brahms, mas coerente com seus ideais estético-musicais. Cito um pequeno trecho do filósofo alemão Ernst Bloch, colhido da biografia de Brahms escrita por Malcolm McDonald:
“à música do Requiem não falta contenção e o que lhe equivale em Brahms: uma preciosa profundidade que evita a apoteose (…) Esta música nos está dizendo que existe um broto – não mais porém não menos – que poderia florescer em alegria perpétua e que sobreviverá às trevas, que na realidade ele aprisiona dentro de si (…) Nas trevas desta música estão cintilando aqueles tesouros que estão livres da ferrugem e das traças. Referimo-nos àqueles tesouros permanentes em que a vontade e o objetivo, a esperança e sua satisfação, a virtude e a felicidade possam ser unidos, em um mundo sem decepção e de supremo bem – o réquiem circunda a região secreta do supremo bem”.
Após essa belíssima descrição, que mais podemos dizer? Ah, sim, talvez uma idéia geral da obra.
Possivelmente foi escrita entre 1865-1866, logo após a morte da mãe do compositor. Com certeza ela já vinha sendo pensada já a alguns anos. Está intimamente enraizada na Bíblia Luterana, ao contrário de outros Requiems, baseados na liturgia romana. O texto foi retirado de diversas passagens do Antigo e do Novo Testamento, e para McDonald, “se dirige essencialmente aos sentimentos dos desolados pela perda de uma pessoa querida, em uma meditação consoladora sobre o destino comum dos mortos e dos vivos. (…) Não é o primeiro Réquiem em alemão (…) mas foi o primeiro em que um compositor escolhera e moldara seu texto, para ressonâncias essencialmente pessoais, a fim de falar a um público contemporâneo numa linguagem compartilhada, transcendendo as coerções do ritual: um sermão profético a partir da experiência particular e com aplicação universal”.
A obra é dividida em sete partes:
Johannes Brahms (1833-1897): Um Réquiem Alemão, Op. 45 (Gardiner)
1 – Chor: Selig sind, die da Lied tragen
2 – Chor: Denn alles Fleisch, es ist wie Grãs
3 – Solo (Bariton) und Chor: Herr, lehre doch mich
4 – Chor: Wie liebich sind Deine Wohnungen
5 – Solo (Sopran) und Chor: Ihr habt nun Traurigkeit
6 – Solo (Bariton) und Chor: Denn wir haben hie keine bleibende Statt
7 – Chor: Selig sind die Toten, die in dem Herrn sterben
A gravação é a premiada e elogiadíssima versão de Sir John Eliot Gardiner. Maiores detalhes abaixo:
Rodney Gilfry (Baritone)
Charlotte Margiono (Soprano)
Monteverdi Choir e Orchestre Révolutionnaire et Romantique
Conducted by: Sir John Eliot Gardiner
FDP / PQP Bach
Irmãos, grande postagem!essa é uma daquelas obras que não se pode ouvir uma única vez!Sem dúvida é uma das minhas preferidas.Aos que gostarem, há uma gravação do Requiem de 1948 pela orquestra de Estocolmo regida pelo magnífico W. Furtwängler. espetacular.abraço,
O que dizer desta postagem? Que este é um dos melhores CDs que possuo, um daqueles que louvo a cada referência a este Réquiem belíssimo? A mera lembrança do coral “Denn alles Fleisch, es ist wie Gras”, deixa este comentarista arrepiado e isto é aprovação.Gosto muito também da interpretação de B. Haitink para esta obra e não me incomodaria de ouvir a versão de Furtwängler.Postando desta maneira, podes viajar o quanto quiseres, FDP!
Eta coisa divina!
“Denn alles Fleisch” é a minha trilha sonora. Nenhuma outra música se moldou tão bem à minha alma quanto a primeira parte deste movimento, antes do “So seid Ihr geduld”.
É simplesmente a música com que quero ser anunciado no Dia do Juízo Final.
Não creio que saiba ouvir Brahms, tenho a impressão, diante dele, que não ouço direito, não sinto o que se deveria sentir e ele… Bom, não me emociona (ok, certamente e obviamente, o problema está em mim), mas vou tentar novamente com essa postagem. Muito obrigado por compartilhar.
Sabe, Marcelo, eu também não gostava muito de Brahms, mas depois que ele encaixou na minha cabeça tornou-se um dos preferidos.
Escrevi isto lá em 2011: https://miltonribeiro.ars.blog.br/2011/06/29/minha-mae-um-requiem-alemao-e-a-cronica-de-um-concerto-nao-visto/
Como tudo que posta aqui no Blog, seguirei suas preciosas dicas e ouvirei-o com calma neste próximo sábado, certamente só terei a ganhar com isso, muito obrigado pela atenção!