Beethoven
Ao Luar – Waldstein – Appassionata
Mikhail Pletnev
Mais um disco com sonatas para piano de Beethoven, mas que disco de sonatas para piano de Beethoven!
Para começar, o repertório. Três sonatas nomeadas: Ao Luar, Waldstein e Appassionata. As três são sucesso de público e de crítica desde que deixaram os manuscritos do mestre e ganharam os salões e salas de concerto deste mundo. Note que nenhum destes apelidos foram dados pelo compositor, mas certamente contribuíram para a fama e a glória das peças.
A Sonata em dó sustenido menor (era assim que Beethoven se referia à Sonata Ao Luar) foi dedicada à Condessa Giulietta Guicciardi, cuja beleza incendiou Viena, uma candidatíssima à Amada Imortal. Foi desbancada deste papel pela Josephine Brunsvik, segundo sua irmã, Therese Brunsvik. Ah, as mulheres!
A sonata recebe a menção quasi una fantasia, indicando que a peça não seguirá exatamente os padrões de uma sonata estabelecidos na época. Veja que a peça começa pelo meio. Ao apresentar primeiro o movimento lento, Adagio sostenuto, Beethoven consegue construir um crescendo de energia, que se intensifica de um movimento para outro, terminando com o Presto agitato. A natureza romântica do primeiro movimento é um convite a interpretações melosas e açucaradas. Aqui, nas mãos do pianista russo Mikhail Pletnev, passamos incólumes por essas armadilhas, mas ainda assim desfrutamos do reflexivo Adagio sostenuto! (Para outra linda interpretação desta sonata, clique aqui.)
A última sonata do disco, a Appassionata, é outra com um movimento que abre espaço para o romantismo, o seu Andante con moto. Mas também tem lugar para o aberto virtuosismo do movimento final, Allegro ma non tropo – Presto!
A peça que me trouxe a este disco é a Sonata em dó maior, op. 53, dedicada ao amigo e mecenas Conde Ferdinand Ernst Gabriel von Waldstein. Composta apenas alguns anos depois da Ao Luar, esta sonata é obra do período heroico de Beethoven, que já vivenciara os tormentos da surdez e tratara de agarrar o destino pela garganta.
A música de Beethoven permite diferentes e válidas interpretações. Nesta obra podemos ter a perspectiva que favorece a beleza do som em interpretações mais pausadas, como as de Claudio Arrau e Christoph Eschenbach. Há também interpretações que enfatizam o lado heroico, como nas gravações do Maurizio Pollini, Stephen Kovacevich (Philips e EMI) e Richard Goode.
Esta sonata também é uma prova de que o teimoso Ludovico, às vezes, mudava de ideia. Numa primeira audição, os amigos gostaram da sonata, mas acharam o movimento lento um pouco longo. Beethoven resmungou, disse que de música quem entendia era ele, mas depois cedeu. O lindo Andante favori, WoO 57, é o movimento descartado da primeira versão, ganhou vida própria e foi substituído pelo atual Introduzione: Adagio molto, bem mais efetivo. Aqui está uma versão do Andante favori e aqui outra, para vocês entenderem minhas observações sobre as diferentes interpretações das obras de Beethoven.
O intérprete destas maravilhas é Mikhail Pletnev, músico completo. Pianista, ganhou em 1987 a Medalha de Ouro e Primeiro Prêmio do Tchaikovsky International Piano Competition. Também é maestro. Fundou em 1990 a Russian National Orchestra, a primeira orquestra russa sem suporte estatal desde 1917, com a qual fez uma gravação espetacular da Sexta Sinfonia de Tchaikovsky. Pletnev também compõe e há gravações memoráveis de algumas de suas transcrições para piano de obras de grandes compositores.
Para completar, o disco tem produção esmeradíssima, aos cuidados de Andrew Keener.
Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)
Sonatas para Piano
Sonata No. 14 em dó sustenido menor, quasi una fantasia, Op. 27, 2 – Ao Luar
- Adagio sostenuto
- Allegretto
- Presto agitato
Sonata No. 21 em dó maior, Op. 53 – Waldstein
- Allegro com brio
- Introduzione: Adagio molto
- Rondo: Allegretto moderato – Prestissimo
Sonata No. 23 em fá menor, Op. 57 – Appassionata
- Allegro assai
- Andante con moto
- Allegro ma non troppo – Presto
Mikhail Pletnev, piano
Produção: Andrew Keener
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FLAC | 164 MB
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MP3 | 320 KBPS | 153 MB
Prepare-se pois para ficar piano-dependente após as audições deste maravilhoso disco!
René Denon
Essa interpretação da Waldstein, pra mim, é a melhor de todas. Inclusive melhor que a do Pollini.
Olá, Lucca!
Realmente, fico feliz em saber que tenha gostado! Eu também considero está interpretação da Waldstein excelente! Não deixo de ouvir outras, especialmente a do Pollini. (Você sabe que há duas gravações da Waldstein feitas por ele para a DG? Uma delas gravada ao vivo.) Richard Goode também é um bamba na Waldstein. Mas Pletnev conseguiu um registro fenomenal.
Ainda bem que temos várias opções, não é mesmo?
Abraços
RD