Alessandro Scarlatti (1660-1725): Toccatas e Folia, na espineta oval de Cristofori

A estrela desse disco é o instrumento musical: a reconstrução da espineta oval criada por Bartolomeo Cristofori dez anos antes de começar a fabricar os ancestrais do piano moderno. A espineta é uma espécie de versão mais compacta do cravo e costuma ter um som mais leve, mas o instrumento de Cristofori tem algo da riqueza de tom do cravo, sendo um pouco como um cruzamento entre os dois.

O encarte do disco traz informações fascinantes sobre a relação dos Scarlatti pai e filho com Florença, cidade importante na carreira dos dois, embora tenham passado a maior parte de suas vidas em Nápoles, Roma (ambos) e Madrid (o filho). A família Medici começou com banqueiros que ficaram podres de ricos por volta de 1400. No período barroco, já eram Grão-Duques da Toscana e patrocinaram artistas como Alessandro Scarlatti e Händel. Porém, pelo jeito eles não mantinham compositores como mestres de capela ou outros cargos semelhantes, ao contrário dos reis em Paris, Madrid, e Berlim, dos duques em Weimar e Dresden… Usando palavras atuais – e, claro, tomando certa liberdade – podemos imaginar que os Medici, seguindo sua tradição de banqueiros, preferiam pagar seus artistas por projeto e depois mandá-los se virar, ao invés de mantê-los como funcionários estáveis por décadas… Sabe aquele patrão que não quer assinar a carteira? Isso para os artistas, porque o tratamento dado ao artesão Bartolomeo Cristofori (1655-1731) foi bem diferente. Em 1688 ele foi convidado pelo Príncipe Ferdinando de Medici para trabalhar para ele, construindo e restaurando cravos e espinetas e supervisionar o vai-e-vem de instrumentos entre os vários palácios dos Medici, posto que ocupou até a morte do príncipe (1713). Nesse período, a segurança financeira que ele tinha certamente contribuiu para que ele pudesse inventar o pianoforte. Como nos conta o encarte do disco, que traduzo aqui em parte, mas vale ser lido na íntegra:

Cristofori, nascido em Pádua (Padova), foi convidado a residir em Florença pelo Príncipe Ferdinando em 1688. Recebia um salário regular e foi admitido como um membro dos “virtuosi di camera” do Príncipe. Ali, Cristofori desenvolveu o pianoforte (descrito a partir de 1700) e inventou novas formas técnicas para outros instrumentos, experimentando com madeiras preciosas.

A espineta oval de 1690 é um instrumento notável por sua forma, pelas madeiras nobres e por sua inovação técnica. É o primeiro testemunho do gênio inventivo do homem. Ele construiu duas dessas espinetas para o Príncipe Ferdinando. Pela fatura mantida no arquivo dos Medici, sabemos que Cristofori calculou, para a espineta, o salário de dez meses de um ajudante, e que após calcular a soma de gastos com materiais, ele dobra o valor no final: “mia fattura“.

Desde 2001 a espineta oval de 1690 está à mostra no departamento de instrumentos musicais da Galleria dell’Academia de Florença. Nesses instrumentos, Cristofori combinou as vantagens do cravo – longas cordas de baixo e dois registros de oitavas – com a leveza da espineta, criando um instrumento esteticamente elegante e atraente.

O Príncipe Ferdinando de Medici tocava violino, cravo, cantava, e era um dos principais mecenas das artes de seu tempo. Ele manteve com Alessandro Scarlatti uma rica correspondência de cerca de 60 cartas conservadas em Florença. O primeiro contato foi em 1683, quando da produção de uma ópera de Scarlatti em Siena, montada depois em Florença em 1686. Até 1709, houve obras de A. Scarlatti (ópera, drama, oratório, comédias) em quase todas as temporadas musicais em Florença.

Foi em julho de 1702 que Alessandro Scarlatti chegou à cidade com seu filho Domenico, de 17 anos. Em agosto ele conduziu um moteto de sua autoria para o aniversário do Príncipe Ferdinando. Em setembro a sua ópera Flavia Cuniberto foi montada no Teatro Pratolino. Em outubro eles voltaram para Roma, sem conseguir obter o posto esperado na corte dos Medici. As cartas do compositor em 1702 fazem menções sutis a esse posto fixo que ele desejava. Em 1705, Alessandro escreveu ao príncipe elogiando as habilidades de seu filho, virtuoso cravista. Meses depois, Domenico Scarlatti visitou Florença, desta vez sem seu pai. Tudo indica ele também queria um posto fixo junto aos Medici e também ficou a ver navios. O máximo que Ferdinando de Medici lhe ofereceu foi uma carta de recomendação a um nobre de Veneza. Não se sabe os detalhes mas talvez tenha sido importante o carimbo de um Medici: Domenico viveu alguns anos em Veneza, voltando a Roma só em 1709.

É muito provável que em sua estadia de quatro meses em Florença os Scarlatti tenham visto e tocado na espineta oval de Cristofori. Nas décadas de 1720 e 30, Domenico Scarlatti chega a Portugal e Espanha e logo depois as cortes desses países encomendam pianofortes, o que atesta o papel de Domenico na difusão desse ainda raro instrumento. As toccatas de Alessandro combinam fragmentos da linguagem modal do renascimento italiano com modulações mais modernas. Elementos similares de improviso são encontrados nas composições de seu filho Domenico. E para quem gosta de obras de variações sobre um tema, é imperdível a “Toccata con Partite” de Scarlatti – em uma tradução literal: Toccata em várias Partes sobre a Folia de Espanha. Nas Partitas Corais de Bach, para órgão, a palavra partita mantém este significado de muitas partes variando um mesmo tema, embora nas Partitas para cravo, já seja outro o significado. Sobre a Folia de Espanha, que provavelmente teve origem no carnaval português, veja esta e esta postagem de PQP.

Alessandro Scarlatti (1660-1725):
1-2. Toccata in re (Toccata / Fuga)
3. Allegro in sol
4-5. Toccata in Do (Toccata / Fuga)
6-8. Toccata in sol (Arpeggio / Fuga / Corrente)
9-12. Toccata in mi (Toccata / Fuga / Allegro / Minuet)
13-14. Toccata in la (Largo – Allegro / Corrente Allegro)
15-17. Toccata in Sol (Toccata / Spirituoso / Presto)
18. Fuga in Sol
19-21. Toccata in re (Toccata / Fuga / Fuga)
22-24. Toccata in Re (Toccata / Un poco largo / Allegro)
25. Fuga in re
26-48. Toccata con Partite sulla Follia di Spagna (in re)

Ella Sevskaya – spinetta ovale / espineta oval / oval spinet (copy of Cristofori, 1690)

Obs: nos títulos das obras, letra minúscula (ex: re) significa tom menor e maiúscula (ex: Re) é tom maior.

