Brahms played by Volodos
Este disco apresenta algumas características que poderíamos chamar sinais dos tempos. Algumas novidades, mas firmemente plantado na tradição. Primeiro as novidades. Desde que a crise econômica e as mudanças tecnológicas devastaram a indústria fonográfica, abatendo gigantescas empresas e reunindo sob o mesmo guarda-chuvas selos anteriormente rivais, os departamentos de marketing têm feito tudo o que podem para vender discos. Umas das estratégias é focar no artista, que passou a ser apresentado um pouco como um pop-star. Assim, vemos capas de discos com violinistas em vestidos esvoaçantes, pianistas fotografados sob ângulos mais ousados. Coisas que eram mais comuns para aqueles discos de árias das divas.
O reflexo desta onda esta no título do disco: VOLODOS plays Brahms. O que vende o disco não é a música de Brahms (isto do ponto de vista de marketing), mas Volodos tocando música de Brahms. Tudo bem, Arcadi Volodos é um extraordinário pianista e já tem sido testado pelo tempo. No entanto, a estratégia é clara: foco nos fãs de Volodos, menos nos amantes da música de Brahms.
O segundo detalhe é de ordem técnica. Fiquei impressionado com o som do disco, especialmente com o volume do som. Comparando com outras gravações das peças, foi necessário rápida movimentação do controle remoto para baixar o som quando passava de algum outro disco para este. Eis a questão: estaria o advento da música em arquivos digitais, dos discos virtuais, fazendo com que os produtores aumentem o volume de seus discos? Como essa alteração na mídia, essa nova tecnologia tem afetado as gravações? Espero as suas considerações…
Mas, voltando aos outros e mais interessantes aspectos do disco. Afirmo-vos sem qualquer dúvida, pelo menos nos meus dias, o universo da música gravada seguirá firme e incólume, confirmando antigas e enraizadas tradições.
Volodos é um pianista que dá continuidade a uma linhagem que retorna aos tempos de Liszt. Faz pensar em Richter, Gilels, mas principalmente, em Horowitz, só para ficar nos russos. Eu sei, calma, arroubos assim podem ser perigosos, mas vá lá, ouça o disco. Se os encantamentos deste mago do teclado não te atingirem, estarás perdido para a música com piano. Emprestando o bordão de um dos meus eminentes pares, o disco é
IM-PER-DÍ-VEL!!!!
Ah, é claro, tem aí também o Brahms – algumas de suas peças outonais, lindas!!
Até na escolha do repertório, Volodos remete a alguns dos artistas que o antecederam. Em vez de tocar todo o opus 76, suas oito peças, toca apenas as quatro primeiras. No lugar do disco estar completo com os opus 116 a 119, como fazem los otros, ele segue com o opus 117 e o opus 118. Temos assim um disco com cinquenta e quatro minutos de música, muita música em cinquenta e quatro minutos. Para que reclamar? Basta dizer que o disco ganhou o Gramophone Award e Diapason d’or. Agradou a gregos e baianos. Espero que o agrade também!
Johannes Brahms (1833 – 1897)
Piano Pieces
- Capriccio in F-Sharp Minor, Op. 76, No. 1: Um poco agitato, Unruhig bewegt
- Capriccio in B Minor, Op. 76, No. 2: Allegretto non troppo
- Intermezzo in A-Flat Major, Op. 76, No. 3: Grazioso, Anmutig, ausdrucksvoll
- Intermezzo in B-Flat Major, Op. 76 No. 4: Allegretto grazioso
- Drei Intermezzi, Op. 117: Drei Intermezzi, Op. 117: I. Andante moderato
- Drei Intermezzi, Op. 117: Drei Intermezzi, Op. 117: II. Andante non troppo e con molto espressione
- Drei Intermezzi, Op. 117: Drei Intermezzi, Op. 117: III. Andante con moto
- Sechs Klavierstücke, Op. 118: Sechs Klavierstücke, Op. 118: I. Intermezzo in A Minor: Allegro non assai, ma molto appassionato
- Sechs Klavierstücke, Op. 118: II. Intermezzo in A Major: Andante teneramente
- Sechs Klavierstücke, Op. 118: Sechs Klavierstücke, Op. 118: III. Ballade in G Minor: Allegro energico
- Sechs Klavierstücke, Op. 118: Sechs Klavierstücke, Op. 118: IV. Intermezzo in F Minor: Allegretto um poco agitato
- Sechs Klavierstücke, Op. 118: V. Romanze in F Major: Andante
- Sechs Klavierstücke, Op. 118: Sechs Klavierstücke, Op. 118: VI. Intermezzo in E-Flat Minor: Andante, largo e mesto
Arcadi Volodos, piano
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MP3 | 124 MB
Aproveite as maravilhas outonais de Brahms nas mãos deste artista espetacular.
René Denon
Se você quiser estudar as sonatas para piano de Brahms, talvez você deva primeiro abordar esta música com as peças para piano deste compositor. Muito obrigado por esta sugestão!
Olá, Woody!
Obrigado pela mensagem! Sabe, assim como os outros dois Bês da música germânica, Brahms foi grande pianista e escreveu para este instrumento algumas de suas melhores peças. Mas, ao contrário de Beethoven, que escreveu seu conjunto de 32 duas sonatas (sem contar as que não tem número de opus) ao longo de toda a sua vida, Brahms compôs suas três sonatas para piano ainda na juventude e não mais retomou esse formato daí em diante. Escreveu muitos conjuntos de variações e essas peças mais curtas, reunidas em um conjunto de peças. As composições deste disco estão mais próximas do universo das Baladas, op. 10, estas sim mais cronologicamente próximas das sonatas. Mas, se o disco lhe serve de incentivo para explorar mais a música do grumpfi Brahms, tanto melhor!
Abraços!
René Denon
Essa coisa de comprimir mais o som e aumentar-lhe o volume é uma verdadeira praga que já se espraiou há muito tempo pela música pop e agora parece que ameaça a música clássica. Sugiro um boicote imediato e reclamações formais às gravadoras. E quem encontrar na rua um engenheiro de som desses, não o poupe.
Certo, Cleverson, vou acionar meus contatos nos parlamentos adequados. Mas, e o disco, você gostou?
Abração!
René Denon
Olá, desculpa, só hoje dei jeito de escutar o disco. Está melhor do que me pareceu pelo seu comentário sobre o volume mais alto. Na verdade, em música popular os engenheiros geralmente não têm apenas aumentado o volume, mas também esmagado a faixa dinâmica, isto é, diminuído muito a diferença entre os pontos altos e baixos do som. Graças a Deus, neste aqui conseguiram apenas aumentar o volume sem achatar a faixa dinâmica.
Quanto às peças, eu mesmo fiz faculdade de música em piano e toquei os dois primeiros intermezzi op. 118. A interpretação do nº 2 que ele deu aqui ficou bastante parecida com a minha na época, em especial no aspecto rítmico, bastante comedido, sem exagerar nos rubatos.
é isso. Um abraço.
Olá, Cleverson!
Fico muito feliz por sua mensagem. Saber que alguém, especialmente alguém com formação musical, OUVIU o disco da postagem é muito bom. Quando mencionei minha experiência ao ouvir o disco, não imaginava que ela levasse alguém a pensar em distorções como achatar a dinâmica. Eu sei que algumas há programas que fazem isso, por exemplo, se você preparar um pacote de mp3 para ouvir no carro. Ainda bem que não é este o caso aqui.
Pretendo postar outro disco com repertório parecido, com uma pianista russa que gosto bastante, mas vai demorar um tempinho…
Fique atento!
Forte abraço!
René Denon