Felix Mendelssohn (1809-1847): Sonho de uma Noite de Verão, Op. 61

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Quando penso na música de Mendelssohn sempre me vem à mente uma sensação de alegria juvenil despreocupada, tépida, repleta de sentimentos ensolarados. Talvez a impressão resultante da sinfonia número 4, “Italiana”, tenha se tornado numa influência preponderante em minha percepção. E o que dizer de o Sonho de uma noite de verão? Mendelssohn conseguiu transferir o aspecto emblemático tal qual Shaskepeare o empregou quando escreveu a sua obra homônima. Ou seja, a obra escrita para o teatro se perpetua, em carga dramática e espiritual, na obra musicada. Mendelssohn era um indíviduo culto, dono de uma grande versatilidade artística; conhecedor de tendências e mundos literários. Ele contribuiu singularmente para perpetuar o gênio shakespereano nessa obra. O mais incrível nisso tudo – e devo afirmar que se trata de algo estarrecedor – é que Mendelssohn era uma adolescente quando escreveu esta obra. Tinha apenas 15 anos de idade. Algo verdadeiramente incrível. A obra é ágil, cheia de um colorido alegre; é bela, perfeita, revelando uma alma sonhadora. A obra revela o jovem Mendelssohn. Sonho de uma noite de verão deixa-nos com aquela impressão de que há homens que já perceberam, apreenderam e sentiram o inefável; que já apalparam a beleza. Revela-nos a verdade abismadora proclamada por Nietzsche, ou seja, de que “a arte existe para dar sentido à vida”. Sem a arte o mundo humano já teria se desvanescido. Quando se estiver triste, quando a vida se encher de escuridade; ou naqueles dias em que o mundo parece conspirar, é necessário ouvir esta música que segreda-nos verdades ocultas. A “Abertura” é uma porta que se nos abre, convidando-nos para o mundo das fadas, dos duendes, dos contos imaginosos, de encantamentos, de amores impossíveis ou que se realizam, de fantasia – verdadeira fantasia. Entusiasmo-me quando escuto esta obra. Ficamos elucubrando com aquelas sentimentalizações de que a vida vale a pena. Portanto, não deixe de ouvir este registro imperdível com Otto Klemperer. Aprecie sem moderação, pois quanto mais somos penetrados pela beleza da arte, melhores seres humanos nos tornamos.

Felix Mendelssohn (1809-1847) – Sonho de uma noite de verão – música incidental, Op. 61

01. Overture, Op. 21 [12:51]
02. I. Scherzo [5:29]
03. IIa. March of the Fairies [1:17]
04. III. ‘Ye Spotted Snakes’ [4:39]
05. V. Intermezzo [3:57]
06. VII. Nocturne [7:02]
07. IX. Wedding March [5:00]
08. Xa. Funeral March [1:01]
09. XI. Dance of the Clowns [1:49]
10. Finale. ‘Through the House’ [4:48]

Philharmonia Orchestra
Philharmonia Chorus

Heather Harper, soprano
Janet Baker, contralto
Otto Klemperer, regente

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Klemperer, nome difícil de dizer, cara de louco, mas que baita maestro!
Klemperer, nome difícil de dizer, cara de louco, mas que baita maestro!

Carlinus

11 comments / Add your comment below

  1. Mendelssohn – para mim um gênio maior que muitos outros supervalorizados, mas ele própio não é muito reconhecido. Uma pena não sabem o que perdem!!!
    Esse Sonho de Uma Noite de Verão, para mim, é minha música. Se uma hecatombe nuclear atingisse esse mundo, e eu só tivesse condições de salvar um cd ou partitura, seria esse.
    No youtube tem uma versão muito boa, para piano a quatro mãos, dessa obra, inclusive com Martha Argerich no secondo, vale a pena ver: http://www.youtube.com/watch?v=EAn22vv5qdU

    Obrigado por essa preciosidade!!!

  2. Para mim essa é a melhor versão de Sonho de uma noite de verão, levemente superior àquela postada aqui pelo PQP, do Herreweghe.

    O fato de Mendelssohn ter composto várias obras de grande valor ainda quando era jovem serve para explicitar um conceito no qual eu acredito: de que o talento é inato da pessoa; esforço e vontade são considerados, mas o talento é fundamental.

