Este post é para atender pedidos de alguns wagnerianos chorosos que me interpelaram outro dia. Embora não sucumbamos com tanta facilidade a preces, os wagnerianos acabaram tendo o pedido realizado. Afirmo de início: não gosto de Wagner. Isso mesmo! Não gosto do compositor alemão. Devo apresentar as minhas razões: Wagner me cansa. O aspecto “grandioso”, “pomposo”, de sua música me enche de impaciência. Sua música é tão “densa” e “eloquente”, que nos mata por asfixia. Emprego aqui uma paráfrase de Brahms, quando se referia a Burckner, um wagneriano pleno. Johannes costumava dizer que “as sinfonias de Bruckner eram grandes serpentes”. O mesmo se pode dizer das obras do mestre de Bruckner. Ou seja, aproximam-se de nós e, após ter nos dominado, vai nos apertando, nos comprimindo, espremendo, até que não resistamos – embora eu goste das sinfonias de Bruckner. Encho-me de azia existencial todas as vezes que escuto Wagner. Mas respeito a importância do alemão. Não quero apenas detratá-lo. Sua contribuição para a música é positiva – Bruckner, Mahler, Richard Strauss (corrijam-me se estiver errado). Como para ouvir Wagner é necessário um bom regente, escolhi Solti. Boa apreciação!
Richard Wagner (1813-1883) – Orchestral Favourites
Disco 1
01. Rienzi – Overture
02. Der fliegende Hollander – Overture
03. Tristan und Isolde – Prelude, Act I
04. Tannhauser – Overture
05. Tannhauser – Bacchanale
Disco 2
1. Lohengrin – Prelude to Act I
2. Siegfried Idyll
3. Die Meistersinger von Nürnberg – Act 1 – Prelude & Hymn
4. Parsifal – Prelude
5. Götterdämmerung / Dritter Aufzug – Siegfried’s Funeral March
Wiener Philharmoniker
Sir Georg Solti, regente
BAIXAR AQUI CD1
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Carlinus
Tirando o “Rienzi”, o álbum só traz o Wagner do bom. E o Wagner bom é muito bom! O prelúdio dos “Mestres cantores” é uma obra-prima digna de Brahms.
Eu detesto teatro. Era o Paulo Francis que dizia que ópera é música de segunda com teatro de terceira? Concordo, e claro que eu só podia achar ópera detestável. Mas Wagner é diferente. O teatro continua de terceira, mas a música, em seus vários momentos felizes, é de primeiríssima!
Carlinus,antes de mais nada muito obrigado!Você foi muito
generoso.Confesso que não é fácil gostar do cara ,mesmo re-
conhecendo a pertinência de sua música(um efeito secundário
de sua influência é a música de cinema.Ela simplesmente não
a mesma. Veja Bernard Hermann,Max Stiner,John Williams…)
O velho Richard era oportunista,intoleravelmente antisse-
mita e tinha um caráter mais do que duvidoso.Mas a grande
arte não pede atestado de antecedentes de seus autores.
Sua música me arrebata e me comove.Mui grato!
A única coisa de Wagner que escutei com atenção (fora a famosa cavalgada das valquírias) é a abertura Tannhäuser. Não a consideraria densa e cansativa, diria que é bastante empolgante e envolvente.
No mais, obrigado pelo post!
Por incrível que seja, nunca escutei Wagner na minha vida, pois não tenho paciencias com óperas. Mas já que aqui só há registros orquestrais, vou relevar que sejam aberturas e considerá-las como uma grande sinfonia. Sempre vi o PQP metendo pau em Wagner, e isso me desestimulava a procurar algo dele, mas hoje estou disposto a encarar!!! Sem grandes espectativas, claro.
Uma coisa surpreendente em Wagner, além das tantas interpretações esotéricas ou políticas que sua obra deixa no ar, além das artísticas, é a estranha capacidade de no tempo dele ter atraído homens tão diferentes como um supra religioso Bruckner e … um Baudelaire, isso mesmo, o autor das litanias(quase escrevi sinfonias) de satã. Que encanto tem esta música que atrai religiosos e… Baudelaire?? Gounod, Baudelaire, Gustav Dore( Sim!), o Richard era um imã. Obrigado pelo post.
Diz-se de Wagner que ninguém fica indiferente à sua música; ou se ama ou se odeia. Desde os meus primeiros passos na música clássica que eu amo a música de Wagner!