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – MP3 320 kbps

Cópia (2003) da espineta oval feita por Cristofori em 1690

Pleyel

Franz Berwald (1796-1868): Sinfonia Nº 3 “Singular”, Nº 4 “Naive” e Concerto para Piano (Kamu)

Franz Berwald (1796-1868): Sinfonia Nº 3 “Singular”, Nº 4 “Naive” e Concerto para Piano (Kamu)

IM-PER-DÍ-VEL !!!!

Um dia, estava dirigindo para o trabalho e a Sinfonia Singular começou a tocar na rádio da UFRGS. Cheguei a meu destino ao final do primeiro movimento e não consegui sair de dentro do carro até o final. Eu simplesmente TINHA que saber o que era aquilo. Era 1989. Então, o locutor anunciou Franz Berwald? Berwald? Who the fuck is Berwald? Importei um vinil alemão e, com a Singular, veio este notável Concerto para Piano que também há neste CD da Naxos.

Fiquei meio abobalhado. Depois conheci o Septeto (que logo pretendo postar) e outras obras igualmente muito boas. A magia quebrou-se com os Poemas Sinfônicos, que não chegam aos pés das sinfonias e das obras de câmara que possuo.

Mas o que importa é que — sério! — este é um dos melhores CDs que tenho. É absolutamente inesperado e surpreendente. O sueco Berwald pode não ter sido constante, mas quando acertava uma obra, acertava mesmo. Não deixem de ouvir com atenção a Singular. É música de primeiríssima linha. O primeiro movimento é irresistível e o resto não lhe fica muito atrás. O Concerto para Piano também é excelente! Pois é, Berwald foi um mestre!

Franz Berwald (1796-1868): Sinfonia Nº 3 “Singular”, Nº 4 “Naive” e Concerto para Piano (Kamu)

1. Symphony No. 3 in C major, “Sinfonie singulière”: I. Allegro fuocoso 11:47
2. Symphony No. 3 in C major, “Sinfonie singulière”: II. Adagio – Scherzo: Allegro assai – Adagio 9:02
3. Symphony No. 3 in C major, “Sinfonie singulière”: III. Finale: Presto 8:25

4. Piano Concerto in D major: I. Allegro con brio 9:27
5. Piano Concerto in D major: II. Andantino 5:14
6. Piano Concerto in D major: III. Allegro molto 6:06

7. Symphony No. 4 in E flat major, “Sinfonie naive”: I. Allegro risoluto 8:54
8. Symphony No. 4 in E flat major, “Sinfonie naive”: II. Adagio 6:33
9. Symphony No. 4 in E flat major, “Sinfonie naive”: III. Scherzo: Allegro molto 5:32
10. Symphony No. 4 in E flat major, “Sinfonie naive”: IV. Finale: Allegro vivace 6:36

Niklas Sivelöv, piano
Helsingborg Symphony Orchestra
Okko Kamu

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O topetinho do bofe…

PQP

Gustav Mahler (1860-1911): Das Klagende Lied / Symphony No. 10 (Haitink)

Gustav Mahler (1860-1911): Das Klagende Lied / Symphony No. 10 (Haitink)

Das klagende Lied é uma Cantata composta entre 1878 e 1880 por Gustav Mahler. Ou seja, entre os 18 e 20 anos do compositor. Mahler começou a escrever Das klagende Lied, provavelmente inspirado num conto de fadas de Ludwig Bechstein, durante o inicio do último ano no Conservatório de Viena, onde estudou entre 1875 e 1878. A Cantata divide-se em 3 partes: Waldmärchen (Lenda da Floresta), Der Spielmann (O Trovador) e Hochzeitsstück (Peça de Casamento). Modificada por Mahler entre 1893 e 1898, a Cantata (sem Waldmärchen) estreou em 17 de fevereiro de 1901 em Viena.

Eu acho essa música sensacional, principalmente a Waldmärchen, mas houve drama… A Cantata foi apresentada em uma competição de composições — o Prêmio Beethoven. Entre os juízes estava Brahms e ele deu o primeiro lugar para um tal Robert Fuchs (1847-1927), em vez de para a cantata de Mahler. Dizem que Brahms a achou detestavelmente wagneriana. Em 1883, Mahler, mostrou trabalho a Liszt, mas, mais uma vez, ele foi rejeitado. O velho opinou que a Waldmärchen era um horror. Por outro lado, o CD também traz o último trabalho de Mahler, o fragmento inicial de sua 10ª Sinfonia, a qual permaneceu incompleta.

Gustav Mahler (1860-1911): Das Klagende Lied / Symphony No. 10

1. Das Klagende Lied – Beim Weidenbaum, Im Kuhlen Tann
2. Das Klagende Lied – Ein Spielmann Zog Einst Des Weges Daher
3. Das Klagende Lied – Ach Spielmann, Lieber Spielmann Mein
4. Das Klagende Lied – Von Hohen Felsen Erglanzt Das Schlo
5. Das Klagende Lied – Was Ist Der Konig So Stumm Und Bleich
6. Das Klagende Lied – Ach Spielmann, Lieber Spielmann Mein
7. Das Klagende Lied – Auf Springt Der Konig Van Seinem Thron
8. Das Klagende Lied – Ach Bruder, Lieber Bruder Mein!

9. Symphony No. 10 In F Sharp Major – Andante – Adagio

Heather Harper, soprano
Norma Procter, contralto
Werner Hollweg, tenor

Netherlands Radio Chorus
Royal Concertgebouw Orchestra
Bernard Haitink, conductor

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Vocês vão pensar que eu estou brincando, mas este era Mahler aos 23 anos, o mesmo que foi "torturado por Brahms e Lizst.
Vocês vão pensar que eu estou brincando, mas este era Mahler aos 23 anos, o mesmo que foi “torturado” por Brahms e Liszt.

