A partir daqui entramos certamente no mais importante conjunto de obras que um compositor jamais escreveu. O “Razumovsky Nº 3” é muito bom, extraordinário até, mas está ainda dentro da tradição do século XIX. Já o Op. 127 é o primeiro dos grandes quartetos finais de Beethoven, aqueles que apontam para o futuro, sendo não somente o germe dos quartetos de Bartók, mas os verdadeiros pais da música moderna. E não cessam de nos surpreender.
Se você um dia quiser entender a música erudita do século XX, é quase obrigado a conhecer o elo de ligação entre ela e a música anterior. Certo, há Wagner, Stravinsky, e todos aqueles que criaram obras revolucionárias na virada do século, mas todos foram beneficiários deste Beethoven final que dizia escrever música para o futuro. Ele tinha razão. O que seus contemporâneos não compreendiam, nós podemos entender e gostar. Precisamos disso se quisermos avançar nossa concepção musical alguns centímetros à frente dos museus que se tornaram nossas salas de concerto.
Eu amo por motivos diversos os dois quartetos deste CD. Se o terceiro “Razu” é um dos ápices do formato clássico, o Op. 127 é notável por sua novidade. A sonoridade torna-se áspera, a polifonia instrumental mais dura, a expressão enigmática. Seus contemporâneos consideravam estas obras incompreensíveis e as explicavam pela surdez, então completa, do mestre. Mas a verdade é que o pensamento musical abstrato de Beethoven só foi materializado completamente através destes quartetos de cordas. Os seis últimos quartetos são, na opinião deste que vos escreve, as melhores obras que ele escreveu.
Se você achar estranho o Op. 127, não desista, insista com ele e com os próximos que virão. Um mundo se abrirá para você a partir destas obras. Será uma especie de reformatação de sua cabeça e nesta nova configuração caberá Bartók, Debussy, Ravel e grande parte daquela música difícil que tantos evitam.
Sim, PQP Bach tem viés pedagógico!!! Temos a nada imodesta missão de abrir novas perspectivas para dois ou três de nossos “ouvintes”. Não estamos para brincadeiras!
String Quartet No. 9 in C major, Op. 59, No. 3, “Rasumovsky”
1. Introduzione: Andante con moto – Allegro vivace 10:57
2. Andante con moto quasi allegretto 09:18
3. Menuetto: Grazioso 05:07
4. Allegro molto 06:01
String Quartet No. 12 in E flat major, Op. 127
5. Maestoso – Allegro teneramente 06:33
6. Adagio ma non troppo e molto cantabile 14:42
7. Scherzando vivace 08:48
8. Finale: Alla breve 06:34
Kodály Quartet
PQP
Bela postagem, PQP.Esse Beethoven é espetacular (e até pensei que havia esquecido da integral dos quartetos).
Primeiramente: Adoro esse blog – comentários inteligentes, seleção e exposição dos intérpretes, postagens diversificadas: é o melhor lugar para se fazer downloads que conheço. Estou adorando essa série de quartetos do Beethoven.Now the request: Vocês poderiam, por favor, postar algo de Ludwig van Beethoven (avô de Beethoven) e de Leopold Mozart, pai de Mozart? É dificil encotrar músicas deles; só tenho uma de Leopold… Desde já agradeço ;).
Se possível, poderiam postar também os balés “Sylvia” e “Coppélia” de L. Delibs?
Gorgonzola, O blog agradece os elogios. De minha parte, não posso ajudá-lo por não possuir nenhuma das obras solicitadas. Talvez PQP ou Clara possam lhe ajudar. A seu dispor, FDP Bach,
Irmãos Bach! Mais uma vez voces estão de parabens. Pessoalmente, sou fascinado pela musica imortal dos ultimos quartetos.PQP, engraçado porque de todos dentre os ultimos quartetos que ouço,o que tenho mais dificuldade de compreender é o op.127. Mas continuo insistindo, como voce bem escreveu.Enquanto na grande Fuga (op.133) Beethoven mergulha no terreno dificil da genialidade de Bach, e, arriscaria dizer, atualiza a fuga Bachiana, temos a intensidade ja descrita do op. 132, o humor e sutileza psicologica do op.135, as perolas preciosas, cada uma de um brilho diferente, que constituem os movimentos do op.130, e as gemas dessa vez de um mesmo brilho e de um mesmo colar que compoe o op 131!Mas, o op.127 pra mim, ainda é enigmatico…
Tive a oportunidade de, há uns 20 anos atrás, assistir a uma apresentação deste mesmo Quarteto Kódaly. E tocaram o op. 132. Antes de começarem a tocar, explicaram que ainda estavam estudando a obra, por isso, eles precisariam de muito silêncio para poderem se concentrar… eis que, no meio da apresentação, apagam-se as luzes do Teatro do CIC, em Florianópolis. mas foi muito rápido, menos de 30 segundos, talvez, mas o suficiente para os músicos perderem a concentração… quando as luzes voltaram, os quatro olhavam um para os outros, e recomeçaram o movimento que estavam tocando antes das luzes se apagarem. Fiquei impressionado com o profissionalismo deles.. continuaram como se nada tivesse acontecido.. e sua apresentação foi perfeita… foram aplaudidos durante uns 5 minutos… A seu dispor, FDP Bach.
Ola!
Nossa consegui baixar quase todos os Quartetos de cordas, lindos por sinal, mas esse não estou conseguindo. Teria como colocar ele novamente para download ? Muito obrigado!
http://www.youtube.com/watch?v=A5mQQnkKm1k
Sou leigo meesssmo em música, talvez este quarteto tenha desagradado no inicio justamente por estarem acostumados aos quartetos ‘quadradinhos'(desculpa eu mozart e haydn e todos voces craques em música) anteriores que eram/são/permanecerão eternamente belos ma non tropo como os de beethoven. Escutei pela primeira vez sem saber nada a respeito dos quartetos de Beethoven, num CD da DG com o quarteto Melos… lindo lindo e lindo, talvez se estivesse acostumado com os de mozart e haydn teria dificuldade.
Pelo utorrent (de novo família bach) baixei a integral de Beethoven, do quarteto Amadeus, cerca de 2Gb em arquivo flac, para quem se interessar em baixar.