Acho que seria interessante haver gravações da música (só da música) das óperas de Wagner, e na íntegra.
Wagner é o expoente máximo do romantismo alemão e na minha opinião a sua música é das coisas mais belas que a natureza humana criou.
Contudo, a primeira abordagem com a música de Wagner não resulta sempre numa paixão imediata pela sua obra, e percebe-se porque é tão mal aceite por vezes no meio musical. Imensas horas de música sem interrupções, personagens totalmente desconhecidas e com nomes dificílimos de decorar e librettos de uma trama complexíssima.
Por isso, também não podemos estar à espera de uma aproximação natural a Wagner. É necessário primeiro entender a sua concepção de Obra Total, de drama lírico e de Arte e Revolução, bem como todo o contexto em que se insere a criação das suas obras. Existe apenas uma facilidade no domínio da música, pois essa flui naturalmente no ser do ouvinte, dada a genialidade da mesma.
Assim, que nunca escutou Wagner, faça o favor de descarregar este CD ou outro qualquer dele, porque após a sua audição tenho a certeza que a opinião tida em conta será muito diferente da formada à priori.
Cumprimentos
Gosto é gosto, meu caro… A natureza humana é múltipla… por sua própria natureza 😀
Tenho absoluto respeito pelo que você sente com Wagner – que é o que eu sinto com alguns outros compositores e não com ele… do mesmíssimo modo que nas relações amorosas físicas.
E não é desconhecimento: ano passado tive a absurda oportunidade de assistir o ensaio geral de um Lohengrin regido por Barenboim, em Berlim. Acho que o amigo que me levou (cantor do coro) nunca vai me perdoar eu não ter conseguido fingir entusiasmo pela música. Só por exemplo, a quase totalidade das finalizações de frase das árias me soa inacreditavelmente previsível, a dramaticidade me soa postiça, o sentimento artificial… Eu SEI
(desculpem, não sei o que deu no micro, que postou a resposta antes de eu concluir):
… Desculpe, eu SEI que pra você não soa assim; soa pra você do modo que me soa algum outro compositor que eu AME.
E esse amor segurirá sempre sendo tão inexplicável (ou pelo menos complexo como o amor que você ou eu venhamos a sentir – ou não – por uma pessoa de carne e osso.
Pelo menos eu acho que é assim… Abraços… e (sem ironia) desejo-lhe momentos do mais sublime prazer com o seu amor!
Prefiro Liszt.
Não concordo mas acho justo a resenha, vindo de um fã de Bach. Parabens é obrigado pelo post.
Baixei apenas o disco 2, mas o arquivo está corrompido a partir da 3ª faixa.
Talvez tenha sido um casual infortúnio meu…?
Lucas, acredito que o infortúnio tenha se dado somente com você. Mais de 600 pessoas já baixaram o arquivo sem que haja qualquer constatação de erro. Tente outra vez!
Abraços musicais!
De fato, minha nova tentativa teve sucesso, para meu deleite.
Duplo parabéns a este blog finíssimo.
abraços musicais!
Não creio que Paulo Francis tivesse dito isso porque ele adorava Wagner.
Sem dúvida Wagner mudou a história da música e sua genialidade não se pode nehar. Não sou um wagneriano, nem cheguei a ouvir muito de suas músicas, mas consegui captar muito bem e separar o estilo ultrarromântico de Wagner, Liszt, Tchaikovsky, etc de outros mais “clássicos”, como Brahms, Chopin, Mendelssohn, Schubert, etc. Eu gosto de ambos os estilos. Não me divido como se dividiu no século XIX. Considerado que para cada momento é preciso um estilo. Quando quero me embriagar com a música, parto para o extremo sentimentalismo de Tchaikovsky, para o fantástico,heroico e megalomaníaco de Wagner, ou para a dramaticidade de Liszt. Outros momentos, prefiro meditar sob um tema profundo e reflexivo de Brahms, ou olhar a chuva pela janela ouvindo as chorosas de Chopin,ou celebrar a noite com Mendelssohn, e aproveitar o campo com Dvorák. Anaconda que leva à asfixia são as músicas de Bruckner e Mahler, não as de Wagner (pelo pouco que observei).Parabéns a todos eles, que encantaram o mundo antes da decadência da música no século seguinte.
Wagner é o meu compositor preferido, juntamente com Mozart e Bach. Sua música é maravilhosa, ardente, orquestração perfeita e envolvente, está, na minha opinião, muito à frente dos outros operistas.