Nota: esta postagem, assim como todas as demais com obras de Heitor Villa-Lobos, não contém links para arquivos de áudio, pelos motivos expostos AQUI
Atendendo a pedidos, a Sinfonia Índia de Carlos Chávez.
Mesmo que ela só tenha um movimento e cerca de doze minutos (mais curta do que, inclusive, muitas sinfonietas), é assim que seu a compositor a nomeou e concebeu, causando dor de cabeça e contrariedade aos estruturalistas mais ortodoxos (quando a escutei pela primeira vez, pensei que se tratava só do primeiro movimento). Na época em que a sinfonia (a segunda das seis de Chávez) foi escrita, 1936, o compositor já havia despontado com outro grande sucesso, também permeado de ritmos nativos: o balé Horse Power (quem tiver uma gravação decente de HP, pode me mandar).
Escrevi certa vez que as duas únicas sinfonias de que gosto de ouvir por completo quando estou de bobeira eram a nona de Dvorák e a segunda de Camargo Guarnieri, mas tenho de acrescentar a Índia de Chávez e a Sinfonia em Cinco Movimentos de Jorge Antunes. Mesmo nos momentos mais calmos, a Índia é belamente melodiosa, sem falar que os instrumentos Yaqui (da tribo homônima, que vivem perto da fronteira com o Arizona) dão um toque único à obra.
Completam o presente CD a famosa suíte de Estância, de Ginastera, o Choros n° 10 (muito bisonho nesta versão) e o concerto para violino do espanhol naturalizado mexicano Rodolfo Halffter (1900-1987) (irmão de outros dois compositores também pouco conhecidos para nós, Ernesto e Cristóbal). Apesar de Rodolfo ter sido o Koellreuter mexicano, introdutor do dodecafonismo em terras astecas, ele só passou a utilizar a técnica dos doze tons na década de 1950 – isso explica porque este concerto, de 1940, é neoclássico.
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1. Sinfonia Índia – Chávez
2-4. Concerto para violino, op. 11 – Halffter
5-8. Suíte Estância – Ginastera
9. Choros n° 10 – Villa-Lobos
Orquestra Sinfônica e coro da RTVE, de Madrid, regida por Enrique García Asensio
Violino: Ángel Jesús García
Diretor do coro: Mariano Alfonso
BAIXE AQUI
CVL
O irmão de Rodolfo Halffter chamado Ernesto é o discípulo de de Falla que terminou a Atlàntida ? O que você acha dessa obra?
Não a conheço, P H.
A faixa II deu arquivo corrompido. Não consequi abri-la.
Estranho, aconteceu a mesma coisa aqui comigo…
CVL, baixei duas vezes e, em ambas, a faixa 2 apareceu como arquivo corrompido… será algum problema no post?
Bem, vou baixar pela terceira vez aqui e ver no que dá agora.
O pior que não tenho como postar o arquivo novamente. Essa gravação não é de meu acervo de CDs, mas uma imagem de CD em arquivo único que quebrei em vários arquivos através do SoundForge, conferindo o bom funcionamento destes. Aí depois que fiz o upload deletei tudo que tava no meu pc.
Cá está:
http://sharebee.com/68a76b50
É o Halffter inteiro. (Eu odeio movimentos separados, então sempre junto as obras em arquivos únicos.)
Gratíssimo!
Sim sim, gardicido!
Salve, Ciço!
Tenho essas gravações há bastante tempo e gosto delas. O Choros no. 10 ficou curioso mesmo, mas não acho a gravação bisonha nem ruim – até que aprecio! E acho o concerto de Halffter bem legal, um irmão mexicano do concerto de Stravinsky.
Sobre a “Sinfonia índia”, gosto muito dessa obra. Quando a conheci, tive exatamente a mesma reação: “opa, cadê os demais movimentos?”. Depois saquei que era mais um quadro sinfônico do que uma sinfonia propriamente dita. É um bloco monolítico e não dá nem para considerá-la uma sinfonia em um só movimento, como a Primeira de Barber. Enfim…
Aaron Copland, em um de seus livros, menciona o tema indígena do trecho central lento da “Sinfonia índia” como exemplo de invenção melódica notável, por sua construção em intervalos pouco comuns. Realmente o efeito é belo e marcante.
(Você já ouviu o Concerto para piano no. 4 de Martinu, dito “Encantações”? O início do concerto tem uma “ambiência” sonora que lembra bastante a “Sinfonia índia”. Aliás, Martinu é uma das poucas lacunas deste blog. Estou totalmente à disposição das famílias Bach, Villa e Mahler para ajudar nesse sentido. O mesmo diugo para Vagn Holmboe, compositor também maravilhoso e ainda menos conhecido.)
Realmente, Martinu é uma das lacunas deste blog. E acho que nenhum de nós havia atinado a isso. Só não me coloco à recepção para receber obras dele porque é fora de meu domínio. É mais a praia do CDF.
Martinu é uma lacuna cultural minha. Não conheço nada.
Recomendo entusiasticamente. Sorte que a obra magnífica dele está se reabilitando aos poucos. As gravações, de início raras e tchecas, estão se “globalizando” e se tornando mais comuns. O tempo de Martinu está chegando!
Muito bem,
obrigado pelo post.
Fernando
¡Mil gracias!
Halffter fue un compositor de tradición española con muy poca influencia latinoamericana. Rompió con la música nacionalista y fue un gran maestro de la música contemporánea en México.
Povo do blog:
Arpecio muito os posts que vem fazendo e qro perguntar se algum de vcs tem as gravações dos Três epitafios para as tumbas de Dom Quixote, Dulcinéia e Sancho Panza do hallfter?
desde ja agradeço!
Ykaros
Não tenho, Ykaros, mas você pode perguntar (em espanhol) pro povo desse blog aqui: http://musicamexicanadeconcierto.blogspot.com/search/label/Rodolfo%20Halffter