Essa postagem foi minha estréia no PQPBach. Incrível que já tenha se passado tanto tempo, como diz a famosa expressão, “o tempo passa, o tempo voa”. Podemos nos orgulhar de sermos um dos primeiros blogs de música clássica no Brasil, anteriormente conversávamos em grupos especializados no saudoso Orkut, e foi ali que conheci o próprio PQPBach. Trocamos alguns Cds, discordamos sobre algumas gravações e imediatamente nos tornamos amigos. Eu recém tinha me formado, e também me mudara de cidade, e batia perna distribuindo currículos. No estresse do dia a dia, postar no PQPBach foi uma forma de relaxar, ouvir novamente meus discos favoritos, e conversar com pessoas que tinham o mesmo gosto que o meu. Até então, eu era apenas um melômano, colecionava discos, gastando praticamente boa parte de meu salário na sua aquisição.
Muitos blogs vieram e se foram, outros ficaram. As próprias gravadoras acabaram se adaptando a realidade, então surgiram alguns sites maiores, como o Avaxhome, ou o Israbox, se tornaram grandes fornecedores de conteúdo multimídia, fossem CDs, fossem livros digitais, ou até mesmo filmes. Os até então odiados MP3 se tornaram ainda mais frequentes, e as gravadoras tiveram de se adaptar. Era como se essas gravadoras e os próprios estúdios holywoodianos entendessem que seria bobagem lutar contra a maré da ‘revolução’ que se instalava por meio da Internet. E os engenheiros de som criaram novos formatos, para compensar a tal da perda de qualidade que o processo de conversão do áudio original para MP3 causava, surgindo assim os arquivos .FLAC, com melhor qualidade (mais perceptível para quem possui equipamentos de som de Alta Fidelidade). O aumento da velocidade de transmissão de dados também contribuiu para essa evolução. De ridículos 1 mb/s proporcionados pelos antigos modem adsl de quando comecei a postar, tivemos um aumento exponencial, e graças a instalação de cabeamento de fibra ótica, hoje as operadoras nos oferecem planos com velocidade de até 1, 5 TB / s, impensável até há alguns anos.
Mas o que importa é que o PQPBach conseguiu completar quinze anos. Alguns novos colegas chegaram, outros vieram e nos deixaram, um querido membro do grupo veio a falecer, o nosso saudoso Ammiratore, enfim, entre idas e vindas, continuamos firmes em nossa proposta original, proporcionar música de qualidade para nossos leitores – ouvintes. Como o Vassily faz questão de realçar, não nos preocupamos com quantidade, e sim com a qualidade. Alguns amigos me perguntam até hoje o que eu ganho com tanto empenho e trabalho. Respondo sempre que minha recompensa é a satisfação dos nossos leitores / ouvintes.
E é aos senhores que agradeço nestas comemorações.
E esse CD com o qual iniciei minha contribuição é muito especial.
No mar de gravações disponíveis das sinfonias de Beethoven, quase todo mundo tem suas preferências. Por isto, é surpreendente que as gravações do berlinense Carlos Kleiber (1930-2004) tenham se tornado um consenso nos últimos anos. Excêntrico e considerado um gênio por outros regentes, Kleiber tinha um repertório menor do que o comum dos maestros, os quais costumam aceitar qualquer empreitada. Gravou poucas óperas e poucos autores sinfônicos, mas suas intervenções, principalmente em Beethoven e Brahms, mereceram sempre os elogios mais rasgados. A gravação da 5ª Sinfonia de Beethoven, vinda diretamente do acervo de F.D.P. Bach, recebeu considerações nestes termos: “É como se Homero tivesse retornado para nos recitar a Ilíada”.
E, bem, trata-se de um Homero de extraordinária energia e entusiasmo. Não poderíamos iniciar melhor a participação de Beethoven no P.Q.P. Bach.
1. Symphony No. 5 In C Minor, Op. 67: 1 – Allegro con brio
2. Symphony No. 5 In C Minor, Op. 67: 2 – Andante con moto
3. Symphony No. 5 In C Minor, Op. 67: 3 – Allegro
4. Symphony No. 5 In C Minor, Op. 67: 4 – Allegro
5. Symphony No. 7 In A Major, Op. 92: 1 – Poco sostenuto – vivace
6. Symphony No. 7 In A Major, Op. 92: 2 – Allegretto
7. Symphony No. 7 In A Major, Op. 92: 3 – Presto
8. Symphony No. 7 In A Major, Op. 92: 4 – Allegro con brio
Vienna Philharmonic Orchestra
Reg.: Carlos Kleiber
Abraços, e uma boa semana.
Franz Dietrich Putz Bach.
Parabéns!!!
Muito, muito obrigado por existirem/resistirem.
HP
Parabéns!!!!!!! Que venham mais!!!! Sugestão para o aniversário: as sonatas de Beethoven com a grande Uchida!!!!!
Não.
Parabéns! É como se um mestre querido estivesse de aniversário, aquele sempre tão inspirador e distante. Sou muito grato a este blog, o qual, no final das contas, diz respeito ao estímulo à ampliação de horizontes da formação humanística, ao amor e reverência à arte. Por muito tempo o blog me intimidou, e sequer esboçava a publicação de um comentário — havia fina erudição nas postagens e também nos comentários, por que então iria expor minha ignorância? Em políticas públicas, há o mote segundo o qual tudo o que se sabe é óbvio. Para quem não tem contato ou está em seu limiar, o ambiente da música clássica apresenta inúmeras barreiras, muitas vezes simbólicas e sociais, e não tenho dúvida de que tal procedimento de desigualdade é evocado deliberadamente, sem amor, para fins de distinção, de erudição em si como um objeto de luxo, ou uma série de posturas e atitudes estabelecidas por regras de etiqueta, a fim de diferenciação. O caso oposto do blog, sempre tão franco, honesto e fausto na ação de reverenciar e compartilhar a música, e este fator acaba por ser um feito social de resistência. Sempre me lembro do relato de Lima Barreto, maravilhado e entusiasmado com os grandes autores que lia, mas era um sentimento surdo e abafado, no trabalho não tinha com quem falar acerca daquilo que tanto o apaixonava. E o blog é a certeza de um espaço afetuoso a essa sensibilidade. Edificante. Obrigado! São muitas mãos, e é notável a riqueza que tal diversidade traz, diversidade de humor, de estilo e de repertório, a gerar ligação; de tristeza e pesar, quando nos lembramos de Ammiratore.