Beethoven
Pastoral
Há tempos não ouvia a Pastoral e quando este CD cruzou o meu caminho, não hesitei, saltei-lhe em cima.
Eu sabia desta gravação desde quando havia lido em uma revista especializada em som e aparelhos eletrônicos um artigo sobre portable players. Alguém se lembra do Walkman Sony? Pois então, o autor do artigo colocou esta Pastoral num destes aparelhinhos e foi dar uma volta na Beethovenhaus, em Bonn. Chique, não? Morri de inveja.
Quando o CD chegou, você pode imaginar o meu estado de antecipação – como será a gravação (ao vivo)? Barulhos estranhos (tosses cavernosas e outras coisas estranhas) assombram várias gravações ao vivo oriundas dos setores russos. E a interpretação? Mravinsky e sua orquestra são lendários, mas…
Bem, sosseguem, realmente é uma ótima Pastoral, vocês poderão experimentar por si próprios. No entanto, vale a pena notar algumas coisas. Mravinsky não faz a repetição indicada na partitura, no primeiro movimento, que ainda assim leva pouco menos do que dez minutos. Ou seja, esta Pastoral não vai correndo como a maioria das apresentadas por grupos de instrumentos de época (ou orientados pelo movimento HIP – historically informed performance), mas flui com majestade e não se arrasta, o que, para mim, é fundamental. Chamou-me a atenção em toda a performance como os diferentes grupos de instrumentos – sopros, madeiras, cordas – têm sua proeminência, seu destaque. Oboés e fagotes!
A tempestade é ameaçadora suficiente e a festa final é de contentamento, mas sem faltar a devida vitalidade. Realmente, uma gravação que merece destaque, como um revelador retrato de um grande regente em ação.
O livreto conta histórias ótimas. O depoimento de Lev Markitz, violinista e maestro, revela parte da relação do grande regente com a orquestra que dirigiu por cinquenta anos. Segundo ele, Mavrinsky era um tremendo tirano. Todos na orquestra tinham medo dele. Quando o maestro chegava em frente ao prédio da orquestra para os ensaios (que eram muitos e longos) ouviam-se aos sussurros – fozduch – que significa algo como abriguem-se, inimigo à vista!
Mravinsky demandava muitas horas de ensaios mesmo para peças que já havia tocado com a orquestra muitas vezes. Paradoxalmente, ele tinha uma certa fobia da apresentação pública e por diversas vezes foi substituído em um concerto preparado por ele por um dos seus maestros assistentes. Entre eles nomes hoje famosos, como Mariss Jansons, Neeme Järvi e Valerie Gergiev. Este último disse que, mesmo nestas ocasiões, não importava qual fosse o maestro no pódio, a influência do grande maestro estava sempre brilhantemente presente: ele está lá conosco, não importa quais sejam as nossas próprias ideias.
Ludwig van BEETHOVEN (1770 – 1827)
Sinfonia No. 6 em fá maior, Op. 68 “Pastoral”
- Allegro ma non troppo
- Andante molto mosso
- Allegro
- Allegro
- Allegretto
Leningrad Philharmonic Orchestra
Evgeny MRAVINSKY
Gravação ao vivo em 17 de outubro de 1982, no auditória da orquestra.
Na ripagem do disco em mp3 resolvi reunir em um único arquivo as três últimas faixas. A razão disto é que, apesar de três faixas, quando tocadas diretamente do CD, a música flui de um movimento para o outro, sem interrupção. Já o leitor de mp3 que uso (no carro, por exemplo) sempre faz uma pausa entre um arquivo e o outro e em tais situações, interrompe a música, coisa que acho bastante desagradável. Desta forma, espero evitar as interrupções. Aguardo comentários dos leitores atentos.
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FLAC | 181 MB
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MP3 | 320 KBPS | 92 MB
Boa Pastoral para você também!
René Denon
Obrigado, René Denon, pela postagem; baixarei-a e retornarei para dar não só a opinião sobre o que escreveu (mas que, certamente, acabarei corroborando, afinal a Pastoral de Beethoven, depois da Quinta e da Nona, é a minha favorita, e o Mravinsky é um craque) e sobre a junção das 3 últimas faixas, mas que, pela sua percepção, já fazem sentido para mim. Abraços.