At the Crossroads
Between Europe and India
Purcell – Handel
JC Bach – CF Abel
Você ainda não viu Uma passagem para a Índia, do David Lean? Então veja, pois o filme é ótimo. Na história se opõem duas culturas: os ingleses tentando manter seus hábitos em um ambiente impregnado de sabores, cheiros e cores exóticas, muito diferentes das que eles conheciam na terrinha deles. O filme originou de um livro escrito por Edward Morgan Forster – E.M. Forster. É uma linda história que descreve esta colisão de culturas, da qual as duas saem modificadas.
O disco desta postagem traz um paralelo sonoro a esse tipo de situação, mas remonta a um período anterior àquela descrita no filme – Calcutá, 1789. O programa descreve o que pode ter sido um concerto realizado em Calcutá naquela época.
Calcutá fica na província de Bengala e foi fundada em 1609 como um posto de troca pela Companhia Britânica das Índias Orientais. A cidade se tornou um cruzamento de culturas, o Ocidente se encontra com o Oriente, gerando uma colorida fusão de comidas, música e artes em geral. Por volta de 1780, a colônia inglesa residente em Calcutá era da ordem de 4000 pessoas. Entre eles, os nababos, ricos representantes do comércio onde permaneciam anos ou mesmo décadas e se cercavam de uma pequena corte, com músicos, cozinheiro e artistas.
Neste ambiente também floresciam empresários musicais, tais como William Hamilton Bird, que organizavam concertos com subscrição e que apresentavam até mesmo Oratórios. O gosto musical era afinado com o que se ouvia em Londres, onde reinava a dupla germânica formada por Carl Friedrich Abel e Johann Christian Bach, o Bach inglês. Músicos das gerações anteriores, como Purcell e Handel também constavam nos programas. É claro que a música era adaptada às disponibilidades locais. Aqui temos quartetos e quintetos com oboé, flauta, cordas e cravo. Mas o que mais coloriu o disco, assim como deve ter feito nos concertos daquela época, são os números musicais com influência da cultura local.
As mulheres desses altos funcionários da Companhia das Índias eram educadas e sabiam tocar cravo. Os nomes de duas delas aparecem no libreto. São as amigas Sophia Plowden, de Lucknow, e Margaret Fowke, de Benares. Elas assistiam a espetáculos de música e dança dos artistas locais e depois arranjavam para cravo aquelas peças que mais gostavam. Algumas dessas árias coletadas foram arranjadas e publicadas por William Hamilton Bird. Todo esse material está reunido na Coleção Fitzwilliam, em Cambridge.
Assim como deve ter ocorrido nos concertos em Calcutá, temos essas pioneiras peças de world music, que funcionam como interlúdios para as peças ocidentais, nas quais brilham também os instrumentos locais, como a tabla e o sitar. A primeira faixa é realmente fascinante. Inicia com solo no cravo e é uma transcrição de uma ária hindustani, ao qual se juntam os instrumentos locais, assim como flauta, oboé, violino violoncelo, numa verdadeira jam session que vale o download.
Tradicional
- Sakia (ária hindustani) (Arr. para grupo de câmera feito por Notturna)
Johann Christian Bach (1735 – 1782)
Quinteto para flauta, oboé, violino, violoncelo e cravo, Op. 22, No. 2
- Allegro commodo
- Tempo di minuetto
Quinteto para flauta, oboé, violino, violoncelo e cravo, Op. 22, No. 1
- Andantino
George Frideric Handel (1685 – 1759)
Sonata em sol maior para oboé, dois violinos e b. c. – ‘My song shall be away’
- Largo e staccato
- Allegro
- Adagio
- Allegro
Henry Purcell (1659 – 1695)
(Arr. para grupo de câmera feito por Notturna)
- If love’s a sweet passion (de The Fairy Queen, Z628)
- Fairest Isle (de King Arthur)
Carl Friedrich Abel (1723 – 1787)
Quarteto em si bemol maior, Op. 12 No. 5, WK 71
- Un poco allegro
- Rondo
William Hamilton Bird (1750 – 1805)
Oriental Miscellany
(Arr. para grupo de câmera feito por Notturna)
- Rekhtah “Mera peara ab ia re”
George Frideric Handel (1685 – 1759)
(Arr. para grupo de câmera feito por Notturna)
- Ahi perche, giusto ciel (de Rodelinda)
- Solomon: Will the Sun Forget to Streak?
- Falsa imagine (de Ottone)
William Hamilton Bird (1750 – 1805)
Oriental Miscellany
- 13: Terana « Dandera vakee » para cravo e sitar
Henry Purcell (1659 – 1695)
The Indian Queen, Z630
- Rondeau
Notturna
Christopher Palameta, oboé e direção artística
Mika Putterman, flauta transversa
Olivier Brault, violino
Dorian Bandy, violono e viola
Susie Napper, violoncelo
Brice Sailly cravo
Uwe Neumann, sitar
Shawn Mativetsky, tabla
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
FLAC | 362 MB
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
MP3 | 320 KBPS | 156 MB
Calcutá 1789 é um retrato fascinante da vida musical do século 18 na Índia durante o período colonial britânico.
Sob a direção de Christopher Palameta, o programa combina música tradicional indiana com obras de Purcell, Handel, J.C. Bach e C. F. Abel.
Aos instrumentistas de época de Notturna juntam-se os sons voluptuosos do sitar, tocado por Uwe Neumann, e da tabla, tocada por Shawn Mativetsky.
Inspirada em um programa de concertos de 1789 descoberto nos arquivos de Calcutá, a gravação reconstrói o rico intercâmbio cultural que se desenvolveu entre músicos indianos e ingleses que foram trazidos para a Índia como parte da comitiva da Companhia Britânica das Índias Orientais.
Aproveite!
René Denon
Boa tarde amigos do PQP,
Não estou conseguindo abrir o arquivo (nem FLAC e nem MP3). Alguma instrução extra para abrir?
Saudações
Neacir Lacerda
Olá, Neacir!
Aqui tudo está funcionando.
Qual aplicativo você está usando para descompactar o arquivo?
Sugiro o 7zip, que é livre.
https://www.7-zip.org/
Se continuar tendo problemas, por favor, me avise.
Abraços!
RD
Obrigado amigo René Denon. Já estou apreciando esse CD especial, que venha outras postagens nesta linha.
Neacir Lacerda
Fico muito feliz com sua resposta!
Abração!
RD
Que disco estranho! Adorei!