O órgão de Olivier Messiaen (1908-1992) ao vivo em Amsterdam

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A Holanda está à frente de seu tempo em vários aspectos. As bicicletas, o sistema de saúde pública de alto nível, a política quanto às drogas (questão de saúde, não de polícia), a música… Mahler, por exemplo, teve sucessos em Amsterdam enquanto outras regiões da Europa ainda viravam o rosto e fingiam que não (ou)viam. Mengelberg (maestro titular no Concertgebouw) regia Mahler desde 1902, sendo ridicularizado por alguns críticos.

O Orgelpark fica de frente para o Vondelpark (principal parque de Amsterdam) e pretende integrar o órgão na cultura musical do século XXI dando um novo papel para o instrumento. Afastando-se da função tradicional do órgão que serve ao edifício (a igreja), no Orgelpark o edifício serve ao órgão e sua música.

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Orgelpark: 5 órgãos de tubos. Daqui a uns 300 anos teremos uma sala assim no Brasil

Marcel Verheggen estudou com organistas holandeses, com o italiano Luigi-Ferdinando Tagliavini e o francês Daniel Roth. Atualmente é organista em uma basílica medieval em Maastricht. Ele toca as seis primeiras obras deste programa de rádio que trago a vocês: a Aparição da Igreja Eterna, a Ascensão (João, 17:1, 17:6, 17:11; Salmo 46) e o Banquete Celeste (João, 6:56). São peças de juventude, de profunda espiritualidade como toda a música de Messiaen. Pra quem é de Bíblia, coloquei os trechos que aparecem como subtítulo de cada obra, lembrando que o Evangelho de João é considerado o mais místico e espiritual. Não esperem música gospel aqui, o negócio é denso.

A última obra (Oração após a comunhão, de 1984) consegue ser ainda mais densa, ainda que mais tonal… Um organista e compositor de 75 anos, que já passou por duas guerras mundiais, pensa de forma diferente de um de 20. Um tema descendente de quatro notas insiste em se repetir enquanto em outro registro do órgão soam acordes que preenchem todo o espaço do Concertgebouw de Amsterdam. No final, o público demora a bater palmas, ninguém tinha certeza: acabou ou é só um acorde mais demorado?

Leo van Doeselaar é outro organista holandês. Em 2016 suas passagens pelo Concertgebouw  incluíram concertos com orquestra e coro (Cantatas, Magnificat e  Matthäus-Passion de Bach, Missa de Rossini, obras de Kodaly e dos contemporâneos Escaich, Manneke e Glanert) e recitais solo,  um com transcrições de Bach, Händel e Dukas, além deste Messiaen em um concerto da série “Matinês de sábado”.

Imaginem que privilégio, acordar tarde no sábado, almoçar (ou dar uma passada em um coffee shop) e em seguida ir ao Concertgebouw ouvir um pouquinho de Messiaen pra começar bem o fim de semana?

Olivier Messiaen (1908-1992)

1. Apparition de l’église éternelle (1932) (10:28)
2. L’ascension: Majesté du Christ demandant sa gloire à son Père (1933) (8:03)
3. L’ascension: Alleluias sereins d’une âme qui désire le Ciel (1933) (8:46)
4. L’ascension: Transports de joie d’une âme devant la gloire du Christ qui est la sienne (1933) (5:29)
5. L’ascension: Prière du Christ montant vers son Père (1933) (9:35)
6. Le banquet céleste (1928) (8:17)

Marcel Verheggen – organ
Orgelpark, Amsterdam, February 21, 2015
Verschueren organ (2009, in the style of Cavaillé-Coll)

7. Livre du Saint Sacrement: Prière après la communion (1984) (7:55)

Leo van Doeselaar – organ
Concertgebouw, Amsterdam, February 13, 2016
Maarschalkerweerd organ (1891)

Fonte: Dutch Radio 4

BAIXE AQUI (DOWNLOAD HERE) ou aqui (or here)

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Nos anos 70 Messiaen tocava órgão na igreja todos os domingos, enquanto isso os hippies do Vondelpark se conectavam com o sagrado de outras formas…

Pleyel

1 comment / Add your comment below

  1. “Daqui a uns 300 anos teremos uma sala assim no Brasil”
    Estimativa otimista! Penso que jamais teremos algo assim por aqui. Salvo, claro, se começarem a fazer versões para órgão de axé, funk ou sertanejo.

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