J. S. Bach (1685-1750): Concertos de Brandenburgo

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Antes de qualquer coisa: aqui temos uma gravação de inacreditável qualidade dos Brandenburgo. E aqui, a gravação que eu mais gosto. Aliás, amo também o registro constante no post que você está lendo.

Não há como contestar a notável qualificação técnica do Il Giardino Armonico, mas seus tempi mais rápidos que o habitual e a utilização um pouco arbitrária de dinâmicas (piano, forte, fortissimo, etc.) talvez assuste alguns ouvidos mais cheios de pudores. Não é meu caso. Gosto de surpresas e não tenho uma relação reverente com a música. Não posso ser reverente com algo que me é tão íntimo e me faz tão feliz. Posso admirar minha mulher, mas, digamos, deveria reverenciá-la? Ora, se a arte não puder ser lúdica e alegre, o que pode? É claro que não gostaria de ouvir o Réquiem Alemão em versão heavy metal, mas uma acelerada aqui, uma freada ali, mesmo brusca, qual é o problema? A música é uma coisa viva, não? O mundo não gira apenas pela sensibilidade e senso de estilo, mas também pelo inusitado. Afinal, são os pequenos e suaves abusos que nos fazem felizes…

É uma gravação rápida, às vezes furiosa, e eu duvido que você a rejeite por inteiro, mesmo que seja um futuro ou atual membro da TFP.

As leituras de Giovanni Antonini merecem ser respeitadas e seu Giardino nem se fala. O pessoal que bate papo amigavelmente na capa do CD toca demais. O andamento vivíssimo do terceiro concerto, o destaque dado ao trompete no segundo e às trompas no primeiro, o último movimento do quarto concerto e todo o sexto — com o ingresso de um alaúde no baixo contínuo, o que acentua o timbre grave de um concerto sabidamente sem violinos –, são realizações e serem consideradas..

A gravação do Giardino já foi taxada de sinful, de ser rock n´roll e outros absurdos. Por quê? Os modelos têm de ser fixos, a seriedade absoluta tem de ser nosso algoz até na música? Ora, vá, vá!

Os Seis Concertos de Brandemburgo de Johann Sebastian Bach

Disc: 1

1. Brandenburg Concertos: Concerto No. I In F Major: Allegro
2. Brandenburg Concertos: Concerto No. I In F Major: Adagio
3. Brandenburg Concertos: Concerto No. I In F Major: Allegro
4. Brandenburg Concertos: Concerto No. I In F Major: Menuetto

5. Brandenburg Concertos: Concerto No. II In F Major: Allegro
6. Brandenburg Concertos: Concerto No. II In F Major: Andante
7. Brandenburg Concertos: Concerto No. II In F Major: Allegro Assai

8. Brandenburg Concertos: Concerto No. III In G Major: Allegro
9. Brandenburg Concertos: Concerto No. III In G Major: Adagio
10. Brandenburg Concertos: Concerto No. III In G Major: Allegro

Disc: 2

1. Brandenburg Concertos: Concerto No. IV In G Major: Allegro
2. Brandenburg Concertos: Concerto No. IV In G Major: Adante
3. Brandenburg Concertos: Concerto No. IV In G Major: Presto

4. Brandenburg Concertos: Concerto No. V In D Major: Allegro
5. Brandenburg Concertos: Concerto No. V In D Major: Affettuoso
6. Brandenburg Concertos: Concerto No. V In D Major: Allegro

7. Brandenburg Concertos: Concerto No. VI In B Major: Allegro
8. Brandenburg Concertos: Concerto No. VI In B Major: Adagio ma non tanto
9. Brandenburg Concertos: Concerto No. VI In B Major: Allegro

Il Giardino Armonico
Giovanni Antonini

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Doença: o flautista e regente Antonini em ação
Doença: o flautista e regente Antonini em ação

PQP

24 comments / Add your comment below

  1. Sempre achei a intervenção das trompas no primeiro movimento do primeiro concerto algo no mínimo excêntrico. Elas entram de uma forma um tanto “afoita” – como se pegassem o carro em movimento – dando a impressão de tentar intimidar o resto da orquestra. Genial… no que Bach pensava quando pôs aquelas intervenções um tanto histéricas ali?

  2. É uma boa pergunta, Pato. As intervenções das trompas parecem desejar “atrapalhar” a orquestra. Mas quem sou eu para julgar Bach? É mais inteligente fazer como tu e dizer logo que é genial!

    E o incrível é que eu acho genial mesmo.

