Postado originalmente em 10 de março de 2011 pelo CVL. Repostado por Bisnaga.
Hoje, Cussy de Almeida faria 75 anos como bem lembrou um de nossos visitantes que quis permanecer anônimo (“Sinceramente e sem falsa modéstia, não tenho necessidade de receber créditos pelos arquivos”). Por isso, ele nos mandou uma gravação do violinista potiguar radicado no Recife tocando a célebre peça de Vivaldi – compositor no qual era especialista – ao lado da Osesp e do maestro Diogo Pacheco (que por sinal está chegando aos 90 anos de idade). De brinde, uma entrevista de Cussy ao próprio Diogo ilustrada por um pequeno trecho da mesma obra, mas tocada por Cussy com a Orquestra Armorial em ocasião anterior à da Osesp. As linhas abaixo são do nosso visitante-colaborador.
Era uma noite fria e úmida no inverno de 1984. No teatro Cultura Artística de São Paulo, Cussy de Almeida – com um violino (1750) de Tommaso Balestrieri – apresentou as Quatro Estações, de Vivaldi; com Terezinha Saghaard ao cravo e a Orquestra Sinfônica de São Paulo regida por Diogo Pacheco.
Conforme comentários do próprio maestro, algum tempo depois, o frio e a umidade prejudicaram a afinação dos instrumentos. Sofreram, então, o violino de Cussy e o cravo de Terezinha (nada tranquila na ocasião).
Cussy de Almeida, então com 48 anos, concedeu uma entrevista ao maestro Diogo Pacheco uma semana depois, no programa “Ligue Para um Clássico” da TV Cultura de São Paulo. Antecede a entrevista um trecho (com falha) das “Quatro Estações”, de Vivaldi, (também gravado pela TV Cultura, anos antes) com Cussy e a Orquestra Armorial.
As gravações aqui postadas têm 26 anos e foram feitas de transmissão da TV Cultura, com recursos limitados. Foi utilizado um monitor de TV Sony com dois canais monaurais, gravador Sony TC-129 e fita cassette Sony CHF90. Na gravação da entrevista foi utilizado o mesmo equipamento com fita cassette Basf C60. A conversão para MP3 recebeu um tratamento mínimo. Entretanto, é a oportunidade de ouvir Cussy de Almeida e homenagear sua alma nordestina, que certamente estará agradecida.
Antonio Vivaldi (1678-1741)
As quatro estações
01. Concerto para Violino, cordas e baixo contínuo ‘A Primavera’, em Mi (As Quatro Estações Nº 1), I. Allegro
02. Concerto para Violino, cordas e baixo contínuo ‘A Primavera’, em Mi (As Quatro Estações Nº 1), II. Largo
03. Concerto para Violino, cordas e baixo contínuo ‘A Primavera’, em Mi (As Quatro Estações Nº 1), I. Allegro Pastorale
04. Concerto para Violino, cordas e baixo contínuo ‘O Verão’, em Sol Menor (As Quatro Estações Nº 2), I. Allegro non molto
05. Concerto para Violino, cordas e baixo contínuo ‘O Verão’, em Sol Menor (As Quatro Estações Nº 2), II. Largo – Presto
06. Concerto para Violino, cordas e baixo contínuo ‘O Verão’, em Sol Menor (As Quatro Estações Nº 2), III. Presto (tempo impetuoso de’state)
07. Concerto para Violino, cordas e baixo contínuo ‘O Outono’, em Fá (As Quatro Estações Nº 3), I. Allegro
08. Concerto para Violino, cordas e baixo contínuo ‘O Outono’, em Fá (As Quatro Estações Nº 3), II. Adagio molto
09. Concerto para Violino, cordas e baixo contínuo ‘O Outono’, em Fá (As Quatro Estações Nº 3), III. Allegro
10. Concerto para Violino, cordas e baixo contínuo ‘O Inverno’, em Fá Menor (As Quatro Estações Nº 4), I. Allegro non molto
11. Concerto para Violino, cordas e baixo contínuo ‘O Inverno’, em Fá Menor (As Quatro Estações Nº 4), II. Largo
12. Concerto para Violino, cordas e baixo contínuo ‘O Inverno’, em Fá Menor (As Quatro Estações Nº 4), III. Allegro
Faixa Bonus: entrevista de Cussy de Almeida a Diogo Pacheco.
Cussy de Almeida (1936-2010), violino
Orquestra Sinfônica de São Paulo
Diogo Pacheco, regente
BAIXE AQUI 132Mb
CVL
Repostado/guaribado por Bisnaga
Já baixei! CVL… você é pernambucano é?
