Ravel e com um de seus principais intérpretes, Charles Munch. Já fazia tempo que eu queria renovar o link do “Daphnis et Chloé”, mas sempre acontecia alguma coisa que impedia. Vamos ver se agora sai. Charles Munch gravou “Daphnis et Chloé” de Ravel com a Boston Symphony e até hoje ninguém conseguiu superá-lo. É para se ouvir de joelhos, e agradecer aos céus eternamente por nos ter proporcionado momento tão especial na Terra. Imperdível é pouco. Uma das maiores gravações da história da indústria fonográfica, com certeza.
Até conhecê-la, eu me satisfazia com a gravação que o Abbado fez nos anos 70 com a Sinfônica de Londres, ou a gravação do Dutoit com a Orquestra de Montreal. Ambas são excelentes. Mas a delicadeza com que Munch explora as sutilezas da obra é o grande diferencial.
Comparem a primeira faixa, “Invocation to the Nymphs” desta versão com a versão mais light do Dutoit. Munch não joga leve não, mas por incrível que possa parecer, em momento algum sua mão é pesada. A suavidade das passagens que precisam ser suaves, as nuances das cordas, o empenho dos sopros, não há como não se transportar no tempo e se imaginar nos campos gregos, vendo os faunos e as ninfas descansando ao sol, na beira de rios, o soprar de uma leve brisa… insuperável, em minha opinião.
Sobre Daphnis e Chloé, a Wikipedia diz:
“Daphnis et Chloé é um balé, em um ato, com música de Maurice Ravel e baseado em um romance pastoral do século II. Em 1909 foi encomendado a Ravel por Sergei Diaguilev para os seus “Ballets Russes”. Com coreografia de Mikhail Fokine, levou três anos para ser criado. É definida por Ravel como uma “Sinfonia Coreográfica”. É uma obra da corrente musical impressionista.
Índice
A criação
Durante a primeira temporada dos Ballets Russes em Paris, no ano de 1909, o seu diretor, Sergei Diaguilev, tomou conhecimento de algumas músicas de Maurice Ravel. Impressionado com o seu talento, encomendou a partitura de um balé, “Daphnis et Chloé”, baseado em um romance pastoral do poeta grego Longus, que viveu no século II. Recomendou a Ravel que trabalhasse junto a Mikhail Fokine que seria o responsável pela coreografia do bailado. Ravel com seu estilo de trabalho meticuloso e bem cuidado, levou três anos para concluir a obra. Durante este tempo, algumas desavenças entre ele e Fokine aconteceram, principalmente no que dizia respeito ao cenário. Porém, conseguiram entrar em um acordo e os ensaios iniciaram. Nos ensaios também aconteceram alguns problemas, já que a partitura foi considerada difícil de ser dançada pelo corpo de baile.
A estreia
A estréia se deu em Paris, no Théâtre du Châtelet, no dia 8 de junho de 1912, com Nijinsky e Karsavina nos papéis principais (Daphnis e Chloé, respectivamente). O Regente foi Pierre Monteux. O cenografia e os costumes ficaram a cargo de Léon Baskt. A corografia era de Mikhail Fokine.
