Dmitri Shostakovich (1906-1975) – Integral das Sinfonias – Sinf. Nros. 3 e 5 (CD 3 de 11)

Mais um petardo vindo de Kirill Kondrashin e do segundo melhor Exército Vermelho já formado.

Sinfonia Nº 3, Op. 20, “O Primeiro de Maio” (1929)

Não gosto. É música heróica para o Partido, entremeada de algumas modernagens para irritar os burocratas. Shosta resolveria melhor este dilema logo mais adiante, mas Kondrashin é tão bom que deixa a obra quase boa…

Sinfonia Nº 5, Op. 47 (1937)

Esta é a obra mais popular de Dmitri Shostakovich. Recebeu incontáveis gravações e não é para menos. O público costuma torcer o nariz para obras mais modernas e aqui o compositor retorna no tempo para compor uma grande sinfonia ao estilo do século XIX. Sim, é em ré menor e possui quatro movimentos, tendo bem no meio, um scherzo composto por um Haydn mais parrudo. Mesmo para os menos aficcionados, é uma obra apetitosa, por transformar a dura linguagem do compositor em algo mais sonhador do que o habitual. Foi a primeira sinfonia de Shostakovich que ouvi. Meu pai a trouxe dizendo que era uma sinfonia muito melhor que as de Prokofiev, exceção feita à Nº 1, Clássica, que ele amava. Alguns consideram esta obra uma grande paródia; eu a vejo como uma homenagem ao glorioso passado sinfônico do século anterior. A abertura e a coda do último movimento (Allegro non troppo) costuma aparecer, com boa freqüência, em programas de rádio que se querem sérios e influentes…

A propósito, do último movimento, ele serviu para uma cena “estranha” do cineasta Alexander Sokurov que, ao desejar mostrar, no seu documentário sobre Shostakovich “Sonata para Viola”, a sempre questionável superioridade e a liberdade do Ocidente, comparou longamente a coda da quinta na versão de Lenny Bernstein (maravilhosa) e de Mravinsky (horrorosa). Sokurov é um brilhante diretor, mas entende patavinas de música… Não apenas a versão de Mravinsky é mil vezes superior, como ele obedecia ao desejo de Shostakovich quanto ao andamento. Quem entende alguma coisa de música fica boiando ou manda o diretor às favas. Sokurov, já que tem ouvidos varicosos, deveria consultar qualquer ouvinte – mesmo médio – para não cometer tais escandalosos equívocos…

CD 3

SYMPHONY No.3

1. in E Flat Major, Op.20, “The First of May”

SYMPHONY No.5 in D Minor, Op.47

2. Moderato. Allegro non troppo. Moderato
3. Allegretto
4. Largo
5. Allegro non troppo. Allegro

Recorded: March 27, 1968
Choirs of the Russian Republic, Alexander Yourlov, Conductor (1)
Moscow Philharmonic Orchestra (1 & 2)
Kirill Kondrashin, Conductor
Total time 68:16


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7 comments / Add your comment below

  1. O PQP é aquele personagem do ADEUS LENIN…rsrsr…não esquece o Partidão;na ”quinta” Shosta realmente deu uma acalmada no titio Stalin e no partido que andava meio desconfiado dele com sua ”música moderna de espírito burguês”e pouco compreendida pelso camaradas , era 1937 e o camarada Trotsky , o último dos moicanos,vivia seus últimos anos na companhia da ”Kitsch” mulher de Diego Rivera ( seu ”amigo”, parceiro, melhor seria dizer ..eheheh…meio assim como Brahms e Schumann se me entendem ) aquela do bigode, mais conhecida como Frida Khalo, metida a pintora; até que de repente a machadinha ”comeu solta na sua cabeça” [ de Trotsky ] …..coisa à toa, o Titio Stalin já havia exterminado milhões, faltava o último e mais perigoso.

  2. Shosta olhou de lado e pensou, só sobramos eu e a teimosa da Anna Akhamatova, que perdeu o marido e filho, e mesmo assim não arredava pé, deu uma namoradinha com Isaiah Berlin, quando este visitou a Rússia mas não ia embora…ahahah…Maiakovsky se suicidara decepcionado com o rumo da revolução,Marina Tsvetaeva estava de partida, para o além, assim como diversos outros artistas; os mais espertos para o ocidente, os teimosos para perto de Deus, mandados pelo mais cruel assassino da história ao lado de Hitler, Pol Pot , MAO , Leopold da Bélgica e Robespierre, aquele da Igualdade, Fraternidade e Liberdade, que colocou milhões de cabeça na guilhotina , claro em nome daqueles lemas.
    Realmente, a liberdade do ocidente não é diferente da antiga Rússia….eheheh…

  3. Mas justamente por tudo isso, Shosta é brilhante ! Conseguiu fazer ” arte degenerada”, como assim chamavam os camaradas a arte moderna, debaixo das barbas do JOSEPH . Vai ter coragem assim lá na PQP…eheheh

  4. Há alguns anos atrás assisti “O Encouraçado Potemkim”. Quando escutei o primeiro movimento da No 5, me lembrei na hora do filme. Faz tanto tempo que assisti, mas me lembro que ela foi usada na introdução do filme, acho que na cena em que o tripulante obriga todo mundo a comer carne com vermes. O filme tá recheado de músicas do Shostakovich, e me surpreendi pela qualidade da edição. Fizeram-no um autentico autor de trilha para filmes. Como se Eisenstein tivesse lhe feito um pedido. E combina, é um filme duro como as músicas desse camarada.

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