PQP

Donne Barocche: Women Composers from the Baroque Period (Roberta Invernizzi, Bizzarrie Armoniche)

Donne Barocche: Women Composers from the Baroque Period (Roberta Invernizzi, Bizzarrie Armoniche)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Donne Barocche, ou Mulheres Barrocas, traz apenas compositoras do período barroco. O álbum, originalmente lançado pelo selo Opus 111 em 2001, foi merecidamente resgatado para reedição pela Naïve. O disco foi uma baita novidade, abriu novos caminhos quando apareceu pela primeira vez e a reedição é mais do que bem-vinda. Toda a música vem do último terço do século XVII e da primeira década do século XVIII. Os nomes da compositora e cantora Barbara Strozzi e da tecladista francesa Elisabeth Jacquet de la Guerre são bastante conhecidos pelos entusiastas da história da música feminina e estão começando a entrar no repertório de recitais, mas as outras quatro compositoras que estão aqui ainda são novidades, exceto para os estudiosos. A Sonata duodecima de Isabella Leonarda, uma freira de Novara, é uma corrida selvagem de cromatismo e ornamento com afinidades com o estilo fantástico alemão, o Lamento della Vergine, de Antonia Bembo, também membro de um comunidade religiosa feminina, é um bom exemplo do estilo piedoso dramático que foi um dos precursores do idioma das Cantatas de Bach. Tudo se beneficia pelo canto apaixonado da soprano Roberta Invernizzi e do acompanhamento animado da Bizzarrie Armoniche, uma ramificação do pioneiro grupo italiano Il Giardino Armonico. É um disco essencial para uma estante barroca, e um bom começo para se conhecer a música feita pelas mulheres do passado, tão reprimidas em seus talentos.

Donne Barocche: Women Composers from the Baroque Period (Roberta Invernizzi, Bizzarrie Armoniche)

Elizabeth-Claude Jacquet de la Guerre
Sonata for violin & continuo No. 2 in D major
01. I. Presto
02. II. Adagio
03. III. Presto
04. IV. Presto

Barbara Strozzi
05. Serenata “Hor che Appolo” from “Arie” op.8
06. Ariettas for solo voice, Op 6: Miei pensieri, Arietta for soprano and basso continuo

07. Elizabeth-Claude Jacquet de la Guerre
Suite in D minor (from Pièces de Clavecin, 1687): Prelude

08. Antonia Bembo – Lamento della Vergine, cantata for soprano & continuo (from Produzioni Armoniche MS Paris 1697-1701)

09. Elizabeth-Claude Jacquet de la Guerre – Suite in D minor (from Pièces de Clavecin, 1707): La Flamande E double, Allemande

10. Rosa Giacinta Badalla – Non plagente, for soprano & continuo (from Mottetti a voce sola, Venezia 1684)

Isabella Leonarda – Sonatas a 1-4 (12), Op 16: Sonata duodecima in D minor for violin solo & continuo
11. I. Adagio
12. II. Allegro a Presto
13. III. Vivace e Largo
14. IV. Aria Allegro
15. V. Veloce

16. Bianca Maria Meda – Cari Musici, motetto for soprano, 2 violins & continuo (Motteti a uno, due, tre, quattro voci, Bologna 1691)

Roberta Invernizzi, soprano
Bizzarrie Armoniche

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Jovem com Violino — Orazio Gentileschi (1612)

PQP

Johannes Brahms (1833-1893): Sinfonias (Chailly, Gewandhausorchester Leipzig)

Johannes Brahms (1833-1893): Sinfonias (Chailly, Gewandhausorchester Leipzig)

Riccardo Chailly já gravou duas integrais das Sinfonias de Johannes Brahms. A primeira, em  1988, ele gravou com a Orquestra do Concertgebouw, de Amsterdam. Em 2013, encarou novamente o desafio, desta vez com a Gewandhausorchester Leipzig, que é a que trago para os senhores hoje.

É difícil escolher qual delas é a melhor, nem sei se vem ao caso discutir isso. São gravações realizadas em dois momentos distintos, vinte e poucos anos de experiência adquirida, maturidade, enfim.  O que posso dizer que ambas foram bem recebidas pela crítica.

Também não vem ao caso discutir as obras, de tantas vezes que elas já apareceram por aqui. Já escrevemos várias linhas sobre elas, principalmente sobre a primeira. Procurem ali na lupa postagens lá dos primórdios do PQPBach, ainda antes da virada da primeira década do século.

Riccardo Chailly também dispensa apresentações, é figurinha carimbada por aqui. Lembro que minha primeira postagem com ele foi da incendiária gravação com Martha Argerich do Terceiro Concerto para Piano de Rachmaninov, um primor em todos os seus detalhes.

Sempre digo por aqui que Brahms não deve ser ouvido apenas como música ambiente, música de fundo. Para uma melhor apreciação é necessária uma certa concentração, assim conseguimos distinguir o que há nas entrelinhas. Para o meu gosto, nesta gravação que ora vos trago Chailly acelerou um pouco os tempos, mas isso não atrapalha o conjunto da obra. Vale e muito a audição, principalmente por causa da espetacular orquestra de Leipzig.

Espero que apreciem.

Johannes Brahms (1833-1893): Sinfonias (Chailly, Gewandhausorchester Leipzig)

CD 1

Symphony No. 1 In C Minor, Op. 68
1 I Un Poco Sostenuto, Allegro
2 II Andante Sostenuto
3 III Un Poco Allegretto E Grazioso
4 IV Adagio, Allegro Non Troppo Ma Con Brio

Symphony No. 3 In F Major, Op. 90
5 I Allegro Con Brio
6 II Andante
7 III Poco Allegretto
8 IV Allegro

CD 2

Symphony No. 2 In D Major, Op. 73

1 I Allegro Non Troppo
2 II Adagio Non Troppo
3 III Allegretto Grazioso
4 IV Allegro Con Spirito

Symphony No. 4 In E Minor,
5 I Allegro Non Troppo
6 II Andante Moderato
7 III Allegro Giocoso
8 IV Allegro Energico E Passionato
9 Symphony No. 4 In E Minor, Op. 98: Alternative Opening

CD 3

1 Tragic Overture, Op. 81: Allegro Ma Non Troppo – Molto Più Moderato – Tempo Primo Ma Tranquillo
2 Intermezzo, Op.116 No.4: Adagio
3 Intermezzi, Op.117: Andante Moderato

Variations On A Theme By Joseph Haydn, Op.56a
5 Tema: Chorale St. Antoni. Andante
6 Var.1: Poco Più Animato
7 Var.2: Più Vivace
8 Var.3: Con Moto
9 Var.4: Andante Con Moto
10 Var.5: Vivace
11 Var.6: Vivace
12 Var.7: Grazioso
13 Var.8: Presto Non Troppo
14 Finale: Andante

9 Liebeslieder-Walzer From Opp.52 & 65

15 Op.52 No.1
16 Op.52 No.2
17 Op.52 No.3
18 Op.52 No.4
19 Op.52 No.5
20 Op.65 No.9
21 Op.52 No.11
22 Op.52 No.8
23 Op.52 No.9

24 Symphony No.1 In C Minor, Op. 68: II Andante (Original First Performance Version)
25 Academic Festival Overture, Op. 80 (Allegro – Maestoso – Animato – Maestoso)

3 Hungarian Dances
26 No.1 In C Minor: Allegro Molto
27 No.3 In F: Poco Più Animato
28 No.10 In F: Presto

Gewandhausorchester Leipzig
Riccardo Chailly – Conductor

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PQP

.: interlúdio :. Koko Taylor – Deluxe Edition ֍

.: interlúdio :. Koko Taylor – Deluxe Edition ֍

Gênero:

Funk / Soul, Blues

Estilo:

Rhythm & Blues, Chicago Blues, Electric Blues

 

Eu adoro tangerinas! Quando elas aparecem é inverno. Dependendo de onde você vem ou com quem você convive, pode chamá-las mexericas, ponkans, mimosas ou até morgotes, carregando no r antes do g.

