Nossa microssérie da semana será dedicada ao clavicórdio, instrumento de teclado cujas cordas são percutidas por tangentes (daí o título), produzindo um som tão delicado quanto quase inaudível (sim, o título).
Essa delicadeza e, talvez, tibiez do timbre do clavicórdio inviabilizam sua integração a qualquer conjunto instrumental. Por outro lado, a percussão por tangentes diretamente ligadas às teclas e, por extensão, aos dedos do executante permite que este tenha controle sobre a dinâmica (algo impensável num teclado de cravo, por exemplo) e, mais ainda, lhe permite imprimir um discreto vibrato às notas. Essas peculiaridades tornam seu som muito atraente, ainda que tenhamos que nos resignar a escutá-lo em recitais e álbuns solo e, frequentemente, colocar no máximo o volume dos alto-falantes.
Instrumento de custo relativamente baixo, de fácil manutenção e muito portátil, o clavicórdio gozou de imensa popularidade nos séculos XVII e XVII, em especial para a prática privada de música, entre músicos itinerantes (como era o caso de Händel, que encontrarão amanhã) e onde quer que houvesse pouco espaço disponível.
Nossa série começa com o álbum “The Secret Bach”, em que o versátil Christopher Hogwood interpreta obras do Demiurgo no mais quieto dos instrumentos do teclado. Para nós outros, acostumados com o timbre brilhante do cravo ou mesmo com o som volumoso de um piano de tensas cordas de aço, escutá-las tocadas com tangentes pode requerer alguma “aclimatação” – além, é claro, do já referido ajuste do volume dos alto-falantes. Os pontos altos, para mim, são as peças de abertura (uma versão preliminar da Fantasia Cromática e Fuga em Ré menor) e de encerramento (um arranjo para teclado da Partita no. 2 para violino solo – sim, aquela encerrada pela monumental Chacona). O que vem entre elas são peças curtas que, se comparadas àquelas que mencionamos, empalidecem bastante.
THE SECRET BACH – CHRISTOPHER HOGWOOD
Johann Sebastian BACH (1685-1750)
Fantasia Cromática e Fuga em Ré menor, BWV 903a (versão preliminar, do manuscrito Rust)
01 – Fantasia
02 – Fuga
03 – Adágio em Sol maior, BWV 968
04 – Fuga em Sol menor, BWV 1000
05 – Allemande em Sol menor
06 – Minueto no. 1, BWV 841
07 – Minueto no. 3, BWV 843
08-16 – Partite diverse sopra il Corale ‘O Gott, du frommer Gott”, BWV 767
Partita em Lá menor, baseada na Partita no. 2 em Ré menor para violino solo, BWV 1004
17 – Allemanda
18 – Corrente
19 – Sarabanda
20 – Giga
21 – Ciacoona
Christopher Hogwood, clavicórdio
Vassily Genrikhovich
Muito boa iniciativa de postar esse material! Durante meus curso técnico e faculdade de música, nem meus professores conheciam o clavicórdio devido a falta de meiios, a Internet era ainda rudimentar no Brasil.
Em tempo: O fato de que Bach apreciava o clavicórdio só confirma que não passa de “lenda acadêmica” que o mesmo não gostava de pianos, como ouvi de alguns professores…
Christopher Hogwood grabó una monumental colección de sinfonías de Mozart, en las que incluyó todas las canónicas 1-41 (salvo la 2 (de Leopold), la 3 (de Abel) y la 37 (de Michael Haydn)), además de agregar varias serenatas para orquesta (después de haberles quitado los movimientos concertantes), más varias oberturas de ópera: todo lo que en la época de Mozart se podía considerar una sinfonía. Además adecuó el orgánico de cada obra a lo que correspondía según la orquesta que la estrenó. Los méritos de esas grabaciones son innumerables.