Ai, os discos de Karajan…! Grandes gravações, grandes fracassos, o cara não se contentava com nada comum! Mediocridade não era com ele. A primeira vez que vi a Inextinguível à venda foi num lançamento da DG sob a batuta do HvK. A capa era tão espetacular, com um sol vermelho no horizonte, mais arco-íris e silhueta de montanhas e aquele enorme Inextinguishable de lado a lado com o nome do regente em letras um pouco menores, que era impossível não comprar. Mas que bosta de disco! Como ele teve a coragem de gravar aquilo? Mas tudo muda nesta gravação da Chandos.
Não é a minha sinfonia preferida de Nielsen. Esta 4ª, escrita em 1916, me parece dotada de um senso de estilo um tanto vacilante, apesar de vários bons momentos. De indiscutível mesmo, há o quarto movimento, absolutamente arrebatador nesta gravação e mesmo com Karajan. É obra desigual, em minha opinião.
Já a 6ª Sinfonia, “Simples”, escrita às portas da morte, é sensacional. Cheia de sarcasmo, antecipa em poucos anos o que faria Dmitri Shostakovich em seus momentos de humor mais dantesco. A intenção de Nielsen, em muitos momentos, parece ser a de chocar. Ele anuncia que fará, a gente fica meio na dúvida, mas ele faz até mais do que se espera. Sempre dou risadas quando volto a ouvi-la após algum tempo. O tema de abertura não pode ser mais Shosta e Nielsen não estava brincando quando chamou o segundo movimento de Humoreske. Mais: Nielsen devia estar dando barrigadas de riso quando criou o Thema med Variationer, que acaba com um fagote meio incerto, sei lá. Há casos assim: o sujeito está doente, sabe que vai morrer e solta a franga. Novamente, o trabalho da orquestra escocesa faz jus tanto a gritos de Bravo! quanto aos melhores uísques.
Baita CD!
Carl Nielsen (1865 – 1931): Integral das Sinfonias – Sinfonias Nº 4 e Nº 6 (final)
Symphony No. 4, ‘Det Uundslukkelige’, ‘The inextinguishable’, Op. 29 (FS 76)
1. I Allegro
2. II Poco allegretto
3. III Poco adagio quasi andante
4. IV Allegro – glorioso – Tempo giusto
Symphony No. 6, ‘Sinfonia semplice’ Op. 116 (FS 116)
5. I Tempo giusto – Allegro passionato – Lento, ma non troppo – Tempo 1 (giusto)
6. II Humoreske. Allegretto
7. III Proposta Seria. Adagio
8. IV Thema med Variationer. Allegro – Tema: Allegretto un poco – Variations I-IX – Fanfare
Royal Scottish National Orchestra
Bryden Thomson
PQP
Meu caro amigo. Realmente as Sinfonias de Nielsen são espetaculares. Gostei muito. Baixei e ouvi todas. Por falar em coisa boa, Você teria condições de postar o Concerto para Gaita de Radamés Gnatalli, executado por Edu da Gaita e a Orq. Sinf. Brasileira, regida por Radamés ? Ficarei muito agradecido, muito mesmo.Desta obra há somente juma gravação, do selo Festa, esgotada há muito tempo e não consegui encontrá-la. Alguém poderia me ajudar ? Grato e abraços. Adalberto.
Eu não tenho. Adoraria ouvir.
Concordo sobre o que disse sobre o Karajan!
O mais estranho é que as vezes numa mesma obra ele interpreta de forma brilhante, fazendo uma excelente gravação, e numa outra vez, na mesma obra faz uma verdadeira cagada.
As sinfonias de Tchaikovsky dele são um grande exemplo disso.
Agora, sobre Nielsen, além da 4 e 6 que postou, tenho o integral do Neeme Jarvi, gostei muito. Se gostar dessas duas com esse Bryden, com certeza as outras entrarão na minha fila.
Assino embaixo!
A melhor integral de Nielsen é a segunda do Herbert Blomstedt (para a Decca, com a Sinfônica de San Francisco; a primeira, para a EMI, é bem ruim). Outra excelente: Michael Schonwandt para a DaCapo.
O Bernstein gravou a “Quatro temperamentos”, a “Espansiva”, a “Inextinguivel” e a Quinta. São gravações excelentes, principalmente da “Espansiva”. Jascha Horenstein gravou uma Quinta realmente fora de série com a New Philharmonia; e uma das melhores “Inextinguiveis” é a de Jean Martinon com Chicago. E uma integral surpreendente é de Theodore Kuchar para a Brilliant Classics – super barata!
A Deutsche Grammophon só deu bola fora com Nielsen: acho a integral de Järvi com Gotemburgo muito pálida, e a “Inextinguivel” do Karajan é uma bizarrice.
Até agora só consegui ouvir a 5ª, mas fiquei impressionado. Pretendo ouvir as outras assim que puder. Obrigado pelo post!
A única linguagem universal é a música, e as sinfonias de Carl Nielsen são magníficas! Dignas de Beethoven e Tchaikovsky. Não ouvi a versão de Karajan, ouvi a de Neemi Jarvi. E a que baixei agora com o Bryden são espetaculares!
Um pedido, se posso me atrever a fazer: teria como postar a ópera Boris Goudunov de Modest Mussorgsky, versão do magnífico Rostropovich e a Sinfônica de Washington? E O Uirapuru de Villa-Lobos por Stokowski?
Grato por fazerem deste mundo um lugar melhor…
Uirapuru já está na agulha é só aguardar.
No es posible que Nielsen (que murió en 1931) citara una obra (el Concerto para orquesta de Bartok) compuesta casi 15 añis después.
🙂