Mas estou falando em tangerinas apenas para lembrar que se é inverno aqui, lá em Chicago é verão. E no verão de Chicago há festivais. Uma cidade a beira de um enorme lago, com ótimos espaços abertos que sabe usá-los quando chega o calor, que costuma ser forte e tem muita ‘humidez’, como dizia meu amigo gringo.

Um destes festivais é o Taste of Chicago, de comidas típicas das muitas etnias que a cidade congrega. Um enorme festival de comida de rua para enlouquecer o Sérgião Loroza.

Tem também o Chicago Blues Festival, pois Chicago é cidade do Blues – de grandes artistas e clubes famosos. Entre eles reinou The Queen – Koko Taylor, uma espécie assim de Tim Maia de saias que transpirava musicalidade e arrastava multidões. Ela e sua Blues Machine.

Buddy Guy

Este disco da postagem é uma compilação de gravações que ela fez para a Alligator Records e conta com alguns de seus maiores sucessos. Quem conhece Muddy Waters e sua Mannish Boy não vai estranhar a primeira música do disco – I’m a Woman. Depois, Born Under a Bad Sign vai mexer até com quem nasceu neste século, assim como Hey, Bartender.

Loroza, depois de provar mexican fried ice cream..

Eu que já estive em uns dois shows dela, sei o quanto Let the Good Times Roll e Wang Dang Doodle podem arrastar multidões.

Outra atração do disco são alguns convidados como Buddy Guy – que tem um ótimo clube de Blues em Chicago -, Pinetop Perkins, entre outros, até o famoso B.B. King. Enfim, como diria um arguto crítico amador: um álbum sem uma única faixa ruim…

Koko Taylor – Deluxe Edition

  1. I’m a Woman – (Ellas McDaniel / Koko Taylor)
  1. Beer Bottle Boogie – (Scott)
  1. Born Under a Bad Sign – (William Bell / Booker T. Jones)
  1. Mother Nature – (Milton Campbell)
  1. Hey Bartender – (Floyd Dixon)
  1. I’d Rather Go Blind – (Bill Foster / Ellington Jordan)
  1. Man Size Job – (Koko Taylor)
  1. Let the Good Times Roll – (Fleecie Moore / Sam Theard)
  1. Voodoo Woman – (Koko Taylor)
  1. Wang Dang Doodle – (Willie Dixon)
  1. Stop Watching Your Enemies – (Koko Taylor)
  1. Sure Had a Wonderful Time Last Night – (Louis Jordan)
  1. Come to Mama – (Willie Mitchell / Earl Randle)
  1. Time Will Tell – (Paul Gayten)
  1. Blues Hotel – (John Hahn / Jon Tiven)

Koko Taylor

and her Blues Machine

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MP3 | 320 KBPS | 129 MB

The Queen, Koko Taylor!

Uma crítica deixada na página da Amazon: This is truly a great album. Koko’s range of vocals is absolutely amazing. From sweetness on the balads to the raw power on the blues to the groove on the rockers. The ability to mix them all on a single word make her talent unmatched. One minute she sounds as sweet as Etta James the next minute she sounds more raw than Janis joplin. Reminds why the classic rock and blues songs are classic. The musicians with her are great and the recording is clean balanced and well mixed. On a scale of five star this is a ⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

Se for a Chicago, não deixe de ir a algum Clube de Blues…

Aproveite!

René Denon

W. A. Mozart (1756-1791): Réquiem / Inter Natos Mulierum / Misericordias Domini (Schuldt-Jensen)

W. A. Mozart (1756-1791): Réquiem / Inter Natos Mulierum / Misericordias Domini (Schuldt-Jensen)

Um bom disco. Já ouvi melhores Réquiens de Mozart, creio eu. Este e este são melhores, por exemplo. Para quem não sabe, o Réquiem K. 626 é uma missa fúnebre encomendada pelo Conde Franz von Walsegg e foi deixada incompleta devido à morte de Mozart em 5 de Dezembro de 1791. É sua última composição, deixada assim devido à sua morte, um Réquiem. É claro que isso acabaria em lendas, histórias, ficções, etc.

Mozart conseguiu terminar apenas poucas partes do Réquiem. Toda a orquestração do Requiem Aeternam, um rascunho detalhado do Kyrie, trechos instrumentais, o coro e o baixo cifrado do Sequentia até a Lacrimosa, que apresentava apenas 8 compassos. Também havia todas as vozes e baixos cifrados do Domine Jesu e do Hostias. Cinco dias após sua morte, em 10 de Dezembro de 1791, o Introitus foi tocado em um serviço para o próprio Mozart na Igreja de Miguel Arcanjo em Viena (os seus tímpanos e trompetes foram adicionados posteriormente por Franz Xaver Süßmayr).

Em 21 de Dezembro de 1791, o jovem Joseph Eybler foi encarregado por Constanze de terminar a obra, afinal, Mozart deixou dívidas enormes para Constanze, fazendo com que ela precisasse dos outros 25 ducados restantes da comissão. No entanto, após completar todas as partes dos instrumentos de cordas da Sequentia e toda a orquestração do Dies Irae e do Confutatis, além de ter adicionado dois compassos na linha do soprano da Lacrimosa, Eybler desistiu por razões desconhecidas.

Após tentar com que vários compositores terminassem a obra, Constanze aproximou-se de Süßmayr. Ele coletou diversos rascunhos e finalizou a orquestração da obra, além de compor o resto da Lacrimosa, todo o Sanctus, Benedictus e Agnus Dei, e repetir parte do Requiem Aeternam para a Lux Aeterna. Ficou bonzinho, mas não se compara com as partes Mozart do Réquiem.

