Arvo Pärt (1935) – Kanon Pokajanen; De Profundis; Passio [links mai.2017]

Álbuns originalmente postados em 24 de dezembro de 2011

A música de Arvo Pärt, para mim, não é coisa que se goste na primeira audição. É preciso um pouco mais de tempo (e de tentativas) para deglutí-la.
O compositor estoniano optou por fazer uma música muito mais timbrística que melódica, daí, por muitas vezes, me parecer que ela é estática demais e falta um tanto de movimento. Mas é inegável que os acordes são de uma beleza extrema, há inícios impactantes, meios transcendentes e finais geniais, embora o disco todo talvez se torne um pouco monótono (sei que os fãs incondicionais de Pärt, que são muitos, irão me crucificar…).
Apesar de qualquer coisa, de qualquer senão que eu tenha colocado, não posso deixar de dizer que suas composições são, inegavelmente, de extrema profundidade e, na sua lentidão característica, pedem e necessitam de silêncio, mais que isso, indicam o silêncio ao ouvinte. Talvez o problema resida em nós, que vivemos num mundo tão agitado que não conseguimos mais compreender obras silentes como a dele.

Ali também poder-se-á perceber a fé que o compositor professa: suas músicas são muito ligadas aos ritos da Igreja Ortodoxa, pela forma, andamento e combinação dos acordes, e pelo uso extremado de baixos profundos.
Novamente, como na postagem anterior deste que vos fala, não são músicas natalinas, mas peço que, ao ouví-las, tente se pôr no silêncio, dê-se um tempo longe da agitação do dia-a-dia e permita-se sentir dentro de uma daquelas maravilhosas catedrais ortodoxas, amplas, com uma leve névoa filtrando os raios solares que adentram pelos vitrais. Os cânticos de Pärt, então, te levarão a uma outra dimensão, sublime, mais próxima do céu.


Arvo Pärt (Estônia, 1935)
Kanon

01. Ode I
02. Ode III
03. Ode IV
04. Ode V
05. Ode VI
06. Kondakion
07. Ikos
08. Ode VII
09. Ode VIII
10. Ode IX
11. Prayer after the canon

Tõnu Kaljuste, regente
Estonian Philharmonic Chamber Choir, 1998

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (127Mb)
… Mas o Luke de Chevalier, esse minino-bão, já postou esta obra com uma qualidade melhor. Ela está AQUI Clique aqui.


Arvo Pärt (Estônia, 1935)
De Profundis
01. De Profundis (Salmo 129)
02. Missa Sillabica: 1. Kyrie
03. Missa Sillabica: 1. Gloria
04. Missa Sillabica: 1. Credo
05. Missa Sillabica: 1. Sanctus
06. Missa Sillabica: 1. Agnus Dei
07. Missa Sillabica: 1. Ite missa est
08. Solfeggio
09. And one of the Pharisees
10. Cantate Domino (Salmo 95)
11. Summa (Credo)
12. Seven Magnificent Antiphons: 1. O Weisheit
13. Seven Magnificent Antiphons: 2. O Adonai
14. Seven Magnificent Antiphons: 3. O Spross
15. Seven Magnificent Antiphons: 4. O Schlüssel
16. Seven Magnificent Antiphons: 5. O Morgenstern
17. Seven Magnificent Antiphons: 6. O König
18. Seven Magnificent Antiphons: 7. O Immanuel
19. The Beatitudes
20. Magnificat

Paul Hiller, regente
Theatre of Voices Ensamble, 1996

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (103Mb)


Arvo Pärt (Estônia, 1935)
Passio Domini Nostri Jesu Christi Sedundum Joannen,

01. Passio Domini Nostri Jesu Christi Sedundum Joannen

Paul Hiller, regente
The Hilliard Ensemble, 1994

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (64Mb)

Boa audição.
Bisnaga.

11 comments / Add your comment below

  1. Caro Bisnaga:

    Primeiramente, quero parabenizá-lo pela qualidade de suas postagens. A começar pelas obras de Carlos Gomes, passando pelo belíssimo “Les Petits Chanteurs de Saint Marc – Les Choristes, o filme; Les Choristes, En Concert” até este dos discos do compositor estoniano.

    Segundo, pelos seus textos; foi a leitura deste que me convenceu a baixar os discos do Arvo Pärt, compositor que já conhecia. Pelo que ouvi destes discos, é exatamente o que você descreveu.

    O mestre Avicenna soube bem escolher o discípulo!

    Até o próximo post!

    P.S.: você é de Tatuí também?!

    1. Pois é, Adriano e Bisnaga, agora sinto-me jogado às traças pelo Adriano, conterrâneo ingrato, que nunca mais deixou o ar de sua graça nas minhas postagens!
      Oh! Eu era feliz e não sabia, oh!

      Um abraço em abril de 2013,

      Avicenna

  2. Obrigado, Adriano!
    Ficou muito lisonjeado com os elogios. São o nosso combustível! Aliás, tenho que me esforçar pra fazer bonito no P.Q.P.Bach, pois só tem fera aqui, só pessoas que entendem muito de música. Espero sempre, mais que manter, melhorar a qualidade das postagens.
    E legal, passei de afilhado para discípulo do Avicenna. Espero que ele fique contente em saber. (rs)
    Ah, em tempo, sou do interior de São Paulo, mas não de Tatuí (e, vergonha, nunca fui pra lá). Sou o caipira da turma do P.Q.P., com muito orrrgulho!

  3. O “De profundis” é uma peça cujos timbres são inacreditáveis. Achei muito bonito, desde a primeira vez que ouvi, e notei que as outras peças do compositor não tem a mesma originalidade. Parece, para o leigo, uma obra de estrutura simples, mas tem um poder de envolvimento impressionante!

  4. Eu descobri a música do Pärt dia desses e fiquei fascinado, obcecado. Agora tou baixando tudo que encontro. Nunca pensei que poderia apreciar realmente algum compositor vivo (surpresa semelhante ocorreu com a música do japonês Takashi Yoshimatsu). Mas uma dúvida: o Pärt é mesmo ortodoxo? É que sua música usa em profusão textos em latim da liturgia católica. Sua Estônia natal, li em algum lugar, foi um reduto protestante no Império Russo, que tentou sem muito sucesso implantar a ortodoxia oriental na região. Hoje é o país mais irreligioso da Europa.

  5. Haya,
    Sim, Pärt é ortodoxo. Converteu-se há uns 20 anos ou menos. E a Igreja Ortodoxa, a meu ver, é a mais semelhante à Católica (até parece uma católica mais tradicionalista). Os textos em latim são idênticos e utilizados por ambas.
    Abraço e volte sempre ao P.Q.P.Bach. Teremos mais Pärt em postagens futuras.

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