James MacMillan (1959): Veni, Veni, Emmanuel

coverEstreamos aqui hoje o compositor escocês James MacMillan. Católico que é, grande parte de suas obras são sacras, mas também adora compor pra orquestra. Seu primeiro concerto para percussão, chamado “Veni, Veni, Emmanuel”  ganhou o mundo e parece ser a obra mais executada do compositor.

Cheguei a assistir a estreia do segundo concerto para percussão na Sala São Paulo, que ao contrário de seu antecessor, não tem um nome. Impressionado, e acreditando que poderia encontrar coisas mais picantes — graças a toda propaganda que a Osesp fazia de MacMillan e de seu primeiro concerto para percussão — resolvi procurar mais coisas e encontrei este álbum.

Certamente o segundo concerto para percussão é melhor. Em Veni, Veni, Emmanuel MacMillan parece não saber o que está fazendo, apenas sabe que está fazendo barulho e para empolgar um pouco, coloca um dança entre um movimento e outro do concerto, além de repetir o tema principal de várias formas diferentes até o final do concerto. Mesmo assim, parece faltar o sal necessário para que possamos sentir o gosto da música. Talvez ao vivo seja melhor.

Em “…as others see us…” o compositor tenta criar “pinturas musicais” de alguns personagens históricos britânicos, como Henry VIII, George Byron, T. S. Elliot e Dorothy Hodgkin. Faz tudo isso a partir de um mesmo tema escocês. Não acho que a brincadeira dê muito certo.

As três principais obras do álbum fazem um uso extensivo da percussão e a incrível Evelyn Glennie as executa muito bem, embora em “…as others see us…” e Three Dawn Rituals, Glennie não possa fazer milagres com a falta de criatividade de MacMillan.

As musicas de MacMillan parecem ser mais experimentações infantis do que resultado de conflitos internos que o compositor supera por meio da composição. Olhem Pärt, Schnittke ou Boulez por exemplo. Cada um desses compositores, divididos entre o conhecimento tradicional de composição que aprenderam e a época em que viviam, usaram de sua música para superar essa contradição. Uns demoraram mais, outros menos, mas todos os três, e alguns outros da mesma época, superaram suas contradições. Podemos sentir isso claramente na música desses compositores.

Em MacMillan não sentimos nada disso. A música dele, dependendo da obra, parece mesclar serialismo, colagem de outras obras, dissonâncias, adagios, e nada disso parece satisfazer a música ou o ouvinte. Ele não parece estar querendo buscar resolver nada no sentido ideal — ou material no resultado de sua própria música — mas fazer apenas umas brincadeiras em meio à qualquer plano de fundo musical que lhe venha à mente.

Evelyn Glennie. Provavelmente a melhor percussionista do mundo, e certamente a melhor coisa deste álbum.
Evelyn Glennie. Provavelmente a melhor percussionista do mundo, e certamente a melhor artista deste álbum.

James MacMillan (1959): Veni Veni Emmanuel

Veni, Veni, Emmanuel
01 Introit–Advent
02 Heartbeats
03 Dance–Hocket
04 Transition: Sequence I
05 Gaude, Gaude
06 Sequence II
07 Dance–Chorale
08 Coda–Easter

Scottish Chamber Orchestra
Jukka-Pekka Saraste, conductor
Evelyn Glennie, percussion

09 After the Tryst

James MacMillan, piano
Ruth Crouch, violin

…As Others See Us…
10 “…As Others See Us…” : Henry VIII (1491-1547)
11 “…As Others See Us…” : John Wilmot (1647-1680)
12 “…As Others See Us…” : John Churchill (1650-1722)
13 “…As Others See Us…” : George Gordon (1788-1824) and William Wordsworth (1770-1850)
14 “…As Others See Us…” : Thomas Stearns Eliot (1888-1965)
15 “…As Others See Us…” : Dorothy Mary Hodgkin (b. 1910)

Three Dawn Rituals
16 Larghetto
17 Allegro moderato
18 Andante

19 Untold

Members Of The Scottish Chamber Orchestra
James MacMillan, conductor

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James MacMillan fingindo que não é com ele.
James MacMillan fingindo que não é com ele.

Luke

5 comments / Add your comment below

  1. Luke… vc escreve tao bem, falando mal de um disco, que despertou minha curiosidade e acabei ouvindo esse cd, kkkkkk
    nao sei se por direitos autorais ou nao, mas nao achei nada, neste acervo PQP, do Roberto Victorio…
    valeu a divulgaçao… obrigado

    1. Obrigado Mario.
      Compositores nacionais contemporâneos geralmente são mais difíceis de ter material amplamente divulgado. Por isso não temos nada dele aqui. Eu mesmo não conhecia esse Roberto Victorio até você vir nos falar. Se um dia eu topar com alguma coisa dele, posto por aqui.

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