Admitamos que, apesar de agradável, a sonata que Beethoven escreveu para Stich-Punto-Dot-Ponto não é lá uma obra-prima, o que talvez lhes torne um pouco duro o afã de escutá-la outras vezes. No entanto, com0 eu talvez insensatamente me propus a apresentar-lhes a obra integral de nosso casmurro favorito, não me posso furtar a obrigação de alcançar a vocês a Op. 17 tocada em violoncelo, pois assim nosso herói permitiu (“para o fortepiano com uma trompa ou um violoncelo”, diz o frontispício). A versão para violoncelo tem uma parte mais elaborada para o instrumento solista, porque decerto havia mais cellistas capazes de tocá-la do que o único mortal apto a fazê-lo na trompa: justamente Punto, aquele com quem “Beethovener” teve um de seus corriqueiros arranca-rabos depois de apresentar a obra em Pest. Para completar a publicação, recorri ao expediente que não aprecio de fatiar outras gravações e amalgamá-las num só pacote. Como se isso não bastasse, ainda tive a ideia talvez infeliz de reunir a mesma obra tocada em outros instrumentos, para que os leitores-ouvintes cheguem a um veredito de qual melhor a faz soar. Não me culpem – nem culpem os sopristas, tampouco, pela intenção bem justificada de se apropriarem da única sonata para instrumento de sopro que Beethoven publicou em vida. Apresentá-la-emos com fagote, com flauta e com, pasmem, basset horn ou corno de bassetto (pois não sei qual o nome que isso tem em português – alguém me ajuda?). Sim, eu já até me antecipei a vocês e lhes disse lá em cima que não será moleza, e talvez lhes dê até gastura escutar tantas vezes a mesma peça. Acredito que aqueles que conseguirem possivelmente concluirão que qualquer uma das versões alternativas soa melhor até que a trompa – e não me espantaria se preferissem aquela com cor de basset/cuerno de bajete (será que poderia chamá-la “corne de baixete” em nossa língua?), na qual soa surpreendemente idiomática.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Sonata em Fá maior para piano com uma trompa ou violoncelo, Op. 17
Composta em 1800
Publicada em 1801
Dedicada à baronesa Josefine von Braun
I – Allegro moderato
II – Poco adagio, quasi andante
III – Rondo – Allegro moderato
Em quatro versões:
Para violoncelo e piano (faixas 1-3)
David Geringas, violoncelo
Ian Fountain, piano
Para fagote e piano (faixas 4-6)
Rie Koyama, fagote
Clemens Müller, piano
Para flauta e piano (faixas 7-9)
Emmanuel Pahud, flauta
Éric Le Sage, piano
Para basset horn e piano (10-12)
Geert Baeckelandt, basset horn
Maiko Inoue, piano
Para corne inglês e piano
Alexandre Oguey, corne inglês
Neal Peres da Costa, piano
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Vassily
Vassily:
Curiosidade encontrada na Wikipedia (em inglês):
“O nome italiano do instrumento, corno di bassetto, foi usado por Bernard Shaw como pseudônimo ao escrever críticas musicais.”
Será que a esposa do eminente dramaturgo irlandês era afeita a aventuras extraconjugais?