Mestres da Música Colonial Mineira – Orquestra Sinfônica e Coral Ars Nova, da UFMG (Acervo PQPBach)

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Orquestra Sinfônica e Coral Ars Nova
UFMG

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Em junho de 2001 resolví descansar uns dias em uma tranquila pousada em Tiradentes, MG, e não é que acordei, no domingo pela manhã, com anjos, arcanjos, querubins e serafins cantando para mim?

Por instantes acreditei ter morrido, pois ouvia aqueles anjinhos gordinhos, de cabelos loiros encaracolados, cantando por entre as nuvens. Só faltavam as trombetas celestiais!

– Pelo menos fui despachado para o Céu … … … meno male!, pensei eu.

Abrí os olhos, firmei o olhar na janela aberta e descobri que o som maravilhoso vinha da Igreja Matriz. Do alto da torre. Tudo salvo … eu continuava vivinho da silva.

Compartilho com nossos amigos ouvintes aquele som que veio dos céus!

Manoel Dias de Oliveira foi regente, copista e organista, dedicou-se à música desde 1769 em irmandades religiosas. Uma lenda fala de seu talento precoce. Certa ocasião o padre Francisco da Piedade ouviu-o, ainda menino, a cantar trechos de uma obra de Josquin des Prez enquanto estava a brincar com formigas. Impressionado, o padre o convidou a participar do coro da catedral de Santo Antônio, onde estudou teoria musical, contraponto e órgão. Foi membro da Ordem Terceira de São Francisco, e recebeu o título de Capitão da Cavalaria a Pé da Rainha Dona Maria I, o mais alto título que alguém de pele escura podia receber. Suas obras são executadas em uma tradição ininterrupta nas igrejas da região de Tiradentes. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Manoel_Dias_de_Oliveira)

Marcos Coelho Neto foi membro da Irmandade de S. José dos Homens Pardos e da de N. Sra. das Mercês de Cima, foi trompetista dos conjuntos musicais que serviam às duas confrarias. Foi também timbaleiro na Cavalaria Auxiliar de Vila Rica. Em 1799, ingressou na Venerável Ordem Terceira dos Mínimos de S. Francisco de Paula, de mulatos, e na Irmandade de Santo Antônio, constituída por brancos, sendo uma exceção honrosa ao preconceito racial da época. (http://www.movimento.com)

José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita foi para Arraial do Tijuco (1776), hoje Diamantina, onde desenvolveu sua carreira como organista e compositor, até que entrou para a Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo (1789). Alferes do Terço de Infantaria dos Pardos, foi o encarregado de um oratório para a Semana Santa (1792). Regeu a música para o tríduo do período (1798-1799), na matriz de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto. A partir daí até sua morte, tocou nas missas da igreja da Ordem Terceira do Carmo, no Rio de Janeiro, cidade onde morreu. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Lobo_de_Mesquita)

A Orquestra Sinfônica e Coral Ars Nova, da UFMG, apresenta um trabalho sério, vigoroso, de excepcional sonoridade, fruto da enorme capacidade, experiência e dedicação do Maestro Carlos Alberto Pinto Fonseca, a cuja memória dedicamos esta postagem. Pena que não gravaram muito mais. Perde o Brasil e o mundo!

Manoel Dias de Oliveira (São José del Rey [Tiradentes], 1735-1813)
1. Magnificat
2. Visitação Dos Passos
3. Motetos dos Passos -1: Pater mi
4. Motetos dos Passos -2: Bajulans
5. Motetos dos Passos -3: Exeamus
6. Motetos dos Passos -4: Angariaverunt
7. Motetos dos Passos -5: Filiae Jerusalem
8. Motetos dos Passos -6: Popule meus
9. Motetos dos Passos -7: O vos omnes

Marcos Coelho Neto, (Vila Rica [Ouro Preto], 1740-1806)
10. Himno a Quatro – Maria Mater Gratiae
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, 1746- Rio de Janeiro, 1805)
11. Gradual o para Domingo da Ressurreição
12. Tercis (1783) – 1: Difusa est Gratia
13. Tercis (1783) – 2: Padre Nosso
14. Tercis (1783) – 3: Ave Maria
15. Tercis (1783) – 4: Gloria Patri
16. Antiphona De Nossa Senhora – Salve Regina

Mestres da Música Colonial Mineira
Orquestra Sinfônica e Coral Ars Nova, da UFMG
Maestro Carlos Alberto Pinto Fonseca (1933-2006)
Gravado no auditório da CEMIG, Belo Horizonte, MG, Brasil, em setembro de 1996.

