Nunca mais houve uma postagem de obras do barroco francês, então lá vai um belo CD duplo. Particularmente, prefiro outra versão do Réquiem de Campra, lançada pela Naxos, que é muito mais fervorosa, mas os intérpretes aqui não fazem feio – trata-se de um dos grupos mais conceituados de música barroca francesa.
Já disse isso uma vez, mas repito: não compreendo como a indústria fonográfica internacional joga confetes nos representantes-mor do barroco alemão, italiano e inglês (Bach, Vivaldi e Haendel) e negligencia o barroco francês (quem de vocês cita Lully, Rameau ou Charpentier de bate pronto como os famosos citados dos países vizinhos*?). Acho isso uma distorção histórica que espero que seja corrigida ao longo do tempo.
* Só falta alguém escrever dizendo que a Inglaterra é separada da França pelo Canal da Mancha.
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Campra – Grands Motets / Les Arts Florissants, Christie
1. Notus in Judea Deus (1729): Notus in Judea Deus (Recit de basse-taille)
2. Notus in Judea Deus (1729): Ibi confregit (Choeur)
3. Notus in Judea Deus (1729): Illuminans tu mirabiliter (Choeur)
4. Notus in Judea Deus (1729): Dormierunt somnum suum ( Recit de dessus)
5. Notus in Judea Deus (1729): Ab increpatione ( Recit de basse-taille & duo de basses-taille)
6. Notus in Judea Deus (1729): De coelo auditum (Choeur)
7. Notus in Judea Deus (1729): Cum exurgeret (Recit de haute-contre)
8. Notus in Judea Deus (1729): Vovete et reddite (Recit de taille)
9. Notus in Judea Deus (1729): Terribili et ei qui aufert (Choeur)
10. De profundis: Symphonie
11. De profundis: De profundis clamavi (Recit de basse-taille)
12. De profundis: Si iniquitates (Recit de haute-contre)
13. De profundis: Quia apus te (Choeur)
14. De profundis: A custodia (Recit de dessus)
15. De profundis: Qui apus te (Trio haute-contre/taille/basse-taille)
16. De profundis: Et ipse rediment (Dialogue haute-contre/taille/basse-taille)
17. De profundis: Requiem (Choeur)
18. Exaudiat te Dominus (psaume 19): Exaudiat te Dominus (Recit de taille)
19. Exaudiat te Dominus (psaume 19): Mittat tibi auxilium ( Choeur)
20. Exaudiat te Dominus (psaume 19): Memor sit omnis sacrificii tui (Dialogue haute-conte/basse-taille)
21. Exaudiat te Dominus (psaume 19): Lµtabimur in salutari tuo (Choeur & basse-taille)
22. Exaudiat te Dominus (psaume 19): Impleat Dominus (Duo haute-contre/taille)
23. Exaudiat te Dominus (psaume 19): Hii in curribus (Duo de basses-tailles)
24. Exaudiat te Dominus (psaume 19): Ipsi obligate sunt (Choeur)
25. Exaudiat te Dominus (psaume 19): Domine salvum fac Regem (Trio haute-contre/taille/basse-taille)
26. Exaudiat te Dominus (psaume 19): Et exaudi nos (Choeur)
27. Requiem: Requiem (Choeur)
William Christie (Conductor), Les Arts Florissants (Orchestra), Jael Azzaretti (Performer), Paul Agnew (Performer), Arnaud Marzorati (Performer), Nicolas Rivenq (Performer), Andrew Foster-Williams (Performer), Marie-Ange Petit Hanna Bayodi (Performer), Anne-Marie Lasla Bertrand Cuiller (Performer)
Salve Regina by Campra . Couprin (Petits motets) / Agnew, Lasla, Les Arts Florissants, Christie
(Disc 2)
1. Salve Regina
2. Audite omnes et expanescite
3. Respice in me
4. Salve Regina
5. Usquequo Domine
6. Insere Domine
7. Quid retribuam tibi Domine
8. Quemadmodum desiderat cervus
9. Florente prata
William Christie (Conductor), Les Arts Florissants (Orchestra), Ruth Unger (Orchestra), Paul Agnew (Performer), Anne-Marie Lasla (Performer), Catherine Girard (Performer), Maia Silberstein (Performer), Charles Zebley (Performer)
CVL
PS.: Não estranhem os dois links da Amazon: constatei que o CD duplo que comprei é uma reedição daqueles álbuns lançados isoladamente antes.
