A integral de Kovacevich mostra, entre tantas qualidades suas, a habilidade de adaptar-se à ampla gama de demandas estilísticas e timbrísticas dessas obras compostas ao longo de quase trinta anos de imensas transformações para o compositor, para a Música e para o mundo. No Op. 31, que considero as primeiras obras-primas consumadas de Beethoven para o teclado, Kovacevich combina a agilidade e sutileza de toque com que coloriu as primeiras sonatas com a admirável atenção ao detalhe, sem perder a concepção do todo, que ficará cada vez mais em evidência enquanto a série progride. As três sonatas, tão diferentes entre si, e cada qual revolucionária na elaboração do material temático e na maneira com que espreme aos limites a sonata-forma, são lidas como um conjunto, e não como um punhado de peças características, como seus apelidos apócrifos insistem sugerir. Assim, sua “Tempestade”, com seus meio-pianos e meio-fortes murmurados, é lindamente coesa e une-se com harmonia à uma “Caça” mais serena que impetuosa. Sem dúvidas, é uma de minhas leituras preferidas para algumas das mais cruciais obras do renano genial.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Três sonatas para piano, Op. 31
Compostas em 1802
Publicadas em 1803
No. 1 em Sol maior
1 – Allegro vivace
2 – Adagio grazioso
3 – Rondo – Allegretto – Adagio – Presto
No. 2 em Ré menor, “Tempestade”
4 – Largo – Allegro
5- Adagio
6 – Allegretto
No. 3 em Mi bemol maior
7 – Allegro
8 – Scherzo – Allegretto vivace
9 – Menuetto – Moderato e grazioso
10 – Presto con fuoco
Duas sonatas para piano, Op. 49
Publicadas em 1805
No. 1 em Sol menor
Composta em 1797
11 – Andante
12 – Rondo: Allegro
No. 2 em Sol maior
Composta entre 1795-1796
13 – Allegro ma non troppo
14 – Tempo di Menuetto
Stephen Kovacevich, piano
Vassily