Felix Mendelssohn (1809-1849) – Piano Trio No. 1 em Ré menor, Op. 49 e Piano Trio No. 2 en Do menor, Op. 66

Sou um fã incondicional da obra de Mendelssohn. Talvez porque o compositor fosse filho de um banqueiro e tivesse uma condição financeira privilegiada, fico com aquela impressão de que o alemão não passou dificuldades; teve uma exisência feliz. Sempre associei à sua pessoa o espírito de alegria e jovialidade que se descobre na sua Quarta Sinfonia, a Italiana. Mendelssohn foi um compositor profundo, arguto, preciso. E esse aspecto, por exemplo, encontramos em sua Quinta Sinfonia, a Reforma. O seu trabalho camerístico não é tão conhecido como as suas cinco sinfonias, mas não deixa de ter a sua importância. Surgem neste excelente CD os dois trios de sua autoria no qual podemos notar sua sensibilidade, os aspectos mais leves e fluídicos de sua arte. O opus 66 é de 1845 e o opus 49 é de 1839. Os três músicos que executam os dois trios dispensam maiores comentários – Yo-Yo Ma, Itzhak Perlman, Emanuel Ax. Por isso, aproveite! Bom deleite!

Felix Mendelssohn (1809-1849) – Piano Trio No. 1 em Ré menor, Op. 49 e Piano Trio No. 2 en Do menor, Op. 66

Piano Trio No. 1 em Ré menor, Op. 49
1. I. Molto allegro e agitato
2. II. Andante con moto tranquillo
3. III. Scherzo: Leggiero e vivace
4. IV. Finale: Allegro assai appassionato

Piano Trio No. 2 en Do menor, Op. 66
5. I. Allegro energico e con fuoco
6. II. Andante espressivo
7. III. Scherzo: Molto allegro quasi presto
8. IV. Finale: Allegro appassionato

Yo-Yo Ma, cello
Itzhak Perlman, violino
Emanuel Ax, piano

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Carlinus

4 comments / Add your comment below

  1. Ô beleza, Carlinus! Eu tenho este Trio em Re Menor em vinil como outro lado do Trio de Ravel, mas, como já disse, sempre achei as interpretações daquele disco meio destrambelhadas, apesar de ser feito só por “medalhões”. Aí esses dias você me trouxe o Ravel de presente… e agora o Mendelssohn, e ainda com brinde.

    Mas o que quero MESMO dizer é que desde a primeira vez que ouvi o Trio em Ré Menor, me ficou a pergunta se o Chico Buarque o terá ouvido alguma vez na vida, antes de compor Roda Viva. Vão lá e escutem: claro que sem a rítmica das palavras, mas escutem se os intervalos iniciais (intervalos, pois as melodias não consistem das notas e sim dos intervalos entre elas!) não são basicamente os mesmos de “Tem dias que a gente se sente / como quem partiu ou morreu…”

    Vão lá me me digam depois!

  2. De nada, Ranulfus. O Chico é uma figura privilegiada da cultura brasileira. Não sou vidente, mas é possível que ele tenha ouvido. Por trás daquela timidez excessiva e daquele palavreado cheio de reticências há um sujeito que conhece e conhece muito.

    Vou fazer esse dever por gostar tanto de Mendelssohn e do Chico Buarque.

    Obrigado pela sugestão. Chamaria de intertextualidade musical.

    Abraços!

  3. Entre os românticos, creio que Mendelssohn é o compositor que menos aprecio, talvez por haver muito de classicista nos sentimentos que nos transmite. O que não significa que não goste sua obra. Os trios eu não conheço. Como sou um grande fã da música de câmara, meu gênero predileto, estou curioso. Obrigado pela postagem.

  4. Também fiquei muito espantado quando entendi isso sobre as melodias, Vanderson – mas posso te adiantar que a maior parte do que as pessoas “sempre acharam” está pelo menos parcialmente errado. Por isso é preciso estar pronto a experimentar novas formas de pensar sempre! Quem pára de experimentar novas forma já está morto, não importa se jovem ou velho.

    (Antes que você diga que a reforma ortográfica aboliu o acento desse ‘pára’, aviso que decidi não aceitar a maior parte dessa reforma imbecil, feita por pessoas lingüística e pedagogicamente irresponsáveis, e que portanto continuarei usando o trema ou o acento do ‘pára’ enquanto eu quiser, na forma do ato político chamado ‘desobediência civil’. Só, é claro, que não vou usar em concursos ou coisas semelhantes, porque aí já não seria ato político e sim de burrice).

    Enfim: se eu tocar ‘do-sol-la-si’, ou se eu tocar ‘fa-do-re-mi’, ou tocar ‘la-mi-fa#-sol#’, qualquer pessoa do mundo dirá que eu toquei a mesma melodia, apesar de que as notas foram diferentes. Então de fato o que caracteriza uma melodia é a relação entre as notas, e não as notas mesmas – e relações de diferença de altura entre notas se chamam ‘intervalos’. Se as mesmas notas estivessem em relação diferente, a melodia seria outra – então de fato melodia é uma seqüência de intervalos e não de notas – embora continuem nos ensinando esta última definição, na verdade bastante ingênua, pré-científica.

    Abraços

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