W. A. Mozart (1756-1791): Réquiem / Inter Natos Mulierum / Misericordias Domini (Schuldt-Jensen)

1 Inter Natos Mulierum, K. 72 5:09
2 Misericordias Domini, K. 222 6:02

Requiem In D Minor, K. 626 40:54

3 I. Introitus: Requiem Aeternam 4:05
4 Kyrie Eleison 2:15

III Sequentia:
5 Dies Irae 1:38
6 Tuba Mirum 2:46
7 Rex Tremendae Majestatis 1:47
8 Recordare, Jesu Pie 4:27
9 Confutatis Maledictis 1:51
10 Lacrimosa Dies Illa 2:38

IV Offertorium
11 Domine Jesu Christe 3:05
12 Hostias Et Preces 3:18
13 V Sanctus 1:23
14 VI Benedictus 4:24
15 VII Agnus Dei 2:25
16 VIII Lux Aeterna 4:52

Bass Vocals – Martin Snell (2)
Choir – GewandhausKammerchor, GewandhausKammerchor
Composed By – Wolfgang Amadeus Mozart (tracks: 1 to 12)
Composed By [Completed By] – Franz Xaver Süssmayr (tracks: 7 to 16)
Conductor – Morten Schuldt-Jensen
Mezzo-soprano Vocals – Anne Buter
Orchestra – Leipziger Kammerorchester, Leipziger Kammerorchester
Soprano Vocals – Miriam Allan
Tenor Vocals – Marcus Ullmann

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Morten Schuldt-Jensen comandando a massa e dando as ordens no terreiro. Alô, alô, seu Chacrinha, velho guerreiro.

PQP

Béla Bartók (1881-1945): Quartetos Nº 5 e 6 e Contrastes (Tátrai / Berkes / Kocsis / Miklós) #BRTK140 Vol. 9 de 29

Béla Bartók (1881-1945): Quartetos Nº 5 e 6 e Contrastes (Tátrai / Berkes / Kocsis / Miklós) #BRTK140 Vol. 9 de 29

Aqui, toda a coleção.

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Nesta série, já comentamos extensivamente os quartetos de Bartók, então focarei o texto na obra que que finaliza este CD. Contrastes é um dos clássicos da música de câmara do século XX. Composta em 1938, a obra foi encomendada pelo clarinetista americano Benny Goodman e pelo violinista Joseph Szigeti, tendo sido parcialmente estreada (sem o segundo movimento) em janeiro de 1939, no Carnegie Hall de Nova Iorque. A obra tem três movimentos, na clássica sucessão rápido-lento-rápido. O primeiro andamento intitula-se “Verbunkos” (Dança de recrutamento) e, como o título sugere, as ideias musicais vão sendo apresentadas e desenvolvidas de modo progressivo e hesitante. O clarinete tem um papel especialmente importante neste andamento, começando por apresentar o tema principal e concluindo o andamento com uma cadência. O segundo andamento – “Piheno” (Repouso) – começa com um contraponto entre o violino e o clarinete, muito tenso e expressivo. Apesar do carácter mais introspectivo deste andamento, a intensidade acaba por crescer e é apresentado um tema de carácter mais dançante, prenunciando já o andamento seguinte. Este – “Sebes” (Dança viva) – tem um caráter mais vivo, que lembra Poulenc, ritmicamente marcado, evocando os ritmos populares de origem búlgara que o compositor havia pesquisado in loco.

Dificilmente se pode apontar um compositor cuja música seja mais colorida, vital, provocativa e variada e, acima de tudo, mais pessoal, do que a de Bela Bartók. Era seu destino único — tendo absorvido as influências de Brahms, Strauss, Liszt, Debussy e Stravinsky –, o de encontrar o elemento que deveria unir quimicamente os componentes influenciadores e torná-los uma solução bartokiana pura. Esse elemento era a música folclórica de sua Hungria natal e arredores. O folclore da região continha ritmos irregulares, melodias severamente simples, cuja ascensão e queda resultavam de padrões de fala. Por outro lado, havia os melismas extensos e ornamentados que fluem com intensidade rapsódica. Também temos aquilo qua mais nos encanta: a energia bárbara e, em contraste, a maravilhosa calma. Em 1938, quando o clarinetista Benny Goodman e o violinista Joseph Szigeti encomendaram uma obra a Bartók, o compositor já estava maduro e tinha um estilo claro, Mas até então, não havia usado um instrumento de sopro em um trabalho de câmara, como muitos de seus colegas (Stravinsky, Hindemith) haviam feito. Ao contemplar como ele combinaria os timbres díspares do clarinete, violino e do piano, ele aparentemente decidiu capitalizar suas diferenças: Contrastes.

Embora fosse o próprio Bartók a executar a composição com Goodman e Szigeti, ele concebeu uma parte para piano que, embora longe de ser superficial ou insignificante, ainda não é tão proeminente como um virtuoso pianista-compositor poderia ter fornecido para si mesmo. Em vez de ter um papel central, o piano abre espaço para o clarinete e o violino. Por outro lado, reconhecendo o domínio dos dois intérpretes para quem ele compunha, Bartók explorou as possibilidades do clarinete e do violino ao máximo. Como não é incomum, o clarinetista é chamado dois tipos de clarinete. Mas o que é incomum é o violinista usar também dois instrumentos, um afinado tradicionalmente, o outro afinado diferentemente, para uso no início do último movimento. Tocando assim a scordatura (mal afinada), o violino produz quintas diminutas em dois pares de cordas soltas, um efeito diabólico que Bartók obviamente buscava para o movimento de dança vivo.

Béla Bartók (1881-1945): Quartetos Nº 5 e 6 e Contrastes (Tátrai / Berkes / Kocsis / Miklós) #BRTK140 Vol. 9 de 29

1 String quartet No. 5 in B-flat major, Sz. 102, BB 110: I. Allegro
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 5, Sz. 102, BB 110: I. Allegro
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1934)
part of:
String Quartet no. 5, Sz. 102, BB 110
7:35

2 String quartet No. 5 in B-flat major, Sz. 102, BB 110: II. Adagio molto
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 5, Sz. 102, BB 110: II. Adagio molto
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1934)
part of:
String Quartet no. 5, Sz. 102, BB 110
6:00

3 String quartet No. 5 in B-flat major, Sz. 102, BB 110: III. Scherzo
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 5, Sz. 102, BB 110: III. Scherzo, alla bulgarese. Trio
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1934)
part of:
String Quartet no. 5, Sz. 102, BB 110
4:54

4 String quartet No. 5 in B-flat major, Sz. 102, BB 110: IV. Andante
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 5, Sz. 102, BB 110: IV. Andante
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1934)
part of:
String Quartet no. 5, Sz. 102, BB 110
4:49

