.: interlúdio :. Paul Bley / Evan Parker / Barre Phillips: Sankt Gerold

Free jazz não é para todo mundo. Há pessoas que se irritam com ele, porém, guardadas as proporções, sinto-o análogo a uma abordagem à Guimarâes Rosa. As primeiras páginas são difíceis de entender, mas, depois que a coisa se acomoda, vale a pena. Lembrem que eu escrevi “guardadas as proporções”. Na Variação 3, eu já começo a achar este Sankt Gerold bem normal e começo a gostar da coisa. Bley tem a reputação, dentro do jazz moderno, de ser um pianista e compositor excessivamente cerebral mas suficientemente incompreensível. Já o inglês Evan Parker é um dos expoentes mais obstinados do atonalismo selvagem, deixando em sérios apuros aqueles que buscam “melodia”. Ele parece querer derrubar a melodia assim como toda a habitual sintaxe do jazz.

Bley — ou o ambiente monástico da ECM — parecem ter acalmado um pouco a selvageria de Parker, mas mesmo assim ele traz boa quantidade emocional ao trabalho de Bley. Barre Phillips completa o trio vanguardista de forma quase poética. As contribuições de Parker são os mais exigentes. É difícil não se maravilhar com sua técnica e com a enorme variedade de sons que ele verte quase ao mesmo tempo. As Variações 3, 6, 7, 9 e 10 são as minhas favoritas. O estranho mesmo é que, se Phillips e Parker são os mais impressionantes, é Bley quem fica em nossa mente por mais tempo.

Paul Bley / Evan Parker / Barre Phillips: Sankt Gerold

Variation 1 10:18 Phillips, Parker, Bley
Variation 2 7:12 Phillips, Parker, Bley
Variation 3 2:56 Phillips
Variation 4 1:59 Parker
Variation 5 6:20 Phillips, Parker, Bley
Variation 6 3:56 Bley
Variation 7 7:13 Phillips
Variation 8 8:14 Phillips, Parker, Bley
Variation 9 7:03 Bley
Variation 10 5:22 Parker
Variation 11 4:49 Phillips, Parker, Bley
Variation 12 1:29 Parker

Barre Phillips, Double Bass
Paul Bley, Piano
Evan Parker, Soprano & Tenor Saxophones

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