Totalmente de acordo com você, meu caro CVL. Já o fato de que ninguém até agora se dignou a escrever um comentário para estes dois ótimos Cds revela como o barroco francês ficou numa espécie de limbo musical. Ao lado dos já mencionados Campra, Couperin, Lully e Rameau, há ainda compositores de grande interesse como Clérambault, Corrette, Lalande, Mondonville e vamos parando por aqui, pois a lista é grande. Achei excelente as interpretações de William Christie comandando o conjunto Les Arts Florissants. Muito obrigada por mais esta magnífica postagem, abraços.
Mais um de tantos obrigados comovidos à equipe deste blog em geral – e agora ao CVL em particular. Anos atrás eu tinha copiado em cassete um magnífico disco de Fischer-Dieskau solando uma Leçon de Tenèbres de Couperin, mais uma arrepiante cantata de Alessando Scarlatti (Infirmata, Vulnerata). Poucas coisas me faziam tão bem à alma nesse mundo, tinham tanto poder de levá-la de volta a si mesma, à sua própria casa, depois da conturbação que fosse. Foi-se à fita, e nunca mais consegui achar aquilo, nem revirando a melhor loja de discos de Berlim…
De repente você me aparece com o segundo desses CDs, o dos “petits motets”… e já nem importa que não seja Fischer-Dieskau: é um BANHO daquela mesma qualidade de música, e realizada com não menos qualidade. Estou de alma lavada!
A Maria Cristina, acima, tem razão: será que as pessoas têm a mais vaga idéia, ainda que de longe, do que estão perdendo?
Obrigado mais uma vez, CVL! Como baixei o disco ontem, dia 15, ele acabou virando um presente de aniversário para mim – e UM DOS MELHORES QUE JÁ GANHEI NA VIDA.
Caríssimo, também agradeço por compartilhar conosco sua alegria. Grande Abraço.
Este comentário vai sobretudo para fazer esta postagem DE PRIMEIRÍSSIMA reaparecer na página inicial neste início de semana.
Mas não vai oco: vai com uma história sobre o impacto desta música que eu mesmo estou me perguntando se eu não sonhei – mas o outro envolvido confirma que aconteceu, rsrs.
Um amigo queridíssimo, inteligente mas de uma origem tal que até os 32 anos seu contato com música se restringia a duplas sertanejas, Roberto Carlos e hinos da Assembléia de Deus, começou a ouvir coisas diferentes a partir do convívio comigo de 2 anos pra cá. Ouvir porque está presente quando eu ouço, geralmente sem demonstrar interesse – quem sabe por puro jeito mineiro.
Anteontem eu estava ouvindo os divinos solos de Couperin do CD2 deste post, cantados EM LATIM, ele entrou e me perguntou: “isso é francês?”
Perguntei espantadíssimo como ele sabia. E ele: “senti alguma coisa em comum com aquela cantora que o seu amigo X gostava de ouvir”.
Só que essa cantora é… Lara Fabian, álbum En Toute Intimité, “música popular” do começo do século XXI!
E esse “ouvido inculto” conseguiu reconhecer a qualidade “francês” apesar da tessitura diferente (soprano x barítono), língua diferente (francês x latim), instrumentação diferente… e 300 anos de intervalo!!
Aliás, de resto, ACHOU LINDO.
Os senhores continuam achando que não vale a atenção? 😀
Obrigado pelo testemunho, irmão. Aleluia! 🙂