Todas as homenagens a Cussy sempre serão poucas. Nós brasileiros, sempre tivemos uma educação musical eurocentrista e estamos acostumados a louvar instumentistas previamente incensados pela crítica d’além mar.
Não esqueça de repostar o belo Lp “Latinoamerica para duas Guitarras” com Sérgio e Odair Assad (violões) – com Moacir Freitas, da OSB (oboé) e as cordas da Orquestra Armorial, regida por Cussi de Almeida.
Há ainda mais um CD duplo importante “Tempo De Musica” de Baden Powel com participação de Cussy em 3 faixas, amostras:
http://www.discosdobrasil.com.br/discosdobrasil/musicas/DI05627MU002228.WMA
http://www.discosdobrasil.com.br/discosdobrasil/musicas/DI05628MU002120.WMA
http://www.discosdobrasil.com.br/discosdobrasil/musicas/DI05628MU024108.WMA
Oi, Raphael. Sou alagoano radicado no Rio, mas conheço bem de Salvador a Fortaleza.
Fausto, o LP que você menciona é regido por Henrique Gregori, não?
Valeu! Eu perguntei porque estava lendo alguns
trechos de comentários seus e deu pra perceber
que você realmente conhece bem Recife/Olinda…
Principalmente quando se trata de música…
Abraço!
Olá, acho que não, pelo que sei só o Orquestra Armorial – Vol. 5 é sob regência Henrique Gregori, quando Cussy se mudou temporáriamente para o Rio de Janeiro
Você tem razão. Por sinal, queria saber se existe gravação da Orq. Arm. tocando o concerto para cordas e percussão de C. Guarnieri.
Não sei dizer de alguma gravação desse concerto do Guarnieri com o Cussy. Sei que existe uma gravação com o próprio Guarnieri e Orq.USP
O Concerto para Orquestra de Cordas e Percussão,de 1972, foi dedicado a Orquestra Armorial.
Em dezembro de 1970 Guarnieri esteve no Recife e se disse muito impressionado pela “Chamada Armorial” de Cussy de Almeida. Naquela ocasião ele levou a partitura e prometeu escrever uma composição do gênero.
Tem coisas que eu não posso contar aqui, mas que tenho vontade, tenho… A ida de Guarnieri a Recife para ter a obra tocada pela OA rendeu muitas histórias de bastidores (o fato de eu ter proximidade com alguns músicos pernambucanos, e amigos de pernambucanos, aqui no Rio me ajudou a fazer uma memorabilia)…
Sobre a peça, tenho a referida gravação e fiquei decepcionado quando a ouvi pela primeira vez pois não tem nada de armorial nela. Guarnieri já tinha universalizado sua linguagem ao abandonar os temas modais nordestinos ao longo da década de 60 ao mesmo tempo em que ia partindo pro dodecafonismo. E pelo visto não quis voltar atrás.
Não sei nada sobre o Cussy, não seria capaz de oferecer nada de interessante à discussão…mas gostaria de pedir ao CVL que repostasse os Cadernos de Música Contemporânea Brasileira, em especial o de Gilberto Mendes, não achei essas músicas em canto nenhum. Aproveito para agradecer todo esse trabalho de postagem e por compartilhar todas essas joias raras brasileiras.
CVL, vou aproveitar o espaço pra te fazer um pedido… Por favor, assim que você puder, posta novamente o cd do Carlos Prieto que você postou faz um tempo… Queria muito ouvir! Tentei achar pela net, mas não consegui! Por favor! Por favor!
🙂
CVL Interessante sua abordagem sobre Guarnieri. Não sei porque não sinto atração pela obra dele, embora não possa negar suas qualidades. Me entusiasmam Villa, Mignone, Guerra-Peixe, Nepomuceno, Lorenzo Fernândez…
Incrivelmente eu me lembro desse vídeo como se fosse hoje. As Quatro Estações tocadas de forma alegre e empolgante. Diogo Pacheco Pacheco, bonachão e simpático, conduzia levemente as obras. Também assistia ao programa “Ligue para um clássico” e o Diogo comentava da troca de olhares com Cussy durante a obra, ou seja, uma aliança fantástica entre solista, maestro e orquestra. Bons tempos… Isso a um ano do tricentenário de Bach e Handel em 1985, quando a Orquestra do Estado brilhou em execuções de Concertos Grossos no Cultura Artística. Saudades.
“Guaribado”?