BTHVN
Sinfonias Nos. 5 & 7
MusicAeterna
Teodor Currentzis
Impossível imaginar obra musical mais conhecida do que a Quinta Sinfonia de Beethoven. Desde a sua composição e estreia, em 1807, 1808, nenhuma outra obra musical permaneceu mais continuamente nos concertos e, posteriormente, nas gravações das grandes e pequenas orquestras. Nunca saiu de moda, mas suas interpretações sofreram com modismos ao longo do tempo.
Foi uma das primeiras peças que ouvi à exaustão, nos discos da Editora Abril, gravação com Otto Klemperer. Não a versão granítica, com a Philharmonia Orchestra, selo EMI, mas uma mais antiga, como som mais fuleiro, mas tempos mais ágeis. E vieram muitas outras gravações. Algumas mais notáveis, como a do Carlo Maria Giulini regendo a Orquestra de Los Angeles, a inabalável do Carlos Kleiber regendo a Filarmônica de Viena, posteriormente emparelhada com também magnifica gravação da Sétima Sinfonia.
Depois vieram as orquestras com instrumentos de época e a maneira como ouvimos Beethoven não mais seria a mesma. Não consigo deixar de comparar o efeito que o movimento HIP teve na maneira como ouvimos música barroca e clássica à retirada de muitas mãos de verniz que escureciam algumas luminosas pinturas de mestres tais como Rembrandt e Vermeer.
Como o tempo é implacável com tudo e todos, um certo refluxo ocorreu nesse movimento e as grandes orquestras incorporaram as lições do movimento das práticas de época e o fluxo de inúmeras gravações dessas obras continuam a invadir o mercado, agora também pelas plataformas de streaming e pelos audazes blogs de divulgação da boa música. Tanto que há até um certo fastio. Eu, por exemplo, tenho no estoque de possíveis audições a gravação do ciclo das sinfonias do Ludovico na gravação do Yannick Nézet-Séguin regendo a Chamber Orchestra of Europe, mas não me animei para ouvir. Provavelmente usarei o meu tempo para ouvir a gravação do Harnoncourt regendo a mesma orquestra.
Pois então, eu já ouvi essas duas sinfonias muitas vezes e para que uma nova gravação chegue a me tentar, custa. Já estava com esses arquivos em estoque no pen drive há um bom tempo, mas não havia entrado na sintonia de ouvir. Sempre há uma pilha de novidades me tentando e açoitando minha curiosidade que essas obras do repertório mais tradicional ficam um pouco de lado. Pois foi que numa viagem que deveria ser de um ou dois dias, mas que levou bem mais do que isso, para um lugar longe do meu acesso ao enorme arquivo de novidades que o PQP Bach Vault sempre me coloca à disposição que precisei me contentar com o que havia à mão por lá. Foi assim que ouvi o primeiro movimento da Sétima, enquanto caminhava em torno do lago, pois que lá havia um lago. Achei a interpretação arrojada, diferente das que lembrava ter ouvido, talvez por estar caminhando, com as endorfinas fluindo e fiquei ainda mais feliz. No outro dia foi a vez da Quinta Sinfonia e, de novo, a sensação de reencontro, de ‘puxa, por que não ouvi isso antes e mais vezes’…
Você sabe, Beethoven compôs estas obras com a clara intenção de chocar, de impactar os ouvintes, como realmente o fez. E é isso que eu ouvi nestas arrojadas gravações. Você pode ter suas versões preferidas, como as do Gunter Wand, Bernard Haitink, David Zinman, Charles Mackerras, Thomas Adès, especialmente se você, como eu, não liga tanto para o número de acessos no Spotify na hora de escolher o regente das sinfonias, e poderá voltar às essas gravações depois de ouvir estas, com o Teodor Currentzis regendo a MusicAeterna. Aposto que fará indulgências ao meu entusiasmo por elas. Não deixe de ouvi-las, especialmente se for caminhar… leve a Sétima!
Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)
Sinfonia No. 5 em dó menor, Op. 67
- Allegro con brio
- Andante con moto
- Allegro
- Allegro
Sinfonia No. 7 em lá maior, Op. 92
- Poco sostenuto
- Allegretto
- Presto
- Allegro con brio
MusicAeterna
Teodor Currentzis, regente
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FLAC | 307 MB
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MP3 | 320 KBPS | 164 MB
Veja parte da crítica da BBC Music Magazine, que você poderá ler na íntegra aqui e aqui: Where appropriate, they generate a rapier-like thrust that sweeps aside conventional thinking. It’s an exhilarating helter-skelter ride, which finds Currentzis (as if in full meditative flow) focusing on the music’s emotional narrative with electrifying powers of single- minded concentration.
Sobre a orquestra: The musicAeterna Orchestra and the musicAeterna Choir are among the most sought-after Russian ensembles, constantly seeking to extend themselves creatively, whether in terms of their historically informed performances, their new interpretations of 19th- and 20th-century works or their premieres of contemporary compositions. Their members hail from 15 countries.
Sou Beethoviano de carteirinha e “coleciono” versões de suas Sinfonias – a maioria só ouvi uma vez e nunca mais retorno… Algumas tradicionais retorno sempre (Bruno Walter, Carlos Kleiber, Karajan ou Gardiner) e acho interessante ousadias que revelem o inusitado em obras ultra-conhecidas. Mas, sinceramente, esse Currentzis me pareceu forçado, querendo soar diferente mas sem ter certeza do porque…
Olá, J. Eduardo!
Eu também, gosto demais da música do Ludovico, especialmente dos Concertos e das Sonatas para Piano. Ainda bem que há tantas opções que podemos deixar de gostar de algumas tantas gravações.
Obrigado por deixar a sua impressão.
Abraços
René
Eu que agradeço por toda a Cultura que vcs disponibilizam ! Abraços!
Da sétima a insuperável, para mim, é a do Krivine. Para a Quinta ainda mantenho o Norrington (HIP) no topo.
Olá, Pedro!
Obrigado por mencionar suas preferências. Vou buscar a gravação do Krivine… Da gravação do ciclo completo, feito (pioneiro) do Norrington, eu gosto muito do disco com as Sinfonias Nos. 2 e 8. Esse disco ganhou um prêmio da Gramophone, na época. Outro desse período que gosto muito é a Sinfonia No. 4, no ciclo gravado pelo Hogwood, no selo L’Oiseau Lyre. A Quinta, nem tanto, mas a Quarta, eu gosto…
Abração do
René
O disco do Kleiber com a 5ª e a 7ª é quase um mito e não sou eu que vou dizer mal porque, creio, é difícil fazê-lo. Se tivesse de limitar-me só a duas gravações das sinfonias em questão, possivelmente, ficaria com a 5ª do Giulini com a orquestra de LA, cuja capa está na postagem. A 7ª seria pelo Konwitschny com a Leipzig Gewandhaus Orchestra. Como se diz aqui em Portugal: ‘um power…’
Olá, Rui!
Certas gravações atingem esse status de incontestável, como é o caso das Sinfonias de Beethoven gravadas pelo Kleiber. Talvez o fato de ele ter gravado com menos frequência do que outros regentes tenha contribuído para tornar suas gravações icônicas, como é o caso da Sinfonia No. 4 de Brahms.
Eu certamente ouvirei a ‘powerosa’ gravação que você mencionou!
Obrigado pela visita e volte sempre!
Adoramos saber sua opinião…
Grande abraço do
René