Gioachino Rossini (1792-1868) – Ouvertures – Abbado 90! & London SO

Na última segunda-feira, dia 26 de junho, completaram-se 90 anos do nascimento de um músico excepcional: o milanês Claudio Abbado. Creio que não é necessário fazer maiores apresentações deste que é, seguramente, uma das estrelas mais brilhantes do cintilante panteão de grandes regentes da história. Basta jogar o nome dele ali na caixinha de busca desse site e viajar pela era de ouro do disco.

Abbado faleceu em 2014, aos 80 anos. Gravou muito, muito mesmo, deixando um legado imenso de interpretações que primam pela limpidez e pelo colorido. Foi do barroco a obras de seus contemporâneos, sendo reconhecidamente um grande defensor da música do nosso tempo. Entre as orquestras que dirigiu, estão “apenas” a Sinfônica de Londres, Sinfônica de Chicago, Ópera Estatal de Viena, La Scala, Festival de Lucerna, Orquestra de Câmara Mahler, Orquestra Mozart, Orquestra Jovem da União Européia e, claro, ela, the one and only Filarmônica de Berlim.

Busto de Claudio Abbado na Philharmonie, em Berlim

Para celebrar a data, um disco gravado em Londres, em 1978: aberturas de óperas de Gioachino Rossini — um daqueles casos em que as aberturas são muito mais tocadas por aí do que as próprias óperas. Fiz questão de trazer esse álbum que, à parte a universalmente aclamada Guglielmo Tell (e do curioso caso que conto a seguir), passeia por um repertório menos conhecido, como La scala di seta Il turco in Italia.

O caso de Elisabetta, regina d’Inghilterra, estreada no San Carlo em Nápoles, é interessante. Enquanto escutava, pensei: “ué, conheço isso!” Pois é, conhecia mesmo: Rossini usou material de obras anteriores para fazer essa ópera, além de usar trechos desta em obras posteriores. A abertura de Elisabetta, regina d’Inghilterra (1815), que já havia sido reaproveitada de Aureliano in Palmira (estreada no La Scala, em Milão, em 1813), foi usada tim tim por tim tim novamente em um de seus maiores sucessos: Il barbiere di Siviglia, de 1816 (estreada no Teatro di Torre Argentina di Roma). A editora Amanda Holden afirmou que é como se Rossini quisesse apresentar, com essa ópera, um cartão de visitas, reunindo algumas de suas bem sucedidas melodias.

Ferdinando Roberto “Interno del Teatro San Carlo di Napoli con la rapprasentazione de “L´ultimo giorno di Pompei´”

Confesso que nem sabia que algumas dessas óperas existiam. Não é uma maravilha quando a gente topa com música que nunca ouviu na vida? Sobretudo quando ela se revela de grande beleza?

Pois vamos celebrar a memória deste grande mestre com esses registros londrinos de um Rossini, talvez, algo b-side, ao menos aos olhos de hoje, já que à época o sucesso que teve foi colossal. O mundo é grande e, que bom, a música é um recurso inesgotável… Viva Abbado!

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Gioachino Rossini – Ouvertures

1 – Semiramide
2 – La scala di seta
3 – Il turco in Italia
4 – Elisabetta, regina d’Inghilterra
5 – Tancredi (edition: Philip Gossett)
6 – Guglielmo Tell

London Symphony Orchestra
Claudio Abbado, regência

Algo me diz que Rossini era uma companhia agradável e animada

 

 

 

 

 

 

 

 

“Non conosco un’occupazione migliore del mangiare, cioè, del mangiare veramente. L’appetito è per lo stomaco quello che l’amore è per il cuore. Lo stomaco è il direttore che dirige la grande orchestra delle nostre passioni” (Gioachino Rossini)

Karlheinz

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