No século XX, a maior grife que um compositor ou músico erudito podia ostentar era o de poder dizer: “Fui (ou sou) aluno de Nadia Boulanger”. Este é o primeiro álbum dedicado às composições da própria Nadia, verdadeiramente um lançamento de grande importância histórica. Compreendo que alguém que tenha passado a vida moldando autores e intérpretes tenha cuidado em lançar obras — que têm um ar de despretensão e diletantismo. Além disso, ela foi uma mulher num campo QUE ERA decididamente masculino. Mas, mesmo com a despretensão, a qualidade é muito alta.
Dentre todos, Boulanger foi de longe o professor de composição mais influente do século XX. No entanto, “Mademoiselle”, como ela é conhecida no mundo da música, descartou suas próprias obras como “inúteis”. O resultado é que elas são quase completamente desconhecidas do público musical de hoje. Porém, agora podemos agora ouvir seus trabalhos completo, incluindo 13 estreias mundiais, nos gêneros da canção, piano solo, violoncelo e piano e órgão. São 37 joias.
Nadia Juliette Boulanger (1887-1979) foi professora de:
- Aaron Copland
- Albert Alan Owen
- Almeida Prado
- Astor Piazzolla
- Burt Bacharach
- Charles Strouse
- Cláudio Santoro
- Clifford Curzon
- Daniel Barenboim
- David Conte
- David Diamond
- David Ward-Steinman
- David Wilde
- Diane Bish
- Dinu Lipatti
- Douglas Stuart Moore
- Easley Blackwood Jr.
- Egberto Gismonti
- Elie Siegmeister
- Elliott Carter
- Gian Carlo Menotti
- Ginette Neveu
- Harold Shapero
- Henryk Szeryng
- Howard Swanson
- Idil Biret
- Igor Stravinsky
- Jean Françaix
- Kazimierz Serocki
- John Eliot Gardiner
- Lennox Berkeley
- Leonard Bernstein
- Marcelle de Manziarly
- Marc Blitzstein
- Mozart Camargo Guarnieri
- Ned Rorem
- Quincy Jones
- Ralph Kirkpatrick
- Peter Hill
- Philip Glass
- Richard Stoker
- Robert Russell Bennett
- Roy Harris
- Stanislaw Skrowaczewski
- Walter Piston
- William Sloane Coffin
- Witold Lutoslawski
- Wojciech Kilar
- Virgil Thomson
Tá bom? Entenderam porque ela é tão importante?
Mademoiselle: Primeira Audição – A Música Desconhecida de Nadia Boulanger
CD 1 (54:12)
SONGS
Versailles* (3:05)
J’ai frappé (1:59)
Chanson* (1:26)
Chanson (2:02)
Heures ternes* (2:49)
Le beau navire* (3:04)
Mon coeur* (3:05)
Doute (2:47)
Un grand sommeil noir* (2:02)
L’échange (3:24)
Soir d’hiver (3:40)
Ilda* (3:29)
Prière (3:38)
Cantique (2:03)
Poème d’amour* (3:50)
Extase* (2:36)
La mer* (2:53)
Aubade* (2:00)
Au bord de la route (2:18)
Le couteau (1:57)
CD 2 (54:15)
Soleils couchants (2:24)
Élégie (3:30)
O schwöre nicht* (2:03)
Was will die einsame Thräne? (2:32)
Ach, die Augen sind es wieder* (2:09)
Écoutez la chanson bien douce (6:03)
WORKS FOR PIANO
Vers la vie nouvelle (4:30)
Trois pièces pour piano* (3:22)
Pièce No. 1 in D Minor (1:05)
Pièce No. 2 in D Minor (1:26)
Pièce No. 3 in B Minor (0:51)
WORKS FOR CELLO AND PIANO
Trois pièces (8:33)
Modéré (3:14)
Sans vitesse et à l’aise (2:21)
Vite et nerveusement rythmé (2:58)
WORKS FOR ORGAN
Trois Improvisations (11:11)
Prélude (5:22)
Petit Canon (2:32)
Improvisation (3:57)
Pièce sur des airs populaires flamands (7:18)
* World Premiere Recording
Nicole Cabell
Edwin Crossley-Mercer
François-Henri Houbart
Lucy Mauro
Amit Peled
Alek Shrader
PQP
Prezado pqpbach,
Acabo de baixar o disco e, portanto, ainda não o ouvi. Mas, desde já, agradeço o seu post, pois não sabia que Nadia Boulanger também compunha. Só sabia que foi uma das grandes professoras de Música do século passado.
Aliás, seu post é uma bonita e justa homenagem àquela mestra e, sem dúvida alguma, ainda que não tivesse as músicas, “per se”, já seria de grande valor .
Parabéns, pois, pelo mesmo, o qual, “de brinde”, ainda nos faz conhecer a lista de alunos de Madame Boulanger e, dentre eles, os nossos Almeida Prado, Cláudio Santoro, Egberto Gismonti e Camargo Guarnieri.
Um grande abraço deste seguidor diário do blog,
Nilton Maia
Outro!
É uma grande postagem. PQP!
obrigado
manuel
Interessantíssimo o disco!
Só gostaria de complementar uma informação, que está na lista dos alunos de Nadia Boulanger.
Camargo Guarnieri não foi seu aluno. Ele estudou em Paris uns poucos meses em 1938/39, e foi aluno de Charles Koechlin. Ele foi apresentado a Nadia Boulanger e lhe mostrou algumas obras. Ela se interessou por sua música, e depois foi um ponto de contato para que Guarnieri estabelecesse uma amizade com Aaron Copland.
Sobre a estadia de Guarnieri em Paris, há um capítulo bem documentado no livro “Camargo Guarnieri, o tempo e a música”, de Flávio Silva. Sobre Guarnieri e Copland, há bastante coisa em meu livro “A formação de um compositor sinfônico: Camargo Guarnieri entre o modernismo, o americanismo e a boa vizinhança”.