5 String quartet No. 5 in B-flat major, Sz. 102, BB 110: V. Finale
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 5, Sz. 102, BB 110: V. Finale. Allegro vivace
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1934)
part of:
String Quartet no. 5, Sz. 102, BB 110
7:04

6 String quartet No. 6 in D major, Sz. 114, BB 119: I. Mesto – piu mosso, pesante – vivace
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 6, Sz. 114, BB 119: I. Mesto. Vivace
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1939)
part of:
String Quartet no. 6, Sz. 114, BB 119
6:59

7 String quartet No. 6 in D major, Sz. 114, BB 119: II. Mesto – marcia
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 6, Sz. 114, BB 119: II. Mesto. Marcia
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1939)
part of:
String Quartet no. 6, Sz. 114, BB 119
7:36

8 String quartet No. 6 in D major, Sz. 114, BB 119: III. Mesto – burletta. Moderato
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 6, Sz. 114, BB 119: III. Mesto. Burletta. Moderato
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1939)
part of:
String Quartet no. 6, Sz. 114, BB 119
6:35

9 String quartet No. 6 in D major, Sz. 114, BB 119: IV. Mesto
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 6, Sz. 114, BB 119: IV. Mesto
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1939)
part of:
String Quartet no. 6, Sz. 114, BB 119
6:32

10 Contrasts for clarinet, violin & piano, Sz. 111, BB 116: I. Verbunkos
clarinet:
Kálmán Berkes (clarinetist)
piano:
Zoltán Kocsis (pianist)
violin:
Szenthelyi Miklós
recording of:
Kontrasztok, Sz. 111: I. Verbunkos. Moderato, ben ritmico
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1938)
part of:
Kontrasztok, Sz. 111
5:26

11 Contrasts for clarinet, violin & piano, Sz. 111, BB 116: II. Piheno
clarinet:
Kálmán Berkes (clarinetist)
piano:
Zoltán Kocsis (pianist)
violin:
Szenthelyi Miklós
recording of:
Kontrasztok, Sz. 111: II. Pihenő. Lento
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1938)
part of:
Kontrasztok, Sz. 111
4:46

12 Contrasts for clarinet, violin & piano, Sz. 111, BB 116: III. Sebes
clarinet:
Kálmán Berkes (clarinetist)
piano:
Zoltán Kocsis (pianist)
violin:
Szenthelyi Miklós
recording of:
Kontrasztok, Sz. 111: III. Sebes. Allegro vivace
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1938)
part of:
Kontrasztok, Sz. 111
6:30

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Bela Bartók anotando canções folclóricas com seu fonógrafo em 1932

PQP

Prokofiev (1891-1953) / Scriabin (1872-1915) / Kapustin (1937-2020): 20th Century Piano Sonatas, Vol. 3 ֎

Prokofiev (1891-1953) / Scriabin (1872-1915) / Kapustin (1937-2020): 20th Century Piano Sonatas, Vol. 3 ֎

Prokofiev – Scriabin Kapustin

Sonatas para Piano

Vanessa Benelli Mosell

Vincenzo Maltempo

Sun Hee You

 

É o que tem para hoje! Esta frase costuma ser usada em situações desconfortáveis. Você queria aquele prato tão elogiado pelos amigos ao chegar no restaurante que demorou tanto para conseguir ir e ouve isto do maitre, oferecendo o guisadinho do dia e que você costuma comer em casa…

O disco desta postagem poderia vir acompanhado desta frase – é o que eu tenho para hoje! – mas, não desista da felicidade tão facilmente. Surpresas agradáveis também ocorrem.

O selo – Brilliant – vocês já conhecem e oferece gravações feitas em outras companhias, mas também produz seus próprios discos. Tem a característica de editar integrais, como a das Sonatas para Piano de Mozart, com a Klara Würtz, postada aqui nas nossas páginas. Alô, Bernardo, a Uchida é ótima, mas a Klara oferece uma outra opção que vale a pena ser ouvida.

Pois o selo arranjou uma série de discos com o tema Sonatas para Piano do Século 20, tomando peças de seu enorme acervo. Eu que adoro me aventurar por essas iniciativas um pouco afastadas do mainstream, decidi ouvir um ou outro disco da série.

Mas, a história do disco começa mesmo aqui. Ele estava na playlist de meu telefone, de onde ouço música quando vou caminhar. Pois que na minha última caminhada acabei me demorando um pouco mais e o disco entrou no circuito. Como as sonatas de Prokofiev e Scriabin são mais manjadas, decidi ir logo para a sonata do Kapustin, nome que minha embotada mente quase tomou por Rasputin. Som no headphone e Asics no pé, meio quarteirão depois achei que estava ouvindo um disco de jazz. Logo achei (teorias conspiratórias abundam) que o telefone havia se revoltado com as músicas de sempre e havia me pregado uma peça. Mas não, certifiquei-me no próximo poste, lá estava, Kapustin, Sonata para Piano, interpretada por Sun Hee You. E eu nem sabia o primeiro nome do camarada e nunca houvera falar da ou do pianista. Gostei muito e, como você já sabe, se gostei, acabo postando.

Nikolai! O nome dele é Nikolai Girshevich Kapustin, soube pelo Google assim que cheguei em casa. Nikolai, uma pena, morreu ano passado aos 83 anos. Como você deve ter adivinhado, era russo e teve perfeita formação musical. Graduou-se como pianista tocando o Concerto para Piano No. 2, de Prokofiev. Não é para fracos…

Quando descobriu o jazz recebeu apoio de seu professor, Avrelian Rubakh, e sua música incorporou muitos elementos jazzísticos. Mas ele sempre se considerou um músico no sentido clássico, mesmo atuando como pianista em orquestras russas de jazz. Pelo que entendi, ele afirmava que o que caracteriza o músico de jazz é a improvisação, enquanto toda a sua música era completamente estabelecida previamente, nas partituras, mesmo quando soavam improvisadas. Seja lá como for, o importante é se você gosta ou não. E eu gostei bastante.

Assim, vamos ficando por aqui e deixando o convite para que você também explore mais a música de Kapustin, coisa que eu já tenho feito. Espero em breve trazer mais um e outro disco com músicas dele. Ah, ia esquecendo, a Sun Hee You é uma linda jovem pianista coreana e você poderá saber mais alguma coisa dela visitando a sua página clicando aqui.