  3. Que beleza, Carlinus… de texto e de postagem. Klemperer é um de meus regentes favoritos e Mendelssohn, bem Mendelssohn é Mendelssohn … concordo plenamente com sua descrição. Mendelssohn é luz para o espírito, faz muito bem à alma. Qualquer hora destas posto aqui aquelas suas sinfonias para orquestra de cordas, escritas como exercícios de composição, encomendados pelo professor, quando tinha meros 12 anos de idade. Será que esse cara não brincava normalmente, como toda criança dessa idade?
    E com certeza Mau, o talento é fundamental.

  4. Meus Deus, Mendelssohn é MUITO bom!!!!!!!!!!!!
    Pra mim, está num mesmo patamar de Beethoven e Bach, por exemplo…
    Mas acho que o blog tem pouco coisa dele, por isso humildemente peço para colocarem mais cds dele!!!

    PS: gostei dessa versão, mas a outra do blog, para mim, é muito melhor, mais equilibrada, firme, estudada!!!

  5. Vanderson, quanto à idade, o que o post quis dizer foi que Mendelssohn já compunha obras-primas com seus 15 anos – Mozart até já compunha com essa idade, massuas obras só começaram a ser densas e geniais depois de seus 20 anos, mais ou menos…

  6. 1) Mau, o Intrépido,
    Como estudante de música amador, posso te garantir que talento é só 10%, no máximo. Todos os intérpretes, e até compositores, que conheci afirmam a mesma coisa – uns dizem até que é 1%.
    Fenômenos como Mendelssohn são explicados por outro eixo teórico que não o do talento – a saber, o do gênio precoce e do gênio tardio.
    Mendelssohn é claramente um gênio precoce. E tanto o estudo e o esforço é que são fundamentais que as últimas obras de Mendelssohn são ainda melhores. As tais sinfonias de câmara, por exemplo, apesar de muito bonitas, tem o baixo muito pouco desenvolvido.
    Agora, para chegar ao nível de um Beethoven ou de um Mozart, aí não tem jeito, precisa desses 10% de talento mesmo.

    2) À equipe do blog,
    Como vocês conseguem manter esse ritmo alucinante de postagens excelentes??!? Vocês são demais!!!

  7. Matheus:

    O incrível é que um cara (daqueles metidos a intelectualóides) em um blog norte-americado escreveu que Mendelssohn era um compositor “menor”, bem inferior aos demais. Tem pessoas que querem que os seus gostos pessoais sejam reconhecidos como “verdades absolutas e universais”. Que o cara não goste muito do compositor, vá lá, mas desqualifica-lo já é demais. Graças a Deus que nunca mais encontrei esse blog e possivelmente o link dele foi apagado da minha mente…rs

    O que mais gosto nesse “bom moço” (Mendelssohn) é a capacidade que ele tinha de absorver diversas influências: seu professor, Zelter, lhe transmitiu a paixão por Bach; é inegável também a influência da jovialidade da música de Mozart; e, por mais que Zelter e outras pessoas próximas ao Mendelssohn torcessem o nariz para Beethoven, dá para notar a influência, embora sutil, do mestre de Bonn.

    ADORO Mendellsohn.

    Vanderson:

    Ouça as cinco sinfonias dele. Todas são geniais. Da Quarta Sinfonia que você falou, eu gosto bastante do último movimento (que, salvo engano, foi inspirado na Tarantela). É uma música pulsante, maravilhosa.

  8. Que post fascinante!!! Mendellsonh é muito bom, e o texto, duca:”quando se estiver triste, quando a vida se encher de escuridade; ou naqueles dias em que o mundo parece conspirar, é necessário ouvir esta música que segreda-nos verdades ocultas.” conseguiu descrever o que há por dentro e acima de nós!

  9. esse 4shared é um saco. O download baixa mas nunca consigo extrair. Realmente é um pé no saco. E não entendo porque tiraram o Megaupload,
    porém já ouvi dizer que está voltando. Que assim seja.

  10. Na verdade, Mendelssohn escreveu esta obra em dois períodos de sua vida. A abertura é realmente obra de juventude (tinha dezessete anos e meio quando a concluiu), mas as peças restantes foram compostas dezesseis anos depois da abertura.

    Quanto à gravação, basta dizer que o regente é Otto Klemperer. Fantástica!

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