  3. boas interpretações dos concertos

    mas prefiro as do Gustav Leonhardt… tem q ver ele no cravo do Concerto nº5, no final do primeiro movimento ele supera todo Rock´n Roll que existe até agora e que existirá, e deixa vários metaleiros de queixo caído…
    e a interpretação do Leonhadrt do nº 6 é mágica…

    um abraço.

  4. Conheço, Organista, conheço.

    Mas fico com o Collegium. Sabes quem era o cravista titular do Collegium Aureum no afinal dos anos 60? Pois é. Era um jovem chamado Gustav Leonhardt… Ou seja, estamos longe de discordar…

  5. Eu sei. Neste a regência é do violinista Franzjosef Maier, que foi professor de quem?????
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    Sim, acertaste, parabéns, do Reinhard Goebel, do Musica Antiqua Köln.

  6. poxa… mudando um pouco de assunto…
    será q vc não teria uma ótima versão do Concerto para Cravo e Cordas BWV 1052 ? ? ?
    Acho ele demoníaco (principalmente no 3º Movimento), lembra até Beethoven (e Iron Maiden…) … gostaria de saber se há versão dele com o Gustav Leonhardt ou outro cravista muito foda ao cravo…

    se tiver… poste, por favor…

  7. Sou um pouco ortodoxo, em relação a interpretações de Bach, más vamos também admirar o novo.

    parabenizo o trabalho das postagens das obras

  8. Grande PQP, das três versões do Concertos de Brandemburgo que você postou a que mais me agrada (todas são boas) é a Concertos de Brandemburgo por Pau Casals.

  9. Muito boas suas observações sobre interpretação musical. Quando ouvi pela primeira vez O Giardino Armonico interpretar Vivaldi, simplesmente detestei, achei exagerado. Hoje não choca mais ninguém, há outros grupos de época que adotam movimentos mais bruscos e mudanças rápidas da dinâmica. Quanto à sua preferência pelo Collegium Aureum, é uma excelente escolha. Gosto muito também do Concertos Musicus com o Harnoncourt.

  10. Maravilha, o Giardino é tudo de bom, algo de de fato fez diferença na interpretação de música antiga nos últimos anos, especialmente tocando Vivaldi. Nenhum grupo antes deles conseguiu acentuar uma carcterística de Vivaldi – e na qual ele foi pioneiro, segundo Michel Talbot e Roland de Candé – a escrita idomática, ou seja, a especificação do uso de certos instrumento com fins timbrísticos premeditados. Tudo com o Giardino é surpreendente, novo, maravilhoso. A propósito, o primeiro concerto sempre me soou em certas passagens um tanto gaiato – não é à toa, Bach não escrevia nada sem propósito – era crítica através de um meio organológico – as trompas, instrumentos ligados à nobreza, assim como os trompetes, se misturam ao oboé e flauta doce, instrumentos tidos como plebeus na época e lugar, apesar de figurarem na orquestra das cortes. As trompas parecem atropelar os intentos das madeiras, entre outro momentos jocosos. No formidável livro Uma Noite no Palácio da Razão, de James R. Gaines, encontram-se considerações sobre isso e muito mais. Recomendo para quem ama Bach! Muito grato pela postagem.

  11. Eu sou completamente apaixonada por esse concerto. MUITO OBRIGADA por postá-la aqui. Eu nem sei o que dizer… Obrigada mesmo! Esse concerto é lindo!

  12. Pois essa é minha versão preferida dos Brandenburgo. E gosto demais de uma versão bem comportada, a do Pinnock (a que ele produziu nos anos 80). Abraços

  13. Não é à toa que estes concertos são um dos mais conhecidos e gravados de Bach. Não me lembrava de ter comentado esta gravação há alguns anos, mas voltei a ouvi-la com prazer. Continuo gostando da execução do Concertus Musicus com Harnoncourt, mas voltei a ouvir a gravação de Pinnock com o English Concert. Uma fantástica interpretação! Outra gravação excelente é a de Jordi Savall e o Concert des Nations. Enfim, essa música permite várias maneiras diferentes de execução. O que não devemos é adotar uma postura dogmática ao ouvir música…

  14. Não descarto uma interpretação apenas por ser (bem) mais rápida do que o habitual. Ë bom termos um universo que vai de Fürtwangler a Celibache para ouvirmos de forma diferente o que já é bem conhecido. Mas entre Johann Sebastian Bach e Johann Sebastian Bolt, eu ainda prefiro o primeiro! 🙂

  15. Meus caros, pedindo licença para dar meus pitacos, acho esta leitura do Giardino simplesmente o máximo! E para algo mais comportado, mas também genial, a leitura (a primeira!) do Pinnock. Entre tantas outras muito boas. Abraços

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