Sergei Prokofiev (1891 – 1953)

Sonata para Piano No. 7 em si bemol maior, Op. 82

  1. Allegro inquieto
  2. Andante caloroso
  3. Precipitato

Vanessa Benelli Mosell, piano

Alexander Scriabin (1872 – 1917)

Sonata para Piano No. 5, Op. 53

  1. Sonata

Vincenzo Maltempo, piano

Nikolai Kapustin (1937 – 2020)

Sonata para Piano No. 1, Op. 39 – Sonata-Fantasia

  1. Vivace
  2. Largo
  3. Scherzo
  4. Allegro molto

Sun Hee You, piano

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FLAC | 158 MB

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MP3 | 320 KBPS | 117 MB

Vanessa Benelli Mosell
Vincenzo Maltempo

 

 

 

 

 

Sun Hee You

Depois de escrever o texto da postagem, fui verificar no vault do PQP Bach o que havia de Kapustin e a única referência está nesta postagem aqui do Blue Dog, cujos links muito provavelmente estão boiando no espaço digital sideral. No entanto, o texto vale a visita.

Aproveite!
René Denon

PS: A Toccatina mencionado pelo Blue Dog não chegou ao disco da Yuja Wang, mas esteve no concerto como um dos encores.

Duparc / Fauré / Franck / Hahn / Isserlis / Saint-Saëns: Música para Violoncelo nos Salões de Proust

Duparc / Fauré / Franck / Hahn / Isserlis / Saint-Saëns: Música para Violoncelo nos Salões de Proust

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um tremendo disco, cheio de estilo e beleza. Como escreveu Paulo da Costa e Silva na Piauí:

“As melhores páginas que li sobre música foram escritas por Proust. Nada supera a vitalidade das descrições musicais e da compreensão dos processos da escuta que encontramos no romance. Grandes musicólogos como Leonard B. Meyer, Charles Rosen e Jean Molino não conseguiram, ao que me parece, chegar tão próximo do âmago do mistério musical – e nem grandes filósofos como Schopenhauer e Nietzsche, ou grandes artistas que pensaram a própria arte, como Stravinski e John Cage. Proust não tinha qualquer estudo formal de música. Não sabia ler partituras, desconhecia teorias e não tocava nenhum instrumento. Tinha apenas um ouvido finamente cultivado, antenado com a tradição da música clássica de sua época, indo mais ou menos de Bach a Debussy. E uma sensibilidade descomunal. Sensibilidade e capacidade expressiva por meio da palavra escrita. As reflexões musicais de Proust são tão mais fascinantes por não trazerem a aridez e a pretensão de objetividade das terminologias técnicas. Ele cerca seu objeto com as armas que possui, de modo direto. Está interessado no efeito da música sobre os meandros do ser. É um observador extraordinário desses efeitos, que ele conseguiu não apenas captar, mas transpor no meio específico da linguagem escrita. Vamos supor a música como sendo uma entidade invisível, como de fato é: a escrita de Proust seria um tecido finíssimo que por um breve instante adere perfeitamente à forma dessa entidade, tornando-a visível. Por meio de conceitos ela constrói uma experiência que possui algo de análogo à forma musical – uma escrita musicalizada capaz de emular a própria música. Citei alguns filósofos acima, mas agora me parece que quem mais (e melhor) se aproximou desse modo de pensar sobre música foi Gilles Deleuze, não à toa um proustiano de carteirinha. Talvez, depois de Proust, as mais luminosas páginas sobre música sejam de sua autoria. Adorno também captou a sugestão (era outro grande admirador de Proust), mas a amplidão de seu conhecimento (era pianista e compositor, conhecia bem a teoria musical) talvez o tenha afastado das regiões mais relaxadas do amador, onde a experiência corre um pouco mais livremente, um pouco menos obstruída pelo o que se sabe. Ainda que coalhada de iluminações, a escrita de Adorno não chega a atingir o “estado musical” que caracteriza a prosa de Marcel.

Tudo isso me leva a pensar que o ensaio é a forma textual mais adequada para se aproximar desses misteriosos objetos sonoros, e não o texto acadêmico com pretensões de conhecimento científico – que, ao levar a música para o laboratório, com suas provas e refutações, suas noções de objetividade, acaba quase sempre nos devolvendo um objeto morto. O bonito do ensaio é que ele permite que a música continue viva em seu interior. O que ele traz são, justamente, vislumbres de seu movimento. E nada mais. É diferente de querer fixá-la para o frio exame do microscópio. O ensaio é em si um objeto com vida própria – e o que ele narra é seu encontro com outro objeto qualquer. Proust foi um mestre dessa arte, mas não ficou apenas nisso. Incorporou o ensaio dentro do gênero do romance e, o que é mais incrível, não perdeu de vista o movimento que levava dos detalhes particulares para as generalizações mais abstratas da formulação teórica – ou seja, o movimento que conduz na direção do saber científico. Jean-Jacques Nattiez demonstrou em seu livro Proust musicien como o escritor formula ao longo do romance uma pequena “teoria da comunicação musical”, delineando as três fases perceptivas de uma obra – que começa com impressões vagas, bem ao sabor de Proust; desenvolve para uma relação associativa entre sons, experiências e lembranças; e finalmente, a depender da sofisticação do ouvinte, pode conduzir a uma apreensão das formas puras, do jogo estético das ideias musicais, por assim dizer. Cada uma dessas etapas da escuta musical coincide com um representante histórico, mas curiosamente segue num sentido inverso da história, na direção do passado. Assim, o primeiro momento da escuta, no qual sensações inefáveis prevalecem sobre a definição das formas, encontra um equivalente na música de Debussy, que foi contemporâneo de Proust; o segundo momento é representado pela obra de Wagner, que antecedeu historicamente Debussy; e o terceiro e último tem como paradigma a obra tardia de Beethoven, que antecedeu os dois primeiros. Tais seriam as bases da pequena “teoria musical” do escritor francês. Coloco o termo entre aspas porque Proust não é um cientista. Em nenhum instante sua “teoria” se desvencilha dos fatos concretos que a motivaram; jamais ganha um caráter genérico; por isso, não chega a ser uma teoria. A sugestão de um modelo ordenado de escuta serve apenas para melhor iluminar a complexidade da experiência real – e não para extrair dela um sumo básico, ou os “mecanismos da escuta musical”. Há um impulso na direção do saber científico, mas esse impulso não deve ser consumado. Quando o personagem Swann escuta a sonata de Vinteuil, não se trata apenas de um cérebro interagindo com uma forma sonora organizada; sua experiência é inextricavelmente ligada ao seu momento de vida, à figura da amante Odette, aos sofrimentos amorosos, ao ambiente do salão dos Verdurin, aos fiapos de memória e de reflexões que transitam em sua mente enquanto ouve a peça, etc., etc… Tudo isso faz parte do contexto sempre impuro no qual se dá a experiência musical. Proust até admite ordenar um pouco a bagunça das sensações, baseando-se no modelo científico, mas sem afastá-la demasiadamente do terreno concreto da experiência. Praticou, por assim dizer, uma “ciência suja”, que jamais perde de vista o je ne sais quoi do objeto estético. Que faz com que a música permaneça para sempre viva em suas palavras.

