Buxtehude (c.1637 – 1707): La Capricciosa – Suites and Variations for Harpsichord – Mitzi Meyerson

A capa traz um Rembrandt! Quer mais?

Dietrich Buxtehude (c.1637 – 1707)

Música para Cravo

No outono (europeu) de 1705, um jovem de vinte anos empreendeu uma viagem muito especial. Saiu de Arnstadt, onde era organista na Neuekirche, e caminhou 378 km até Lübeck, para visitar Dietrich Buxtehude, então o mais famoso organista e compositor conhecido, pelo menos onde hoje chamamos Alemanha.

O visitante era Johann Sebastian Bach, que partira de Arnstadt com uma licença de quatro semanas, mas permaneceu afastado por quatro meses, convivendo com Buxtehude. Na volta para casa, ele teve de lidar com as reclamações do conselho que dirigia a igreja e era responsável pelo seu emprego, mas a viagem valera a pena.

Vista de Lübeck, com destaque para Marienkirche

Buxtehude era organista e responsável pela música da Marienkirche desde 1668. Ele havia sucedido a Franz Tunder, que iniciara uma tradição a qual Buxtehude deu continuidade – Abendmusik – (Concertos Noturnos). Durante o período no qual Buxtehude foi o responsável pela direção desses concertos, eles se davam nas noites dos cinco domingos que precediam o Natal. Esses concertos no ano de 1705 devem ter sido definitivamente especiais. Bach certamente tomou parte deles. Tocava-se música para órgão e também música coral e com orquestra.

Na volta para casa Bach levou consigo cópias de muitas peças de Buxtehude. Entre elas a partitura da principal peça desta postagem, a Partite diverse sopra un’Aria d’Invenzione detta “La Capricciosa. Esta peça é um arquétipo das Variações Goldberg e merece ser conhecida e apreciada por seus próprios méritos. Consiste de uma série de 32 variações (Partitas) sobre La Bergamasca. Bergamasca é uma dança rústica (de Bérgamo) muito popular entre os compositores barrocos. Marco Ucellini tem uma peça simplesmente encantadora chamada Aria sopra La Bergamasca e certamente aparecerá por aqui um dia desses. Voltando à peça do Buxtehude, cada variação tem duas seções, que são repetidas imediatamente. A inventividade do compositor é muito grande e certamente abriu caminho para o atento Johann Sebastian.

Dietrich Buxtehude

Bach era um potencial sucessor de Buxtehude, quando o visitou. Este contava com 68 anos e já buscava alguém para substituí-lo há algum tempo. Mas, segundo a tradição, o pacote incluía a mão da filha mais velha do sucedido. O próprio Buxtehude cumprira a tradição ao casar-se com uma filha de Franz Tunder. O emprego já havia sido recusado, dois anos antes, por Handel e por Johann Mattheson. Bach preferiu voltar para Arnstadt onde, além de um conselho de revoltados paroquianos, o esperava também uma jovem chamada Bárbara.

Esta gravação, feita pela cravista de Chicago, Mitzi Meyerson, é prima. O selo, Gaudeamus, ramo da ASV (Academy Sound & Vision) inglesa, dedicado à música barroca, é excelente. Excelente também é a produção do disco, aos cuidados de Nicholas Parker. Mitzi também foi a cravista do Trio Sonnerie, que gravou discos memoráveis neste selo. Mas, ao ouvir o disco, calibre bem o volume. Não coloque muito baixo, mas também não exagere. Cravos são instrumentos deveras perigosos, especialmente perto da meia-noite.

Completam o disco quatro suítes de danças, que também devem ter influenciado o patrono aqui da casa. Mas o disco vale mesmo pelas Variações Caprichosas sobre a Bergamasca. Você verá que até Bach tinha uma coisa ou outra para aprender com seus antecessores.

Dietrich Buxtehude (c. 1637 – 1707)

  1. La Capricciosa: Partite Diverse Sopra Una Aria D’inventione (Bux WV 250)

  2. Suite VII em ré menor (Bux WV 234)

  3. Suite XIX em lá maior (Bux WV 236)

  4. Suite XI em mi menor (Bux WV 236)

  5. Suite V em dó maior (Bux WV 230)

Mitzi Meyerson, cravo

 

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC | 373 MB

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 123 MB

Mitzi vai tocar La Capricciosa, basta baixar! Aproveite!

René Denon

7 comments / Add your comment below

    1. Olá, Júlio!
      Fico feliz em receber sua mensagem! Sabe, imaginar que aí, em Buenos Aires, a Capricciosa vai sonar (é assim que se diz?) me deixa contente. Achastes o link para a partitura… Como foi, desconfiastes que havia algo lá?
      Abraços!
      René Denon

      1. Hola, René,
        es muy interesante poder oír esta obra y seguirla por la partitura por su evidente conexión con las Variaciones Goldberg de Bach. Si bien la técnica de elaboración de las variaciones que siguieron ambos autores es distinta (Buxtehude se basó en la melodía y Bach en la armonía), el plan general es similar.
        PQP Bach es mi sitio favorito para buscar música, porque además de las grabaciones de calidad, presenta siempre comentarios muy bien hechos que orientan al oyente.
        Gracias de nuevo y un abrazo para vos también.
        Juliowolfgang

        1. Obrigado pelos seus comentários, Julio!
          Gostei da observação sobre a similaridade e a diferença (melodia e harmonia) das abordagens pelos compositores. Sempre que for conveniente postarei a partitura das peças.
          Que tipo de música buscas mais? Eu escolho meus posts pensando em minhas preferências, mas sempre que possível, gosto de poder levar algo que alguem vá escutar com atenção e deleite.
          Abraços
          René Denon

          1. Mi compositor favorito desde hace medio siglo es Mozart. Como aprendí a tocar el clarinete en mi adolescencia, me interesa todo el repertorio para ese instrumento. Mis otros compositores preferidos son Bach, Beethoven, Brahms, Haydn, Schubert, Tchaikovsky, Rachmaninov y un largo etcétera. Entre los operistas incluyo a Verdi, Rossini y Wagner. ¿Bastante ecléctico, no?
            Abrazos,
            Juliowolfgang

          2. Olá Julio!
            Wolfie então é seu preferido. (Juliowolfgang…) Eu estou neste momento ouvindo algumas das sonatas para piano interpretadas pela Mitsuko Uchida. Ótimo. Eu também gosto do som de clarinete, apesar de não saber tocar. Ouvi recentemente uma gravação da peça Appalachian Spring de Copland, na versão original, com apenas 13 instrumentos. É muito bonito perceber como o clarinete e os outros instrumentos de sopros se mesclam e dão continuidade ao discurso musical. Em breve postarei essa peça (espero) com um link para a partitura… Fique de olho e depois me conta.
            Abração
            René Denon

Deixe um comentário