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Boa audição!

foto na cerca

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Avicenna

12 comments / Add your comment below

  1. Olá Avicenna.

    Mais uma bela postagem. Uai! Eu não imaginava que por trás daquelas construções barrocas tão típicas das cidades mineiras, conhecidas em todo o Brasil, houvesse uma rica tradição musical, desconhecida do grande público.
    Esta é a Minas Gerais além de Guimarães Rosa!

    1. A maioria absoluta dos compositores de música sacra colonial brasileira são de Minas, Adriano, numa época febril de exploração do ouro e quando a Igreja e o Estado marcaram forte presença na região. Veja a pequena biografia desses compositores que acompanha as postagens: a maioria nasceu ou viveu em Ouro Preto ou Sabará ou Diamantina ou Tiradentes, etc.
      Um abraço!

  2. Avicenna… infelismente não é hoje que eu vou ouvir e comentar
    sobre esta postagem ,minha internet está com problema.Tanto é que estou fazendo este comentário em outro computador.

        1. Obrigado, C.T.Mozart. Valeu!
          Foi ouvindo esse maravilhoso Magnificat que eu acordei na pousada de Tiradentes! Só tinha que pensar mesmo que já estava nos Céus …

  3. Olá pra todos!!!!
    Em uma Semana Santa daqui de Ouro Preto,não me lembro o ano, na Matriz de Nossa Senhora do Pilar ( aliás, minha vizinha), no domingo da Ressurreição, esse Magnificat foi cantado durante a Coroação de Nossa Senhora. Foi simplesmente emocionante…..
    Um abraço a todos. Qualquer coisa, estou à disposição!!!

    Ps. Avicena, tenho uma missa a 5 vozes de André da Silva Gomes. Não sei como compartilhar.. aguardo notícias! Tenho outras obras tb.

    1. Adoro Ouro Preto, Jorge Tadeu. Em 20.04.09 tive o prazer de ouvir o grande concerto da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e da orquestra de sopros da região Nord–Pas de Calais, da França, na Praça da Universidade, quando a eterna Bibi Ferreira interpretou clássicos da diva francesa Edith Piaf e emocionou mais de 3 mil pessoas que enfrentaram o frio. Inesquecível!

      Possuo a Missa a 5 Vozes do André da Silva Gomes com o Brasilessentia Grupo Vocal e Orquestra e, enquanto escrevo-lhe, ouço a Missa a Oito Vozes & Instrumentos, do mesmo compositor.

      Das outras obras, Jorge Tadeu, qual a que você mais gosta?

      Um abraço, sô!

      1. Olá!!! Então nós quase no esbarramos mesmo… Tb assisti ao concerto. INESQUECÍVEL!!!!!
        Da música colonial mineira e brasileira eu gosto de tudo mesmo. Nasci e cresci envolvido com esta música.
        Já tive em minhas mãos algumas partituras originais desses grandes compositores.
        Quando vier por aqui me avise!!!!!
        Um abraço!!

        PS. Em setembro teremos o festival de jazz. Este ano a homenageada é Billy Holiday. Apareça!!!! Segue o link do festival http://www.tudoejazz.com.br

        Jorge Tadeu.

  4. Primeiro, que delícia de texto de apresentação! Conseguiu até imprimir bom humor numa manhã de segunda-feira que tinha tudo para ser pra baixo!

    Segundo, pela amostra de pra reconhecer uma QUALIDADE DE REALIZAÇÃO acima da maior parte das gravações de música colonial mineira, e isso é ótimo! Pois muitas vezes essa música tem parecido menor do que é devido a gravações que não fazem jus à sua qualidade. Então a postagem é de fato mais que bem-vinda!

    1. E depois, Monge Ranulfus, eu e minha mulher saimos pela cidade procurando o CD da música que tocava. Encontramos numa papelaria, solitário, num cantinho, único exemplar!
      Foi assim que angariei o meu primeiro CD de Música Sacra Brasileira. Um dos melhores. Minha ‘moedinha da sorte’!
      Maktub!

      Um abraço,

      Avicenna

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