Steven Isserlis e Connie Shih mostram-se dignos de toda esta sensibilidade.

Duparc / Fauré / Franck / Hahn / Isserlis / Saint-Saëns: Música para Violoncelo nos Salões de Proust

01. Hahn: Variations chantantes sur un air ancien

02. Fauré: Romance in A Major, Op. 69
03. Fauré: Élégie in C Minor, Op. 24 (Version for Cello & Piano)

04. Saint-Saëns: Cello Sonata No. 1 in C Minor, Op. 32: I. Allegro
05. Saint-Saëns: Cello Sonata No. 1 in C Minor, Op. 32: II. Andante tranquillo e sostenuto
06. Saint-Saëns: Cello Sonata No. 1 in C Minor, Op. 32: III. Allegro moderato
07. Saint-Saëns: Cello Sonata No. 1 in C Minor, Op. 32: III. Allegro quasi presto (Original Version)

08. Duparc: Cello Sonata in A Minor: II. Lamento

09. Isserlis: Récitatif et chant (After Holmès’s “La vision de la reine”)

10. Franck: Violin Sonata in A Major, FWV 8 (Arr. J. Delsart for Cello & Piano): I. Allegretto ben moderato
11. Franck: Violin Sonata in A Major, FWV 8 (Arr. J. Delsart for Cello & Piano): II. Allegro
12. Franck: Violin Sonata in A Major, FWV 8 (Arr. J. Delsart for Cello & Piano): III. Recitativo-Fantasia
13. Franck: Violin Sonata in A Major, FWV 8 (Arr. J. Delsart for Cello & Piano): IV. Allegretto poco mosso

Steven Isserlis, violoncelo
Connie Shih, piano

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Isserlis e Shih na PQP Bach Proust´s Salon de Paris

PQP

Bach (1685-1750): Árias para Soprano – Only Bach – Sumi Jo ֎

Bach (1685-1750): Árias para Soprano – Only Bach – Sumi Jo ֎

BACH

Árias de Cantatas

Sumi Jo, soprano

Um sarau na casa do Sr. Ribeiro!

Gosto de imaginar como seria um momento de convívio musical informal na casa do Sr. João Sebastião Ribeiro. Um destes momentos em que se terminou de fazer as cópias das partes da cantata que será apresentada no próximo serviço religioso, tarefa que envolveu o staff do compositor. As partes foram copiadas do original que ele preparou, provavelmente usando trechos de antigas composições… Estas visitas a composições de períodos anteriores certamente trariam boas lembranças ou nem tanto, pois que apesar da alegria que o compositor cultivava, a vida tinha tido seus bons pedaços de bitter and sweet.

As tarefas do dia terminadas, uma boa paz invadindo a casa, uma certa dose de preguiça e alguém apanha o alaúde ou o violão esquecido desde a última visita do Sr. Sílvio Branco e dedilha um tema… Uma filha ou uma nora do Sr. Ribeiro, que tem uma boa voz, entoa aquela ária que tanto encantou os devotos no último serviço. Um entre os filhos ou genros, ou mesmo um agregado, apanha uma rabeca que ficara para ser encordoada e afinada e havia sido usada pelo Sr. Ribeiro enquanto revisara suas composições para violino solo. Até aquele oboé que ficara esquecido da última audição para o novo músico que atuaria na igreja acabou sendo usado.

E todos ficam de boas. Até imagino o Sr. Ribeiro pedindo uma xícara de café ou mesmo uma caneca daquela boa cerveja que a família produz…

Estas imagens me vieram ao ouvir este disco que gostei bastante. A voz da Sumi Jo é linda mesmo. Eu não a havia ouvido muito no período em que estava em moda, seus discos vendendo bastante… Eu sou assim, meio turrão, quando um artista é muito badalado eu o coloco na geladeira…

Aqui temos um disco agradável, recheado de big-hits do Sr. Ribeiro. Uma boa opção para ser ouvido naquela noite em que a TV só apresenta filmes de franquias furiosas e velozes.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

  1. Cantata “Gott ist unsere Zuversicht”, BWV 197 – Aria “Vergnügen und Lust” (Soprano)
  2. Cantata “Herz und Mund und Tat und Leben”, BWV 147 – Jesus bleibet meine Freude
  3. Chorale Prelude “Wachet auf, ruft uns die Stimme”, BWV 645
  4. Cantata “Ich geh’ und suche mit Verlangen”, BWV 49 – Aria “Ich bin herrlich, ich bin schön”
  5. Cantata “Also hat Gott die Welt geliebt”, BWV 68 – Aria “Mein gläubiges Herze”
  6. Ave Maria, (arr. de Gounod) do Prelúdio em dó maior, BWV 846
  7. Cantata “Ich armer Mensch, ich Sündenknecht”, BWV 55 – Aria “Erbarme dich” (Paixão segundo São Mateus)
  8. Cantata “Herz und Mund und Tat und Leben”, BWV 147 – Aria “Bereite dir, Jesu, noch itzo die Bahn”
  9. Chorale Prelude “Nun komm der Heiden Heiland”, BWV 65
  10. Cantata “Liebster Jesu, mein Verlangen”, BWV 32 – Aria “Liebster Jesu, mein Verlangen”
  11. Cantata, BWV 196 – Aria “Er segnet, die den Herrn fürchten”
  12. Chorale Prelude “Ich ruf zu dir, Herr Jesu Christ”, BWV 639
  13. “Was mir behagt, ist nur die muntre Jagd”, BWV 208 – Aria “Schafe können sicher weiden”
  14. Christmas Oratorio, BWV 248 – Aria “Flößt, mein Heiland”
  15. Aria – Bist du bei mir, BWV 508

Sumi Jo, soprano

Suyoen Kim, violino

Marco Socias, violão

Christian Hommel, oboé

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FLAC | 284 MB

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MP3 | 320 KBPS | 145 MB

Adivinhem qual música eles estão ouvindo…

Aproveite para testar seus conhecimentos, ouvindo e adivinhando a origem de cada tema…

René Denon

Marco Socias
Christian Hommel
Sumi Jo
Suyoen Kim