A diminuta obra para bandolim e teclado de Beethoven, que consiste de quatro peças, dura pouco mais de vinte minutos. Já as apresentei aqui anteriormente, num tom debochado que, sinceramente, não reflete o que delas penso. Acho-as muito delicadas e agradáveis, e surpreendentemente idiomáticas para algo que brotou da pena dum renano radicado em Viena que nunca cruzou os Alpes rumo à península da Bota. Bem, surpreendentes, talvez, tão só para os que desconhecem que, segundo vários relatos, havia um bandolim pendurado ao lado do piano em seu caótico apartamento, o que nos faz pensar que, mesmo que não o soubesse tocar, Beethoven estivesse ao menos familiarizado ao instrumento. Houve pelo menos dois bandolinistas que o inspiraram: o boêmio Wenzel (Václav) Krumpholz (não o confundir com o Krumpholz mais famoso, o harpista de triste fim), com quem estudou violino em Viena e que quase certamente foi o músico que Beethoven imaginou tocando as peças do WoO 43, e Josephine de Clary-Aldringen, esposa do rico conde Clam-Gallas – de quem ainda há um suntuoso palácio, uma das muitas joias barrocas na maravilhosa capital da Boêmia – e que recebeu a dedicatória, intimamente escrita “pour la belle Joséphine”, da dupla do WoO 44.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Duas peças para bandolim e piano ou cravo, WoO 44
Sonatina em Dó maior, WoO 44a
1 – Allegro
Duas peças para bandolim e piano ou cravo, WoO 43
Sonatina em Dó menor, WoO 43a
2 – Adagio
Adágio em Mi bemol maior, WoO 43b
3 – Adagio (ma non troppo)
Duas peças para bandolim e piano ou cravo, WoO 44
Andante com variações em Ré maior, WoO 44b
4 – Andante
Maria Scivittaro, bandolim
Robert Veyron-Lacroix, cravo
Vassily