A sinopse do balé
A primeira cena é passada em um bosque sagrado, dedicado ao deus Pan. Vê-se a figura de Pan e as suas ninfas alojadas em suas cavernas. Daphinis e Chloé, juntos com donzelas e pastores, entram em cena para fazer a oferta das oferendas às ninfas. Uma dança geral é iniciada e os rapazes e as moças ficam separados. Daphnis é cercado pelas moças, enquanto Chloé é cercada pelos rapazes. Um deles, o jovem Dorcon, tenta beijar Chloé. Irado, Daphnis tenta expulsá-lo, mas é contido. Uma disputa então é proposta: quem dentre os dois melhor dançar fará jus a um beijo de Chloé. O primeiro a dançar é Dorcon. Sua dança é grotesca e primitiva. Em seguida, é a vez de Daphnis. Com movimentos e gestos graciosos, ele é o preferido da multidão. Ele é declarado vencedor e recebe o seu prêmio: um beijo da sua amada. Chloé sai de cena, deixando Daphnis em êxtase. Uma jovem de nome Lyceion então se aproveita para atrair Daphnis com sua dança. De repente, sons de combate são ouvidos. Um bando de piratas entra em cena, perseguindo as donzelas. Chloé é raptada e Daphnis sem poder fazer alguma coisa cai, sem sentidos. As ninfas de Pan surgem e tentam reanimá-lo, sem sucesso. Então, recorrem ao deus Pan. Surge outro cenário, retratando o esconderijo dos piratas. Chloé é levada a presença do chefe dos piratas, Bryaxis. Ela é forçada a dançar para ele. Sem ter como fugir, ela se prepara para iniciar a dança, quando o cenário se enche de luzes misteriosas. Sátiros surgem de todas as partes e cercam os piratas. Surge, então, a figura assustadora do deus Pan, fazendo com que os piratas fujam de pavor. Retorna-se ao primeiro cenário. Daphnis e Chloé estão juntos novamente. Em comemoração ao momento vivido, eles encenam uma mímica em que são evocados Pan e Syrinx. Em seguida, todos juntos executam uma grande dança em comemoração às núpcias, encerrando a peça.
A obra
A peça possui um só ato, dividido em três partes. Cada parte é relativa a um cenário. O tempo de duração da encenação é de uma hora. Uma grande orquestra é requerida, com um coro, que canta sem texto. Para a execução sem bailado, Ravel criou uma suíte orquestral dividida em duas partes, sendo a segunda a mais popular e sempre executada nas salas de concertos ao redor do mundo.”
Eu já falei que esta gravação é espetacular?
Maurice Ravel (1875-1937) – Daphnis Et Chloe (complete)
01 – Invocation To The Nymphs
02 – Entrance Of Daphnis And Chloe
03 – Dance Of The Young Girls Around Daphnis
04 – Dorcon’s Advance To Chloe
05 – Daphnis Reasserts His Love For Chloe
06 – Dorcon’s Grotesque Dance
07 – The Gracious Dance Of Daphnis
08 – The Triumph Of Daphnis And The Ecstatic Union With Chloe
09 – Entrance Of The Tempress Lyceion And Dance Of Veils
10 – The Invasion Of The Pirates
11 – Invocation To Pan By The Nymphs And The Prayer Of Daphnis
12 – Interlude
13 – The Orgiastic Dance Of The Pirates
14 – Bryaxis Orders Chloe To Be Brought Forward And To Dance
15 – Chloe’s Dance Of Supplication
16 – Creatures Of Pan Appear And Frighten The Pirates
17 – Sunrise, Daphins Prostrate At The Grotto Of The Nymphs
18 – Daphnis And Chloe Are Reunited
19 – Lammon Tells How Pan Saved Chloe
20 – Pan (Daphnis) Fashions A Flute From Some Reeds
21 – Abandoning Their Roles
22 – Girls Dressed As Bacchantes Enter With Tambourines
23 – Young Men Invade The Scene
Boston Symphony Orchestra
Charles Munch, regente
FDP
FDP, realmente monumental a obra e a interpretação do Charles Munch. O seu texto também, ótimo !
Olá, FDP!
Fiquei curioso ao ler suas loas sobre essa gravação e já estou baixando. Você conhece a gravação do Monteux regendo a LSO?
https://www.amazon.com/Ravel-Daphnis-Rapsodie-espagnole-Pavane/dp/B000E6EGZA
Caso você a conheça, como elas se comparam, na sua opinião?
Obrigado pela postagem e parabéns pela “repaginada” do site. Ficou ainda mais atraente!
Abraços
Mário Olivero
Oi pessoal do Blog – minha pagina está toda esquisita, diferente. Alguem reparou nisso, ou será que foi só eu?
asbraços e obrigados.
Oi Mário, li a tua mensagem e agora me certifiquei das mudanças no lay-out do Blog. Elas mui provavelmente alteraram
as minhas configurações e geraram uma certa bagunça aqui no meu monitor. Mesmo indiretamente agradeço pelo esclarecimento!!!
abraços
Tudo de bom, Manuel!
Obrigado pela excelente postagem! Uma curiosidade: a gravação é de 1955! Tempos iniciais do estéreo.