C.P.E. Bach (1714-1789): Sinfonias, Concertos para violoncelo (lá menor) e para cravo (dó maior) – Bruns, Alpermann AAM Berlin

P.Q.P. Bach tem se dedicado a ouvir e difundir a música do seu irmão que deixou o mais importante legado: C.P.E. Bach, o terceiro de um total de vinte crianças. Só nos últimos doze meses foram nove postagens, entre obras para teclado, sonatas para cravo e violino, concertos e um oratório.

C.P.E. Bach foi ofuscado pelas gerações seguintes de excepcionais compositores que nasceriam naquele mesmo século no mundo austro-germânico: Haydn, Mozart, Beethoven e Schubert. Mas todos esses tinham em alta conta as suas obras. Aliás, no início do século XIX, tempos de Chopin e Schumann, o conhecimento das obras de J.S. Bach e C.P.E. Bach era um dos elementos que diferenciava, por toda a Europa, os compositores respeitados e sérios de outros que faziam apenas entretenimento em teatros e salões. Por volta de 1850, as obras de Bach pai deixariam de ser coisa de especialistas, professores e ratos de bibliotecas, com suas obras corais voltando a ser apresentadas em igrejas e as de câmara também: os manuscritos dos concertos de Brandenburgo, por exemplo, dormiram em gavetas até 1849, quando foram redescobertos e publicados no ano seguinte.

Mas Carl Philipp Emmanuel Bach não teve esse reencontro com os grandes públicos ou, se teve, é bastante recente. Intérpretes jovens como Danny Driver (aqui e aqui) têm mostrado como sua música é instigante, cheia de mudanças de emoções que antecipam já certos aspectos do piano romântico. É o caso também do Concerto para violoncelo em lá menor que aparece neste disco gravado pela Akademie für Alte Musik Berlin, orquestra surgida no então lado leste (socialista) da cidade na década de 1980.

C.P.E. Bach compôs três concertos para violoncelo (aqui os 3 em uma gravação pioneira dos já falecidos A. Bylsma e G. Leonhardt). Dos três, apenas um é em tom menor, este gravado aqui pelo alemão Peter Bruns. Sendo em tom menor, há nele algo de mais trágico e misterioso, como bem sabe quem conhece os concertos em tom menor de Mozart e de Beethoven. E, ao contrário da simetria e ordem presente nos vários concertos compostos por J.S. Bach e por Vivaldi, aqui temos as mudanças e irregularidades típicas de C.P.E., como afirmam as notas do disco da Harmonia Mundi: “se, no concerto barroco, a sucessão dos tutti e dos solos era regrada por sua repartição em blocos distintos de peso igual, encontramos em Emanuel Bach uma rede extremamente entrelaçada e irregular de partes solistas e orquestrais, rede que liga mais intimamente os interlocutores e os faz se corresponder de modo mais ativo.”

As sinfonias gravadas aqui pelos músicos de Berlim não fazem feio, claro: sempre em três movimentos curtos, elas exigem grandes peripécias do conjunto orquestral. Também aqui, as mudanças de clima e de andamento parecem indicar uma refinada arte de enganar as expectativas do público. Como naqueles falsos fade-outs que seriam usados, séculos depois, na mixagem de álbuns de artistas como Beatles e Radiohead, dando a impressão de que a música acabou quando não acabou. Mas o que fica mais na memória, cada vez que termino de ouvir o disco, é o concerto para violoncelo em lá menor.

C.P.E. Bach (1714-1789):
Symphony for 2 oboes, 2 horns, strings & continuo in E flat major, Wq. 179 (10:54)
1 Prestissimo
2 Larghetto
3 Presto
Concerto for harpsichord, strings & continuo in C major, Wq. 20 (24:15)
4 (Ohne Satzbezeichnung)
5 Adagio ma non troppo
6 Allegro assai
Symphony for 2 flutes, 2 oboes, 2 horns, strings & continuo in E minor, Wq. 178 (10:58)
7 Allegro assai
8 Andante moderato
9 Allegro
Concerto for cello, strings & continuo (“No. 1”) in A minor, Wq. 170 (24:26)
10 Allegro assai
11 Andante
12 Allegro assai
Symphony for strings & continuo in G major, Wq. 173 (8:09)
13 Allegro assai
14 Andante
15 Allegretto

Cello – Peter Bruns
Harpsichord – Raphael Alpermann
Ensemble – Akademie Für Alte Musik Berlin
Recorded At – Jesus-Christus-Kirche, Berlin (2000)

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Akademie Für Alte Musik Berlin

Pleyel

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