Grande Guiomar Novaes! Aqui vai ela num antigo CD de meu pai. O som não é tudo aquilo, mas a pianista é. Ela toca o concerto de Beethoven sob a regência de Otto Klemperer. Quem foi Guiomar? Abaixo uma pequena nota biográfica encontrada na internet.
Guiomar Novaes
(Pianista brasileira)
28-2-1894, São João da Boa Vista (SP)
7-3-1979, São Paulo (SP)
Como explicar o talento musical de uma pianista que começou a tocar aos 8 anos já com absoluto domínio da técnica, com poesia e precisão? Guiomar Novaes, a maior pianista brasileira e uma das maiores celebridades nos meios musicais da Europa e dos Estados Unidos no início do século XX, transfigurava-se de tal modo ao piano, tocando de forma arrebatadora, como se estivesse improvisando, que diziam parecer estar em transe ou ser a encarnação de um grande artista. Para alguns, sua genialidade era um mistério psicológico, um milagre musical. “Toca como se algum espírito estivesse soprando em seu ouvido os segredos mais profundos de toda a harmonia”, escreveu um crítico do Times, dos Estados Unidos. Nascida no interior de São Paulo, Guiomar cresceu em meio a uma família de 19 crianças e num ambiente religioso. Menina, impulsionada pelo som do piano tocado pelas irmãs mais velhas, esperava que elas deixassem o teclado para sentar-se ao banquinho e tocar até “os dedos doerem”. Antes de aprender a ler e a escrever, dominou as notas. Seu primeiro professor foi o paulista Eugênio Nogueira e, mais tarde, o italiano Luigi Chiaffarelli, com quem realizou suas primeiras apresentações, os saraus musicais, em São Paulo e, depois, no Rio de Janeiro. Em 1909, aos 15 anos, partiu para a Europa para tentar uma vaga no Conservatório de Música de Paris. Avaliada por um júri formado por célebres músicos, como Claude Debussy, Moszckowski, Widor e Lazare-Lévy, foi apontada como a candidata com os melhores dotes artísticos e obteve a vaga. No conservatório, estudou com o húngaro Isidore Phillip e conquistou o primeiro prêmio ao concluir as provas finais, em 1911, com a execução da Balada, de Chopin. Poucos meses depois de graduar-se, projetou-se no mundo musical europeu. De Paris, realizou concertos em Londres, Itália, Suíça e Alemanha. Com o advento da Primeira Guerra Mundial, mudou-se para os Estados Unidos, onde, a partir de 1915, ascendeu profissionalmente numa trajetória rara. Desde o começo uma revelação, permaneceu 62 anos brilhando nos palcos. Foi especialmente genial ao interpretar Schumann e Chopin. Além de ter sido grande divulgadora da obra de Heitor Villa-Lobos no exterior.
Beethoven / Bach / Gluck / Saint-Saëns / Brahms: Concerto Nº 4 para piano e orq, de Beethoven e outras peças (por Guiomar Novaes)
Lv Beethoven
1. Piano Conc No.4 in G, Op.58: I. Allegro moderato
2. Piano Conc No.4 in G, Op.58: II. Andante con moto
3. Piano Conc No.4 in G, Op.58: III. Rondo: Vivace
JS Bach
4. Prld in g
CW Gluck
5. Dance of the Blessed Spirits (from ‘Orpheus and Eurydice’)
C Saint-Saëns
6. Caprice sur des airs de Ballet d’Alceste
J Brahms
7. Intermezzo in b-flat, Op.117, No.2
8. Capriccio in d, Op.76
9. Waltz in A-flat, Op.39, No.15
Lv Beethoven
10. Turkish March
Guiomar Novaes, piano
No concerto de Beethoven:
Orquestra Sinfônica de Viena
Otto Klemperer
PQP
[restaurado por Vassily em 22/5/2020]
Ah, grande Guiomar Novaes. Qual não foi minha surpresa ao ouvi-la em um LP importado, aos 15 anos. Mereceria ser conhecida, reconhecida, lembrada e relembrada por todos os brasileiros. Certamente esta postagem é uma boa semente para, quem sabe, incentivar essa redescoberta.
Acostumei-me a ouvir Guimar Novaes, desde criança, na discoteca de meu pai. Para mim é um clássico.
josé wilson malheiros, belém pará
Essa eu ainda não conhecia. Por isso é sempre entrar no PQP Bach. 🙂
Guiomar é sempre uma maravilha. A interpretação dela nas sonatas de Chopin são as melhores que já ouvi até hoje.
Obrigado por essa grande postagem PQP!
E PQP, teria como revalidar as sonatas 13, 14 e 15 de Beethoven com o Pollini?
Eu sei que estou pedindo muito, mas Pollini é mestre em Beethoven.
Sempre que ouço Guiomar, além de transportar para uma outra dimensão, fico imaginando o dia em que ela realizou as provas do Conservatório de Paris e surpreendeu Debussy, que pediu bis da 3ª Balada de Chopin.
Uma curiosidade bobinha sobre ela: a personagem Narizinho, do Sítio do Pica-Pau Amarelo, foi inspirada nela, à época em que tinha aulas de piano com um vizinho de Monteiro Lobato. 🙂
A gravação do opus 111 de Beethoven com ela é insuperável, só vi paralelo na de Youra Gouler. Poucos sabem que ela inspirou Monteiro Lobato a criar a menina do narizinho arrebitado. O Mestre de Taubaté morava vizinho a ela quando ainda era menina e ela não resistia, atraido pelo piano, a ir até a sua janela para ouví-la embevecido e percebendo o perfil da jovem pianista, criou a neta da Dona Benta – Narizinho.