Dimitri Cervo (1968) – Toronubá

Dimitri Cervo é a melhor revelação da música clássica gaúcha nas últimas décadas, ao lado de seu conterrâneo – compositor e violonista – Daniel Wolff. Influenciado principalmente pela música indígena brasileira e pelo minimalismo novaiorquino, Cervo – que pratica surfe como hobby (imaginem Vivaldi surfando…) – tem recebido distinções importantes em nível nacional e criado obras como nunca. Aqui vai a única compilação disponível delas.

Digo o seguinte: siga direto pra faixa nove, pois ela é que interessa. A apreciação do restante das músicas deixo por conta de vocês (nunca vi tanta reciclagem de temas num mesmo CD).

Toronubá, para oito percussionistas e piano, é algo sui generis e consegue conquistar até o público mais rocker, com sua pulsão e timbrística inimitáveis. Nada menos que uma das obras mais bem sucedidas a estrear na última década – ano passado, a Sinfônica de Sergipe a incluiu (em versão para cordas e percussão) em sua turnê nacional – e à qual, se eu fosse PQP, daria o rótulo de IM-PER-DÍ-VEL.

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Toronubá – A música de Dimitri Cervo

1. Tema para Filme I, op. 23 (2005) – Piano solo
2. Papaji, op. 11 (1997) – Violoncelo e Piano
3. Canção (1987) – Flauta e Piano
4. Bagatela, op. 8 (1995) – Flauta e Piano
5. Brasil 2000, op. 12 (1997-2005) – Piano solo
6. Abertura e Toccata, op. 6 (1995) – Flauta, Clarinete e Piano
7. Aiamguabê, op. 19 (2002) – Violino, Viola, Violoncelo e Piano
8. Flot, op. 4 (1993-94) – Piano solo
9. Toronubá, op. 16 (2000) – 8 Percussionistas e Piano
10. Tema para Filme II, op. 23 (2003) – Piano solo

Dimitri Cervo, composição e piano
Artur Elias Carneiro e João Batista Sartor, flautas
Diego Grendene, clarineta
Rogério Nunes, violino
Cristiano Bion Loro, viola
Alexandre Diel e Douglas Araújo, violoncelos
Grupo PIAP, percussão (diretor: John Boudler)

BAIXE AQUI (link retirado a pedido do compositor*)

COMPRE O CD

CVL

* Dimitri Cervo alertou que o CD ainda estava disponível em lojas e que as vendas tinham caído em função desta postagem. Ele autorizou a disponibilização das três primeiras faixas, mas falta-me tempo para reloads. Em todo caso, peço desculpas pelo inconveniente.

5 comments / Add your comment below

  1. engraçado… fui ouvir a faixa 9 e não me interessou muito. parece que a combinação de minimalismo e aqueles ritmos outros não causaram um efeito muito satisfatório. achei que faltou energia rítmica, que os ritmos (aparentemente indígenas) careceram de contraste e de força. A todo momento eu queria que algo mais ocorresse. Queria que os ritmos fossem mais ousados, que quebrassem aquela dança cheia de recortes tímidos. Enfim, sendo chato, meu pareceu algo muito andino e sem coração.

  2. No geral gostei da composição, e apesar da primeira impressão de que o o pianista usou muito o pedal, em todas as faixas, ao ouvir novamente o cd percebe-se uma lógica na utilização do pedal. Após ouvir a faixa 1 e 2, na faixa 3 eu gostei do efeito do pedal junto com as dissonâncias, e acredito que ao vivo seja bem mas agradável (estou ouvindo com fones e não gosto muito de flautas no fone de ouvido). A faixa 4 tem muito a cara de Villa Lobos, me lembra suas cirandas, é uma música diferente e só se escuta isso de compositores brasileiros. A faixa 5 também tem muito de Villa, e muito pedal também, mas é muito bonita e deve impressionar muito ao vivo, eu tocaria esta peça para uma platéia sem dúvidas. A abertura da peça 6 é impressionante, mistura algo como Prokofiev com Villa Lobos, já a Toccata que completa a faixa, até segue o tema mas não gostei muito, é repetitiva e maçante. Já a faixa 7 é muito agradável, começa suave e tranquila (é linda, a meu ver) e a evolução do tema vai crescendo e finaliza muito bem. A faixa 8 sem dúvida mostra a competência do compositor melodicamente, sua composição é leve, melodiosa e perfeccionista e sem dúvida nas mãos de um intérprete de grande porte seria algo memorável (não estou pondo defeitos na interpretação do músico do CD, mas gostaria de ouvir isso do Horowitz, por exemplo). A peça nove, como o PQP falou é o carro-chefe desse CD, é uma música forte, mas concordo com o Enoque Portes quando ele cita sobre o “algo mais”, que até é presente em algumas faixas do CD, mas não aqui. A música realmete impressiona por sua dinâmica e sonoridade, mas não chega (meu ponto de vista!) a ser uma obra prima.
    A música 10 é de uma beleza extrema, quem toca piano sabe como uma peça assim bem tocada,faz bem à quem a toca.
    No geral, fiquei feliz por postarem o CD deste compositor. Apesar de algumas músicas serem antigas em idade se percebe como alguns temas são atuais e pertinentes a qualquer época e estilo.

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