Harry Crowl (1958) – Contemplações

Aqui vai mais um CD com obras de câmara de Harry Crowl, dileto visitante deste blog e um dos compositores mais destacados do Brasil na atualidade.

As obras de Crowl me lembram em certa medida as de Eli-Eri Moura (a do Eli-Eri hermético, não do acessível – noutro post, explicarei) em sua dificuldade de serem assimiladas à primeira escuta: elas pedem que o ouvinte conheça códigos e procedimentos composicionais não disponíveis a priori, para que não se estranhe sua manifestação sonora. Dito de outro modo, o ouvinte precisa pegar a partitura ou conversar com o compositor para destrinchar as obras. Assim fica mais palatável – ou menos árido – apreciar as partituras. No caso de Crowl, quase todas as suas obras partem de um processo abstrato de tradução de elementos literários, pictóricos ou mesmo idílicos para termos musicais, e isso não é extremamente difícil de perceber de cara se não houver uma chave. Qualquer coisa, o compositor estará por perto para dialogar com vocês. Boa audição.

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Contemplações

1. Tahghai’urun, para piano
2. Jeremie Prophetae: Uma Epígrafe, para piano
3. Música para Flávia, para piano
4. Aethra III, para violino solo e piano obligato
5. Paisagem de Inverno, para clarineta em lá, violino e piano
6. Umbrae et Lúmen, para flauta (+ fl. baixo, fl. alto e flautim), clarineta (+ req.), fagote, sax (alto e sop.), trombone (ten. e alto), violino e contrabaixo

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CVL

8 comments / Add your comment below

        1. Ah, rapaz. Eu pensei que eu estava escrevendo no post do música pra flauta de Villa-Lobos. Este do Crowl comprei na Loja Clássicos, em São Paulo.

  1. Que fantástica é a diversidade humana! 😀 Eu e o CVL temos incontáveis opiniões e gostos em comum…

    Mas sobre a música do Crowl ele achou que “ela pede que o ouvinte conheça códigos e procedimentos composicionais (…)”, que “o ouvinte precisa pegar a partitura ou conversar com o compositor para destrinchar as obras. Assim fica mais palatável – ou menos árido (…)”

    … eu não só não achei nada disso, como aplicaria as mesmas palavras para boa parte do Bartók mais experimental… o que ele não acha!

    Pra ver o quanto Crowl nos impactou de modo diferente, transcrevo aqui trechos da mensagem que mandei ontem diretamente ao compositor: ” … lembro que o [cravista e maestro] Roberto de Regina costumava justificar sua pouca ou nenhuma atenção à música contemporânea dizendo … ‘eles não dizem que estão experimentando? Bem, quando terminarem de experimentar [e fizerem de verdade, aí] eu escuto.’ E a sensação que tenho ao ouvir obras como as suas é justamente essa: como se caminhos composicionais que foram sendo experimentados e desenvolvidos ao longo do século XX finalmente tivessem chegado a uma maturidade tal que lhes permite chegar a resultados que soam belos mais uma vez; não por evocarem padrões de beleza tradicionais, mas, sim: uma música capaz de propiciar uma experiência sensorial estimulante, de interesse e – por que não? – bela, passível de ser apreciada inclusive por quem não tem formação especializada para admirá-la de um modo mais analítico ou intelectual. (…) Meus sinceros e emocionados parabéns!”

    Como estarei um pouco menos presente de agora até terça, aproveito para um recado ao próprio Harry, se ele passar por aqui: no seu próprio site não há informações sobre os músicos e datas deste ‘Contemplações’; você não conseguria isso para a gente?

    1. Valeu pela dica do site da ABM, Wellington. Como é que eu ainda não conhecia?

      Aliás, apesar de ter coisas boas lá, não deixa de ser um pouco decepcionante: creio que a uma entidade chamada Academia Brasileira de Música caberia ter um catálogo 10, 20, 30 vezes maior. Pois se não o tem, por falta de produção musical no Brasil é que não é.

      Mas sem dúvida é melhor esse pequeno catálogo estar lá que não estar!

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